
Com um aroma que mistura o café do brejo paraibano aos queijos da Serra da Mantiqueira, a 63ª Festa do Boi, em Parnamirim, abre espaço para exposições que funcionam como uma vitrine de produtos artesanais do Rio Grande do Norte e de outros estados.
No estande do Sebrae/RN (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a 7ª Exposição de Queijos Artesanais do Brasil e a 3ª Exposição de Cafés Especiais do Nordeste seguem até sábado 18, reunindo produtores e atraindo o público com degustações e histórias sobre a origem de cada produto.
A mostra de queijos, que nesta terça-feira 14 contou com fazendas da Paraíba, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, visa apresentar a diversidade e resgatar a forma tradicional de produção. Já a exposição de cafés reúne produtores nordestinos, como os do projeto de resgate da cafeicultura no brejo paraibano, que viu o número de produtores na região saltar de zero, em 2016, para mais de 30, com 52 variedades em estudo atual mente
Elton Alves, gestor da Agência Sebrae na Festa do Boi, explica que o objetivo de trazer expositores de fora é apresentar itens de maior valor agregado. “Quando a gente traz produtos com outros perfis, produtos com uma pegada mais inovadora, também ajudamos o nosso empresário local a abrir os seus horizontes, a entender outras perspectivas de produção, outras tecnologias envolvidas”, afirma.
Segundo ele, o objetivo da Agência Sebrae é reforçar a identidade territorial de diversos produtos, com o selo “Feito Potiguar”. Além das exposições, a entidade oferta oficinas e palestras em seu espaço.
“A gente quer colocar esses produtores cara a cara com outros compradores e, de uma forma muito especial, nessa grande vitrine, que é a nossa agência, apresentar para os visitantes da Festa do Boi aquilo que o nosso Estado produz de melhor”.
Tradição queijeira
A 7ª Exposição de Queijos Artesanais do Brasil apresenta produtos de cinco queijarias de estados com forte tradição. Entre os dias 10 e 13, o evento recebeu queijos do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba. De 14 a 18 de outubro, a mostra continua com produtos de Goiás, Minas Gerais e uma nova representante paraibana especializada em leite de cabra.
Adriana Lucena, idealizadora da exposição e consultora do Sebrae-RN, conta que o projeto nasceu em 2017, junto com a aprovação da primeira lei estadual de proteção aos queijos artesanais. “Surgiu a ideia de fazer uma exposição para mostrar ao Rio Grande do Norte a diversidade de queijos artesanais que tem nos outros estados”, afirma.
“Cada região tem seu queijo tradicional, mas também tem os queijos autorais, os queijos novos, criativos, que surgem com a valorização dos queijos artesanais no Brasil.”
Ela também menciona a ameaça que os queijos de leite cru ainda enfrentam devido à legislação industrial. “A legislação industrial obriga a pasteurizar o leite e não aceita muito o queijo de leite cru, mesmo com suas especificidades”, pontua Lucena.
“Existe um trabalho de conscientização, um trabalho com instituições de pesquisa, para provar que os queijos de leite cru podem ser saudáveis, podem ter boas práticas de manipulação e não levar à população nenhum risco”.
Nesse sentido, é importante para as queijeiras certificarem a produção.
Participando pela primeira vez, Bruna Sagratzki, produtora de Barra de São Miguel (PB), trouxe cinco queijos autorais. Sobre a relevância do produto no evento, ela avalia que o queijo artesanal “é o forte do Rio Grande do Norte e da Paraíba, com leite de cabra”.
Do sul de Minas Gerais, Eduardo Siqueira representa a Associação dos produtores de queijo Artesanal Mantiqueira de Minas.
“A gente veio trazer esses queijos [com origem na] tradição de imigração italiana. A gente tem o nosso jeito de fazer próprio da região […] Estou muito feliz com a aceitação do produto aqui na cidade”, diz.
A força do café nordestino
Na exposição de cafés, o público pode degustar bebidas de alto valor agregado, que atingem mais de 80 pontos na escala da Specialty Coffee Association (SCA). O Núcleo de Estudos em Cafeicultura (Necaf) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) apresenta o projeto “Resgate da Cafeicultura no Brejo Paraibano”.
Segundo Gabriel José, estudante de agronomia e membro do núcleo, o projeto foi iniciado por um professor em 2016 para resgatar a cultura do café, que era forte na região há 100 anos, mas foi abandonada por problemas como pragas e questões socioeconômicas.
No evento, o NECAF oferece degustação do Café da Lêda, produzido em Areia (PB). O núcleo atua oferecendo apoio técnico, serviços de torrefação e descascamento, além de suporte logístico e de marketing aos produtores.
Representando a cena local, o barista Caio Sérgio, do Fire Café em Parnamirim, participa pelo segundo ano. Ele traz grãos de Minas Gerais e realiza a torra de forma artesanal no Estado, “com muito cuidado, com controle de curva de torra, preparando de forma que a gente consiga distinguir os sensoriais do café”.
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