Um em cada quatro potiguares já perdeu dinheiro em golpes digitais. O Rio Grande do Norte desponta como o Estado nordestino com a maior incidência de vítimas de golpes, conforme dados da pesquisa DataSenado/Nexus. O estudo revela que 25% dos potiguares afirmaram ter perdido dinheiro em crimes cibernéticos nos últimos 12 meses, como clonagem de cartão, fraudes pela internet ou invasão de contas bancárias. O estado está acima da média nacional, que é de 24%, e ocupa a quinta posição no ranking nacional dos estados com maior recorrência desse tipo de crime.
O professor Ramon Fontes, especialista em segurança da informação e forense computacional do Instituto Metrópole Digital (IMD) da UFRN, destaca que o número elevado de vítimas reflete a falta de conhecimento sobre medidas básicas de segurança. “A maioria da população não tem conhecimento sobre os procedimentos corretos para se proteger. Muitos desses golpes ocorrem por meio de mídias sociais, como WhatsApp, Telegram, Instagram e Facebook. Infelizmente, as pessoas ainda caem nesses golpes, mesmo sendo alertadas”, afirma o professor.
Entre os golpes mais comuns, Fontes menciona a tática em que criminosos se passam por familiares através do WhatsApp para solicitar dinheiro. “O golpista, a pessoa que está tentando aplicar o golpe, faz com que a vítima acredite que aquilo que está sendo dito é real, e isso acontece muitas vezes. Mesmo com as pessoas sendo avisadas por telejornais e mídias, muitos ainda caem nessas armadilhas”, lamenta.
A pesquisa DataSenado/Nexus aponta que, além do RN, os estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso e São Paulo lideram o ranking de golpes digitais. No Nordeste, o RN se destaca acima da Bahia (23%), Paraíba e Pernambuco (22%), todos abaixo da média nacional. Fontes alerta que o avanço das tecnologias está tornando os golpes ainda mais sofisticados. “Existem tecnologias que permitem alterar a voz de forma convincente. O golpista pode ligar e simular a voz de um familiar. Hoje, nem sempre o que você escuta ou vê é o que parece”, relata Fontes.
No caso de golpes digitais, o professor aponta que a autenticação de dois fatores é uma das principais medidas de proteção que as pessoas devem adotar para evitar problemas. “Esse método de segurança adicional pode impedir que outras pessoas acessem suas contas, mesmo que obtenham a senha. É algo simples de ativar, mas que faz muita diferença. No WhatsApp, por exemplo, você pode criar uma senha que será solicitada se alguém tentar ativar seu número em outro aparelho”, explica Fontes.
O especialista também aconselha que, ao perceber uma situação suspeita, a primeira reação deve ser a desconfiança e a busca por confirmação. “Se alguém pedir dinheiro, não transfira de imediato. Tente ligar para a pessoa, verifique com amigos ou familiares se o pedido é verdadeiro. A desconfiança é sua maior aliada nesse tipo de situação”, recomenda.
Para as vítimas de golpes, o professor recomenda que procurem imediatamente as autoridades competentes.
Tribuna do Norte