É destaque no site da Tribuna do Norte, matéria assinada pela repórter Aurea Mazda: entre confirmações de desvios milionários na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, e detalhamento sobre como a organização criminosa formada por servidores e ex-presidentes da Casa atuava, Rita das Merces Reinaldo prestou depoimento na manhã desta segunda-feira (10), na justiça estadual. De acordo com Rita, que é ex-procuradora da ALRN, os desvios começaram a pedido do atual governador e ex-deputado estadual, Robinson Faria, em 2006, e teriam perdurado nas gestões seguintes. Todos os meses, segundo Rita das Merces, o presidente pedia no minimo R$ 100 mil, fora da estrutura legal de captação de recursos do legislativo.
Rita das Mercês é a principal denunciada na operação Dama de Espadas, deflagrada em 2015 pelo Ministério Publico Estadual e que apontou desvios na ordem de R$ 5,5 milhões entre 2006 e 2015. A ex-procuradora confirmou ao juiz titular da 6ª Vara Criminal, Ivanaldo Bezerra, que todos os elementos e provas contidas na delação premiada que ela firmou com o Ministério Público Federal (MPF), em 2017, eram verdadeiros. Rita delatou deputados estaduais, federais, desembargadores, senadores e outras figuras políticas.
No depoimento da manhã desta segunda-feira, Rita contou que em 2006, o então presidente da ALRN, Robinson Faria, procurou Rodrigo Marinho, lotado na secretaria administrativa da Assembleia, uma estratégia para conseguir mais dinheiro para a presidência. “O presidente queria que implementasse pessoas na folha, se existia cargo ou não, não importava”, explicou Rita, contando que eram negociados valores a serem desviados, independente da existência de cargos disponíveis. “Não existia teto”, respondeu Rita sobre a possibilidade de existir um limite para os valores.
Na procuradoria, Rita contou que chegavam os valores acertados entre o presidente da ALRN, e os deputados beneficiados do esquema. Para isso existiam duas folhas, chamadas de “folha 2”e “folha 3”, onde as pessoas, preponderantemente, de acordo com Rita das Merces, eram incluídas apenas com a finalidade de captar valores, sem dar expediente no local.
Em seu depoimento, Rita contou que o deputado estadual Ricardo Motta, seria um dos beneficiados, e que tentou “comprar o silencio” de Gutson Reinaldo, filho de Rita das Merces e denunciado por desvios milionários no Idema, em 2015. Ela afirmou que a proposta teria sido de R$ 50 mil para o ex-diretor do órgão ficar em silencio sobre o que sabia. Gutson Reinaldo firmou acordo de colaboração premiada com o MPF. Ele será ouvido na tarde desta segunda-feira pela justiça estadual.
De acordo com Rita das Mercês, o advogado Paulo de Tarso, tinha envolvimento no esquema de inclusão de funcionários fantasmas na folha de pagamento da ALRN. “Ele tinha profundo conhecimento do que acontecia, e era beneficiário”, disse Rita, que comentou que Paulo de Tarso foi chamado para uma reunião quando as oitivas da Operação Dama de Espadas, quando pessoas começaram a serem chamadas no Ministério Público. “Havia uma pressão, pessoas procuravam o presidente, o vice-governador na época, chamamos Paulo de Tarso”, disse Rita, contando que foi feita uma reunião a época com a participação do advogado, da servidora Magaly Cristina, Marlúcia Maciel Ramos de Oliveira, coordenadora do Núcleo de Administração e Pagamento de Pessoal (NAPP), José de Pádua Martins de Oliveira, funcionário público, Oswaldo Ananias Pereira Júnior, gerente-geral da agência do Banco Santander. O deputado estadual Ricardo Motta, também teria passado um breve momento, segundo Rita.
Com informações da Tribuna do Norte