SELO BLOG FM (4)

RN registra 83 animais marinhos encontrados encalhados em praias desde o final do ano, diz Cetáceos

FOTO: DIVULGAÇÃO/UERN

Desde o dia 24 de dezembro passado até esta terça-feira 30, o Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern), recebeu 83 notificações de animais marinhos encalhados em praias potiguares – número considerado atípico pelos pesquisadores, que atribuem o fato à interação humana neste período.

Os casos foram registrados no litoral Oriental do Estado, que abrange uma faixa costeira que vai de Baía Formosa a Caiçara do Norte. Entre o número de animais atendidos, vale destacar o registro de 16 tartarugas marinhas e 8 golfinhos, totalizando 24 animais em apenas 15 dias.

Raquel Marinho é bióloga do Centro de Estudos e Monitoramento Ambiental (Cemam) e faz parte do Projeto Cetáceos. Ao AGORA RN, ela explicou que é natural esperar um aumento de encalhes durante o verão, principalmente de tartarugas e golfinhos, tendo em vista que eles são animais migratórios.

“Eles vêm aqui para o hemisfério sul para se alimentar e reproduzir. A gente já acompanha esses encalhes desde 2009. E é realmente uma tendência, nessa época do ano, ter um número maior de encalhes. Porém, agora, em 2024, a gente percebeu que esse número chamou mais atenção do que nos anos anteriores”, apontou.

Para a bióloga, os encalhes estão diretamente relacionados à interação entre o ambiente marinho e a ação humana. “Temos observado que esses encalhes têm acontecido muito por interação antrópica, ou seja, interação de humanos. E existem dois fatores principais, a interação com a pesca e a ingestão de resíduos sólidos”, explicou.

De acordo com Raquel Marinho, os animais podem interagir com as redes de pesca. “Quando eles ficam presos nessa rede de pesca, eles não conseguem subir para respirar na superfície, então eles acabam morrendo afogados”. Além disso, há ainda a problemática da ingestão de lixo e da poluição. “Esses animais acabam ingerindo esses resíduos sólidos, plástico, ráfia, corda, vão ficando caquéticos e morrem desnutridos mesmo”.

A bióloga explica que, quando a equipe do projeto recebe chamado da população, vai até o campo e, quando os animais se encalham vivos, são levados para a reabilitação, onde haverá atendimento médico veterinário necessário. Caso o animal evolua, estando apto para a soltura, ele volta à natureza.

“Porém, na maioria das vezes, esses animais já encalham mortos, ou morrem assim que chegam na reabilitação, e nesse caminho o objetivo da equipe é tentar identificar a causa da morte do animal. Então, é feita a necrópsia, são coletadas amostras para tentar identificar o porquê do animal morrer, ou se faz uma análise de carcaça em campo, e a carcaça serve também para a gente tentar identificar a causa da morte”, frisou.

Segundo Raquel Marinho, ações simples que a população pode tomar, como recolher o próprio lixo e zelar pela limpeza da praia, têm forte impacto sobre o número de animais atingidos pelos resíduos que chegam ao mar. “Recolher o próprio lixo é essencial, além de notificar acerca dos encalhes”.

Como agir. A bióloga Raquel Marinho recomenda ainda que, caso banhistas encontrem animais vivos na praia, é necessário fazer sombra para os animais, utilizando itens como guarda-sóis, cangas ou lonas, isso até a chegada da equipe responsável.

Contato. Em caso de encalhes, o Centro de Estudos e Monitoramento Ambiental (Cemam) e o Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB-Uern) podem ser contactados através dos telefones para Natal e região: (84) 99943-0058 e para Areia Branca e região: (84) 98843-4621.

Projeto Cetáceos. O trabalho de monitoramento dos animais marinhos do litoral Oriental do Estado, de Caiçara do Norte até Baía Formosa, é desenvolvido pelo Centro de Estudos e Monitoramento Ambiental (Cemam), que atua em parceria com o Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Uern. Este atua diariamente no litoral setentrional do Estado, que é de Caiçara do Norte até Tibau.

O projeto atua principalmente no monitoramento de praias, resgate, reabilitação e soltura de animais marinhos. Também executa palestras, oficinas e materiais informativos voltadas à comunidade.

Agora RN

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram

Comente aqui