Nem faz um ano que a Rede Jovem Pan foi ameaçada de censura, num ato eivado de autoritarismo contra uma empresa de comunicação que há mais de 80 anos pautou sua honrosa e respeitável história em defesa da democracia, das liberdades de expressão, pensamento e imprensa. Eis que agora, a coisa se repete com a equivocada e indevida ação pública de um integrante do Ministério Público Federal de São Paulo, pedindo a cassação do direito de transmissão da rede, onde se inclui a Jovem Pan News Natal, que é parte do Sistema Tribuna de Comunicação.
De novo, é preciso repetir parte da resposta dada em editorial na primeira tentativa de calar um veículo que, mais do que muitos, estabeleceu em sua programação uma série de programas que refletem as mais diversas ideias políticas e sociais da sociedade brasileira. A Tribuna repete aqui o espanto da Jovem Pan em 2022 e sua preocupação que segue sendo motivo de grande indignação, posto que justamente aqueles que deveriam ser um dos pilares mais sólidos da defesa do Estado de Direito estão hoje operando pelo avesso.
A Tribuna do Norte se soma às reações que ocorrem desde ontem, logo assim que a tentativa de censura deixou de ser espasmos autoritários de políticos superados, ou surtos de aprendizes de Torquemada, para ser uma sombra aterradora da realidade perigosa que está criando corpo no ativismo partidário que permeia os setores jurídicos do serviço público. Alguns servidores, como este do MPF paulista, estão, sim, relativizando conceitos de liberdade de imprensa e promovendo o cerceamento de conteúdos jornalísticos, de ideias, análises e opiniões.
É preciso não fechar os olhos e manter a mente alerta para o momento político que vive o Brasil, envolto numa rotina de ensaios de censura que até sugerem uma escalada autoritária que a sociedade há muito já deixou para trás, num velho vagão do trem da história ou no lixo que soubemos todos enterrar. Todavia, alguns espasmos de sanha inquisitorial ainda sobrevivem como ocorreu nas últimas eleições, quando foram retirados de circulação perfis de jornalistas e políticos alinhados com apenas um lado da luta das urnas.
Também é preciso lembrar e destacar que a Jovem Pan estabeleceu num tempo recorde uma grande audiência que a fez sair do histórico de emissora paulista para se tornar uma respeitada marca de alcance nacional. E para atingir isso, não precisou de mágica e malabarismo, apenas praticou verdadeiramente a pluralidade de opinião, recheando sua grade com profissionais de matizes políticos e ideológicos distintos, cada um com seu talento e sua credibilidade.
Com 73 anos completados em março, a Tribuna do Norte conhece bem as intenções dos censores, percebe os gestos dos detratores e sabe ouvir os passos silenciosos dos semeadores das sementes do silêncio nos jardins da imprensa. Quem quer calar a Jovem Pan no presente, tem o DNA dos que amordaçaram os jornais no passado, porque por mais antagônicas sejam as conjunturas, semelhantes são as ferramentas do autoritarismo.
Querem calar jornalistas, radialistas, articulistas, editorialistas, analistas e repórteres pelo suposto crime de discordar de um establishment ideológico e intimidador que parece tentado a ir aos piores cenários para proibir o debate de ideias no Brasil. Para a Jovem Pan continuar falando, a Tribuna do Norte não ficará calada.