
ESTUDO FEITO NA UNIVERSIDADE DE RAYLOR, NOS EUA, DESCOBRIU QUE 46,3% DOS 453 ADULTOS ENTREVISTADOS TINHAM SOFRIDO PHUNNING POR PARTE DO PARCEIRO / EL PAÍS
A cena com certeza vai lhe soar familiar. Pode ser inclusive que já a tenha vivido em primeira pessoa. Um casal divide uma mesa em um restaurante ou está sentado lado a lado no sofá de casa. Uma das partes quer conversar, tenta manter o contato visual… mas do outro lado se produz o silêncio, poucas palavras, o olhar para baixo… O motivo? Seu interlocutor está –para desespero e raiva do acompanhante– vidrado na tela do celular.
Casais em terapia com o celular debaixo do braço
“Na realidade o problema acontece quando existe uma descoordenação no casal e uma das partes sente falta de atenção. Existem outros casos nos quais ambos utilizam muito o celular em companhia do outro, ou que só se comunicam pelo WhatsApp, mas não sentem culpa alguma porque estão em igualdade. Existe um consenso”, explica o psicólogo Enrique García Huete, diretor da Quality Psicólogos e professor da Universidade Cisneros (Madri).
García, que tratou em sua clínica de pessoas que desenvolveram um vício de celular, destaca que o phubbing é um problema cada vez mais recorrente quando um casal com problemas busca terapia. “Reclamam bastante que o outro está sempre agarrado no telefone e não presta atenção no cônjuge. Curiosamente, costumam ser mais os homens que fazem isso, mas não poderia dizer que é um problema em si para se recorrer à terapia. É mais um fator que influencia, mas não é o único”.
O escritor e doutor em Filosofia Enric Puig Punye, que acaba de abordar esse assunto em seu livro O Grande Vício. Como Sobreviver Sem Internet e Não se Isolar do Mundo?, aponta outro fator que contribui para gerar mal-entendidos: o fato de que a conexão ao mundo virtual se faz quase sempre a partir de dispositivos individuais e não é uma experiência compartilhada. “Queira ou não, nos concentrarmos cada um em nossos smartphones ou tablets produz uma sensação de secretismo que não ajuda. Ao contrário, desperta suspeitas”, afirma Puig. “Essa separação não seria tão drástica se, por exemplo, todos os membros da família utilizassem apenas um computador comum”.
Por sua parte, o doutor García Huete recorda que “quando nos comunicamos, é tão importante o verbal como o gestual”. “Se não nos sentimos atendidos, a sensação de frustração pode ser muito forte. Ao nos centrarmos no virtual, vai se extinguindo uma marca da comunicação muito importante, que só se produz pessoalmente, cara a cara”. Em caso de discrepância de opiniões no casal por causa desse assunto, o psicólogo recomenda “acertar em consenso os momentos de uso”. A negociação é muito importante. “Esse processo não servirá de nada se não tivermos consciência de que existe um problema e se não existir uma vontade real de mudança”, afirma García, “porque essas duas coisas nem sempre estão unidas”.
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Fonte: El país

