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R$ 300 mil: em operação realizada em julho, MP acha canhotos de cheques nominais destinados a Agaciel Maia, irmão do deputado federal João Maia

A PCDF CUMPRIU MANDADO PARA APURAR DENÚNCIAS DE FRAUDES EM LISTAS DE PONTO DOS DEPUTADOS, MAS ENCONTROU EVIDÊNCIAS DE OUTRAS IRREGULARIDADES. FOTO: RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES

Investigadores da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) miraram o que viram, mas acertaram o que não viram. O irmão do deputado federal João Maia, Agaciel Maia, que é deputado distrital, envolveu-se em novo escândalo. Ao cumprirem mandados de busca e apreensão na Câmara Legislativa (CLDF) no dia 4 de julho, os agentes procuravam evidências sobre fraudes em listas de ponto dos deputados, na investigação que tem como alvo principal o segundo-secretário da Casa, Robério Negreiros (PSD).

Há suspeitas de que Robério tenha adulterado mais de 50 documentos de registro de presença e as falsificações, de acordo com o MP, teriam contado com a ajuda do diretor-legislativo, Arlécio Alexandre Gazal. Por isso, os investigadores fizeram diligências nos gabinetes dos dois, entre outras salas.

Em uma das gavetas da mesa de Gazal, na Diretoria Legislativa, localizada no quinto andar da CLDF, foram encontrados canhotos de cheques nominais a Agaciel. Somados, os valores chegam a R$ 300 mil. No local, também foi apreendido um contrato de compra e venda de uma casa no litoral do Rio Grande do Norte, que seria de propriedade de Agaciel. De acordo com o documento, o imóvel foi repassado a Gazal em uma suposta transação envolvendo o pagamento de R$ 500 mil.

Com os documentos em mãos, integrantes da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado, aos Crimes Contra a Administração Pública e aos Crimes Contra a Ordem Tributária (Cecor) abriram investigação para apurar a origem do dinheiro e as supostas transações entre Gazal e Agaciel. Os policiais trabalham com a hipótese de um esquema para financiar a compra de cargos públicos na CLDF. O diretor-legislativo foi levado à delegacia para prestar depoimento sobre o material apreendido.

Em entrevista ao Metrópoles, Gazal disse que o valor era fruto de um empréstimo ao deputado. De acordo com Gazal, o irmão de João Maia teria precisado do montante para pagar advogados. “Quando o Agaciel se elegeu deputado, eu já estava aqui. Os canhotos referem-se a várias situações em que ele precisou de dinheiro. Esses canhotos de cheque estão no nome do Agaciel. Isso é para ele pagar situações dele, porque o que ele paga de advogado é uma festa. Ele pega e contrata advogado, pois cada parecer dele custa R$ 50 mil. Ele tem processos um em cima do outro, e vive me pedindo dinheiro”, disse.

SÃO SÓ NEGÓCIOS

Questionado pela reportagem sobre o que ganha emprestando dinheiro ao deputado e como havia sido a transação envolvendo o imóvel, Gazal afirmou que mantém negócios com Agaciel Maia. “O que ganho com isso? De vez em quando, eu preciso dele, mas não é para arrumar cargo. Nunca arrumei cargo para ninguém. Agaciel tem uma casa no Rio Grande do Norte, na beira da praia, mas ela é minha. Eu paguei, não transferi para o meu nome, mas tem um contrato de compra e venda. Ali, entram aqueles R$ 500 mil. Ele desfruta, mas a casa é minha”, afirmou.

O diretor-legislativo sublinhou que dinheiro nunca foi um problema. “Eu tenho mais de R$ 10 milhões na conta, e isso é demais para quem trabalha desde menino e sempre em cargos de chefia no serviço público? Eu acho que não. Basta olhar a minha posição aqui na Câmara. Praticamente, fabriquei isso aqui. Eu criei a Câmara. Podem saber do meu passado, principalmente com os servidores efetivos. Não existe nada contra mim questionando minha honestidade e capacidade de trabalho. Podem perguntar para os deputados de 1991 e o para os atuais. Todos terão a mesma reação quando tocam no meu nome.”

Agaciel Maia e seus milhões

Com um patrimônio crescente a cada ano, o deputado distrital Agaciel Maia (PL) é, atualmente, o segundo parlamentar mais rico da Câmara Legislativa (CLDF) – só fica atrás do colega José Gomes (PSB).

Formado em economia e servidor aposentado do Senado Federal, Agaciel Maia declarou, em 2016, R$ 7.604.054,72 de bens móveis, imóveis e investimentos. Em 2017, a importância saltou para R$ 8.247.334,51. A variação, de R$ 643 mil, foi a maior em valores brutos dos colegas de parlamento da última legislatura. O deputado tem, segundo sua declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF), nove imóveis, entre fazendas, sítios e casas. As propriedades estão espalhadas pelas seguintes unidades da Federação: Rio Grande do Norte, Paraíba e Distrito Federal.

Já no ano passado, a declaração mais recente, o político não amargou prejuízos nas contas. Pelo contrário: garantiu à Receita Federal ter um patrimônio de R$ 8.250.158,09, cerca de R$ 3 mil a mais do que o lançado anteriormente.

Em julho, quando o escândalo veio à tona, a reportagem da Metrópoles tentou contato com Agaciel Maia, e foi informada de que ele estaria no RN para acompanhar a mãe, que passa por problemas de saúde. Por meio da assessoria de imprensa, o comunicado não comentou a negociação sobre a casa litorânea. Contudo, sustentou que o deputado trabalha há 42 anos, é economista e sabe administrar o que recebeu ao longo da vida. “O deputado não utiliza a verba indenizatória. Já economizou mais de R$ 1,2 milhão aos cofres públicos por abrir mão desse recurso. A verba indenizatória poderia ser usada para pagar advogados, por exemplo.”

Com informações: Metrópoles

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