A avenida Engenheiro Roberto Freire, uma das principais rodovias comerciais e turísticas da zona Sul de Natal, terá de esperar mais tempo para receber intervenções prometidas há anos pelo Poder Público. Isso porque o Estado não possui mais os recursos para executar a obra, uma vez que os contratos com a Caixa Econômica Federal, referentes ao pacote de obras da Copa do Mundo de 2014, foram encerrados pelo Governo Federal, que aponta não ter recebido os projetos nem garantias para execução da obra. O RN tinha R$ 78 milhões à disposição para as obras.
O Governo do Estado alega que as propostas para as intervenções nunca foram aprovadas pela sociedade nem pelos órgãos de controle. Os recursos eram cerca de R$ 45 milhões, no âmbito do PAC Copa (para o apoio com recursos do FGTS) e outros R$ 33 milhões relativos a uma linha de financiamento com a Caixa. Ambos os contratos foram encerrados. A estimativa do Departamento de Estradas e Rodagens do RN (DER/RN) é que 70 mil carros circulem por dia na avenida.
As conversas para adequações na Roberto Freire acontecem há pelo menos sete anos e nunca saíram efetivamente do papel. De acordo com o secretário de Infraestrutura do Estado, Gustavo Coelho, os contratos estavam em vigência desde as gestões passadas, mas as proposições feitas a partir dos projetos contratados geraram uma série de protestos e reprovações por representantes do comércio, entidades de moradores de Ponta Negra e setores da hotelaria.
“Os projetos que foram elaborados foram reprovados pela sociedade, que não aceitou. Quando a governadora assumiu, existia uma discussão de um projeto que tinha intervenções de várias complexidades, como trincheiras, viadutos. Era bem complexo. A avaliação era que a Roberto Freire deixaria de ser o que ela é, na verdade, uma via comercial também, a exemplo do que aconteceu em outras vias. Esse medo fez com que a sociedade se mobilizasse, tivemos questionamentos, e ao mesmo tempo os recursos iam sendo segurados há um bom tempo, sob ameaça de que não teríamos mais condições de utilizá-los”, explica o secretário à TRIBUNA DO NORTE.
Em um dos projetos que chegaram a ser analisados, de acordo com uma reportagem de 2014 da TN, a Roberto Freire teria 12 pistas, sendo seis em cada sentido, ao invés de seis. Haveria a construção de um viaduto com seis vias na altura da Rua Walter Fernandes, um túnel em frente à UnP nos cruzamentos da avenida Abraham Tahim e outro túnel no início das imediações da rótula da Via Costeira e final na altura da Only Pizza. Cinco passarelas seriam erguidas ao longo da rodovia, que teria ainda uma ciclovia às margens do Parque das Dunas.
De acordo com Coelho, a governadora Fátima Bezerra (PT) chegou a ter tratativas pessoalmente em Brasília com o então ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, que conseguiu assegurar e prorrogar os prazos para utilização dos recursos. A falta dos projetos, no entanto, acabou inviabilizando o andamento da negociação e os contratos foram encerrados em julho do ano passado.
“Quando tomamos conhecimento, a governadora foi até Brasília e o recurso já estava perdido, quer dizer, não tinham mais condições de manter o contrato. O ministério considerou que o recurso poderia ser aplicado em outra obra. A expectativa que temos é que vamos resgatar o recurso no momento em que tivermos a finalização dos projetos e orçamentos, deveremos voltar a solicitar esse dinheiro. Foi o entendimento que fizemos com o MDR naquela ocasião, porque o recurso já era muito antigo, não tínhamos projetos porque a sociedade reprovou, não aceitava. Foi uma reação muito forte”, cita.
A avenida Engenheiro Roberto Freire é uma das principais vias comerciais e turísticas de Natal. Com cerca de 4,68km, a rodovia, que se inicia no bairro de Capim Macio e vai até Ponta Negra, possui shoppings, hipermercados e universidades. Duplicada na década de 70, a Roberto Freire também é uma das vias mais acessadas para se chegar à praia de Ponta Negra, cartão postal do RN. Além disso, boa parte da via é cercada pela Mata Atlântica do Parque das Dunas, uma das Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) de Natal.
Com informações da Tribuna do Norte