Os projetos de energia renovável no RN preveem até 2029, pelo menos, R$ 75,5 bilhões em investimentos. São R$ 30 bilhões em projetos de energia solar e eólica e outros R$ 45,5 bilhões em projetos para produção de hidrogênio verde.
A soma coloca o RN em posição de destaque no que diz respeito à chamada neoindustrialização brasileira, que é pautada pelo uso de fontes sustentáveis e alinhada à agenda internacional de combate às mudanças climáticas.
Os números foram levantados junto à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec-RN) e levam em consideração as perspectivas reais para os próximos anos. Esse é o cenário atual, contudo, esses valores poderão se tornar ainda maiores.
Para dar uma ideia da pujança desses investimentos, em 2022, os projetos de energia solar somaram R$ 21,8 bilhões em investimentos, enquanto a eólica ficou em R$ 9,3 bilhões. Em 2023, esses valores foram de R$ 17,1 bilhões para solar e R$ 5,4 bilhões para eólica.
Os investimentos em energia solar estão de tal modo que mudaram a balança comercial do estado. Hoje, o principal produto importado para o RN são placas de painéis solares, para projetos que serão instalados no território potiguar.
De acordo com a Sedec, a estimativa é de que nos últimos 13 anos, a energia sustentável no RN foi responsável por um investimento entre R$ 45 a 50 bilhões (de 2010 a 2023). Esse valor inclui tudo que foi necessário para a implantação dos parques no estado.
Agora em 2024, de janeiro a junho, o Rio Grande do Norte registrou investimentos de R$ 6,1 bilhões em eólica e R$ 3 bilhões em solar.
E também registrou — no início do segundo semestre — o primeiro contrato para produção de hidrogênio verde do Brasil. Esse contrato, cujo investimento previsto é de R$ 40 milhões, foi firmado entre a CPFL Energia e a Mizu Cimentos, com apoio do governo do Rio Grande do Norte e do Consórcio Nordeste.
O projeto consiste em uma planta-piloto que usará energia renovável para produzir o hidrogênio verde a ser utilizado nos fornos rotativos da companhia de cimento, que ficam na cidade de Baraúna, a cerca de 300 quilômetros de Natal, na divisa com o Ceará.
A assinatura do contrato com a Mizu é apenas a fresta de luz um novo horizonte de oportunidades que está começando a se descortinar para o RN. De acordo com o secretário-adjunto da Sedec, Hugo Fonseca, há pelo menos outros quatro projetos privados de hidrogênio verde sendo desenvolvidos no RN.
Um deles foi destacado recentemente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no estudo “Hidrogênio sustentável: perspectivas para o desenvolvimento e potencial para a indústria brasileira”, que lista mais de 60 projetos de hidrogênio a partir de fontes renováveis no Brasil, com investimentos estimados em R$ 188,7 bilhões.
O projeto citado pelo estudo da CNI para o RN visa a implantação do Complexo Industrial para produção de Hidrogênio e Amônia Verde – Alto dos Ventos. De acordo com a CNI, o investimento total é de R$ 12,9 bilhões.
O pedido de licenciamento prévio foi apresentado ao Idema em maio de 2023 e informava que seriam gerados 50 empregos diretos. A planta deve ocupar uma área de 200 mil metros quadrados.
Há ainda um projeto em Areia Branca, com investimento estimado em R$ 13 bilhões, cuja licença prévia foi pedida pela Maturati Participações em abril de 2024. O pedido prevê a instalação do Complexo Industrial Morro Pintado – Usina de Geração de Hidrogênio Verde/Amônia.
Trata-se de um projeto híbrido com mais de 1 GW de capacidade instalada – composto por 231 MW de energia eólica e 812,5 MW de energia solar. De acordo com o memorando assinado pelo governo do estado e a empresa em agosto deste ano, o projeto tem potencial para gerar 3 GWh por ano.
A previsão é que a nova planta entre em operação até janeiro de 2026. Também de acordo com o memorando, estima-se a geração de 52 mil toneladas de hidrogênio verde e derivados como amônia e ureia verde por ano.
De acordo com Hugo Fonseca, há ainda outros dois projetos em Galinhos, cujos investimentos são estimados entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões (cada). Para a estimativa total foi usado o valor de R$ 7 bilhões, cada.
No Diário Oficial do Rio Grande do Norte, em maio de 2023, em julho e agosto deste ano constam pedidos de licença de alteração “visando a instalação de uma planta piloto de eletrólise de água de hidrogênio sustentável por meio de um projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), localizada na Ilha de Pisa Sal, Zona Rural”.
Além das iniciativas já citadas, o governo do estado desenvolve o projeto do Porto-Indústria Verde, que deve ser instalado em Caiçara do Norte (RN), a cerca de 154 quilômetros de Natal. De acordo com estudos feitos, a obra está orçada em R$ 5,6 bilhões e será implantada em uma área de 13 mil hectares, gerando 50 mil novos empregos diretos e indiretos
“O Porto-Indústria é um grande hub de produção de hidrogênio, onde vai estar concentrado um pool de usinas, que vão produzir hidrogênio e vão usar a logística para distribuir esse hidrogênio para o mercado técnico brasileiro e também para o mercado externo”, explica Hugo Fonseca.
Solar deve passar eólica em 2025
A tendência é que o Rio Grande do Norte observe já nos próximos anos uma nova mudança na sua matriz energética, com a produção de energia solar ultrapassando a fonte eólica. “A tendência é que até 2029 a fonte solar, nesse ritmo de crescimento, supere a fonte eólica como a principal fonte de geração de energia no estado”, afirma Hugo Fonseca.
Ele explica que tendo por base o que já está como potência outorgada, a energia eólica responde por 11.1 gigawatts enquanto a solar está com 10.9 gigawatts. “A diferença entre a eólica solar, está em torno de quase 200 megawatts. É muito pouco. Então a tendência é que a solar, ela ultrapasse os dados de potência instalada outorgada a eólica”.
De acordo com o secretário-adjunto, essa ultrapassagem poderá ocorrer no final de 2025 e início de 2026. “Vai depender muito do cenário que a gente vai encontrar agora no segundo semestre. Porque o que está acontecendo é que estamos vivendo um período de seca grande agora, e se houver aí uma perspectiva de melhora de preços no mercado, pela demanda que tende a ser crescente agora no segundo semestre, e ir se intensificando até o final de fevereiro, no início de março, a tendência é que nós teremos um volume maior de contratação da solar pelo preço que será mais competitivo e ela tende a passar”, explica. De acordo com Balanço Energético do primeiro semestre de 2024 produzido pela Sedec, o Rio Grande do Norte superou a marca de 24 gigawatts de potência outorgada para geração de energia elétrica.
Investimentos em energia renovável no RN
Investimentos 1º semestre de 2024
▸ Eólica: R$ 6,1 bilhões
▸ Solar: R$ 3 bilhões
Investimentos em 2023
▸ Eólica: R$ 5,432 bilhões
▸ Solar: R$ 17,180 bilhões
Investimentos em 2022
▸ Eólica: R$ 9,378 bilhões
▸ Solar: R$ 21,884 bilhões
Investimentos feitos de 2010 a 2023
▸ Entre R$ 45 a R$ 50 bilhões
Investimentos em Eólica e solar previstos até 2029
▸ R$ 30 bilhões
Investimentos em Hidrogênio Verde previstos
▸ 01 Projeto em Macau – R$ 12,9 bilhões
▸ 02 Projetos em Galinhos – R$ 6 a 8 bilhões (cada)*
▸ 01 Projeto em Areia Branca – R$ 13 bilhões
▸ Porto-Indústria Verde – R$ 5,6 bilhões
▸ 01 Projeto (contrato assinado) – R$ 40 milhões
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