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Raniere chama de antiética e truculenta destituição de liderança pelo prefeito

 O ROMPIMENTO DO PEDETISTA COM O PREFEITO  SE DÁ APÓS CARLOS EDUARDO TER ELEGIDO JÚLIO PROTÁSIO (PDT) COMO SEU NOVO LÍDER NA CÂMARA NO ÚLTIMO SÁBADO (19)

O ROMPIMENTO DO PEDETISTA COM O PREFEITO SE DEU APÓS CARLOS EDUARDO TER ELEGIDO JÚLIO PROTÁSIO (PDT) COMO SEU NOVO LÍDER NA CÂMARA NO ÚLTIMO SÁBADO (19)

Vereador mais votado nas últimas eleições em Natal, Raniere Barbosa (PDT) está a um passo de abandonar o grupo que defende há 12 anos. Ontem (22), em pronunciamento inflamado na Câmara Municipal, o parlamentar criticou duramente o prefeito Carlos Eduardo, chamou de antiética e truculenta a forma como foi destituído da liderança do governo e sinalizou que deixará o partido, assumindo um posicionamento de independência em relação à gestão de Carlos Eduardo, que até então defendia.

Raniere contou que o prefeito reuniu os vereadores da base aliada na semana passada e ordenou que deixassem de votar nele para a presidência da Câmara para apoiar o ex-diretor do Procon Municipal, Kleber Fernandes (PDT), principal nome que o prefeito defendeu na campanha eleitoral para o Legislativo. Como não teria obtido êxito na investida com os vereadores aliados e Raniere não desistiu da disputa, o prefeito resolveu destituí-lo da liderança da bancada e anunciou o vereador Júlio Protásio (PDT), seu ex-líder, para assumir o posto.
“O que motivou o prefeito (a agir dessa forma) foi não aceitar que estou buscando a presidência da Câmara, já que ele queria outro candidato e a maioria dos vereadores tem me apoiado e dado essa demonstração. Isso gerou desconforto. Soube que ele estava insatisfeito por eu ter me lançado sem comunicá-lo”, disse.
O prefeito Carlos Eduardo é o presidente estadual do PDT e foi duramente criticado pelo ex-líder, que destacou ter sempre estado à disposição para ajudar o grupo.
Raniere foi eleito em 2008 para a Câmara, mas naquele ano Carlos Eduardo defendeu como principal nome do grupo a então secretária de Saúde  Aparecida França. Já em 2012, o prefeito se elegeu defendendo o nome de Sávio Hackradt, outro auxiliar próximo. Raniere também se elegeu para a Câmara, mas licenciou-se do cargo para assumir a Secretaria de Serviços Urbanos (Semsur).
Por dois anos permaneceu na Semsur e só deixou a pasta porque Carlos Eduardo ficou sem líder na Câmara, já que Júlio Protásio, que volta a ser o líder, entregou a função. Desde então Raniere liderava a bancada e articulava em nome da gestão do prefeito os debates da casa. Neste ano foi novamente reeleito e, dessa vez, o mais votado da cidade, mas o nome que o prefeito defendeu foi o de Kleber Fernandes. “Nunca reclamei disso, fazia meu trabalho e conquistava meus espaços”, ressalta.
Para ele, seu grupo se incomodou com a ascensão política que tem conquistado, até porque o parlamentar alimenta intenções de ir além e até disputar a prefeitura em 2020, se o ambiente político estiver favorável. Mas este desejo, de acordo com sua versão dos fatos, estaria fora dos planos do grupo. “No momento em que eu lanço meu nome e a maioria dos vereadores defende meu nome pelo meu perfil e experiência para assumir a presidência do Legislativo, isso incomoda a alguns. Fui o vereador mais votado porque a população confia no meu trabalho e cheguei aonde cheguei mostrando trabalho”, reafirma.
O ex-líder de Carlos Eduardo denunciou que a iniciativa do prefeito em tentar interferir no processo sucessório da presidência da Câmara é perigoso para a autonomia do Legislativo. “Entre o vereador dar apoio ao prefeito e votar no presidente há diferença. Me surpreende a forma às escuras e ocultas que o Poder Executivo está tentando trabalhar aqui na Câmara. Isso é prejudicial para o trabalho dos vereadores, que devem ter autonomia nas suas decisões”.
Até ontem, apenas Raniere Barbosa e Franklin Capistrano (PSB) anunciaram interesse em disputar a presidência da casa. Raniere diz que já conta com o apoio de 19 parlamentares, inclusive novos vereadores e nomes da oposição. Um deles é o da ainda vice-prefeita, Wilma de Faria (PT do B), que já declarou publicamente votar nele para a presidência.
Independência sem a presidência 
A relação de Raniere Barbosa com o prefeito azedou, mas não ao ponto do vereador decidir fazer oposição à gestão municipal. Apesar de insatisfeito, Barbosa declarou que não compõe mais a base aliada, nem mudará para a oposição, contudo, assumirá uma postura independente.
“Sinto-me até emocionado por ter dedicado 12 anos da minha vida a um grupo que sempre me preteriu. A um partido que deixou de me apoiar há muito tempo, mas agora a máscara caiu e eu não uso máscaras. De qualquer forma, não preciso agora me tornar oposição, mas também não serei da situação. Farei um mandato independente em consonância com a vontade da população”, declarou.
Ele disse que foi surpreendido com a decisão do prefeito em mudar o líder. “Defendi interesses do povo e defendi interesses do governo, mas dentro dos meus princípios. Fiquei surpreso com a forma truculenta e antiética com que me foi tirada a liderança. Mas cada um dá o que tem”, criticou, alegando que pensa em mudar de legenda, visto que a permanência no grupo se tornou difícil. “Minha situação fica totalmente desconfortável, no momento em que o partido me destitui do cargo de líder e, por trás, articula para que não votem em mim, mas ainda vou pensar sobre a mudança de partido”, revelou.
O novo líder do prefeito, vereador Júlio Protásio, disse que acredita que sua nomeação para a liderança do prefeito na casa seja apenas pontual. “Apenas para que não houvesse interferências no processo de eleição para a presidência e o debate dos projetos. Creio que o que ocorreu foi uma falta de diálogo sobre isso, mas pretendo trabalhar para recuperar esse diálogo”, declarou.
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