O Rio Grande do Norte é o terceiro estado do Brasil com maior índice de mulheres que afirmam já ter solicitado medidas protetivas para garantir a própria segurança. Segundo levantamento realizado pelo DataSenado, apresentado pelo Comparativo Nacional de Violência contra a Mulher, 38% das potiguares pediram, em algum momento, medidas para assegurar proteção contra agressores.
As mulheres potiguares também estão entre as que mais sofreram violência doméstica ou familiar. Este tipo de violação é comum a 29% das mulheres do estado, o que coloca o RN no segundo lugar do Nordeste neste indicador. Além disso, a violência psicológica é relatada por 89% das denunciantes.
Os casos de violência, quando vêm de dentro do próprio lar, muitas vezes acontecem em ações que coíbem a liberdade, autonomia e diminuem as possibilidades de denúncia. Por isso, a conscientização e a coletividade são peças-chave no enfrentamento à violência contra a mulher.
Foi esta a noção que movimentou, em todo o Brasil, a campanha Agosto Lilás. Com o tema “Feminicídio Zero – Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada”, diversos órgãos e instituições, profissionais e agentes da sociedade mobilizaram atividades educacionais e a disseminação de informações sobre os direitos desse público.
O Instituto Santos Dumont (ISD), Organização Social de Macaíba referência no acolhimento a mulheres em situação de violência, figura como uma das instituições participantes desta campanha. A preceptora assistente social do ISD, Alexandra Lima, analisa os dados de violência, enxergando desafios que ainda precisam ser superados.
“Em que pese a legislação ter evoluído nos últimos anos, ainda temos um caminho a ser percorrido para que mulheres compreendam que podem contar com serviços em várias áreas e passem a se sentir seguras para romper com o ciclo da violência doméstica e familiar”, considera a profissional.
A assistente social do ISD destaca a abertura de novas delegacias especializadas, com a possibilidade de acesso por meio virtual, o aperfeiçoamento dos canais de denúncia de solicitações de medidas protetivas e de obtenção de informações úteis (como o Ligue 180) como passos importantes para uma melhora do cenário de integridade e proteção à mulher.
Um exemplo de como fortalecer e garantir o cuidado às mulheres em situação de violência são as estratégias de campanhas de enfrentamento e conscientização, por mobilizarem diversos profissionais na capacitação do cuidado. “A ideia é não desistir de permanecer na busca pela melhoria da rede que atende e acompanha mulheres em contexto de violência”, ressalta Alexandra.
No contexto da conscientização e acolhimento, é importante reforçar que este é um cuidado que não compete apenas ao ambiente clínico e ambulatorial: o enfrentamento às situações de violência contra a mulher é um dever de todas as pessoas.
“A mulher que está inserida num contexto de violência também faz parte de uma família e de uma comunidade, as quais devem estar imbuídas do sentimento de empatia para que seja possível dar o suporte e o apoio que esta mulher precisa. A sociedade deve ser participativa no cuidado dos seus, numa perspectiva de garantia da vida e do pleno exercício da sua condição de cidadã”, pontua Alexandra.
Saiba como buscar ajuda
O Ligue 180 é um serviço gratuito e funciona diariamente, durante 24h, incluindo sábados, domingos e feriados. O canal recebe denúncias de violações contra as mulheres, encaminha relatos aos órgãos competentes e monitora o andamento dos processos.
Para informações, acolhimento e atendimento, busque o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) ou o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) e as Delegacias Especializadas em Atendimento à Mulher (DEAM) do seu município ou região metropolitana.
Em casos de emergências e urgências, ligue 190.