O Procon Natal está programando uma operação para fiscalizar a qualidade das carnes vendidas nos supermercados e açougues da capital potiguar. De acordo com a diretora do órgão, Aíla Cortez, a fiscalização prevê a participação da vigilância sanitária para dar resposta a população após as denúncias da Operação ‘Carne Fraca’, da Polícia Federal. Segundo a Aíla, o Procon Natal não recebeu nenhuma denúncia ou pedido da Justiça para recolher um lote específico de produtos até o momento, no entanto, a intenção é garantir a qualidade dos produtos ao consumidor.

“Vamos iniciar um trabalho para dar uma resposta em relação a esse caso específico, que gerou um grande alarde entre os consumidores. E quem tem o conhecimento técnico próprio para analisar os produtos vendidos e atestar se estão de acordo com os padrões é a vigilância sanitária”, diz Cortez. Ainda de acordo com a diretora, uma reunião será marcada ainda nesta semana para organizar o cronograma de fiscalizações em pontos comerciais da cidade. No entanto, de acordo com Hildeberto Medeiros, do Núcleo de Controle de Alimentos da Vigilância Sanitária em Natal, o órgão ainda não foi procurado pelo Procon para realizar nenhum tipo de ação. Segundo Medeiros, as agências municipais e estaduais da vigilância sanitária ainda aguardam informações do Ministério da Agricultura para tomar alguma medida efetiva.

“A Anvisa já se pronunciou dizendo que solicitou informações ao Ministério, questões especificas como lotes e produtos afetados para que as vigilâncias sanitárias possam atuar. Sem isso, não há muito o que fazer, apenas verificar questões como temperatura, validade, procedência. Para medidas mais efetivas, precisamos das informações do Ministério”, diz.

SUPERMERCADOS

Mesmo com a operação, açougues e supermercados não identificaram queda na procura por carnes e embutidos no Rio Grande do Norte. Pelo menos é o que afirma a Associação de Supermercados do estado (Assurn). De acordo com o presidente da entidade, Luiz Moura, o comportamento dos consumidores não mudou de sexta para cá. “Fizemos uma consulta a vários associados em função dessa operação, mas não sentimos nenhum impacto significativo nem nas vendas e nem no comportamento dos clientes. Não há nada significativo. Evidentemente alguns fazem brincadeiras e tem esses comportamentos, mas não é algo generalizado. Os clientes que têm esse comportamento já os que têm (o mesmo comportamento) em outros momentos”, diz o presidente.

Apesar de não ter sentido a queda nas vendas, Moura demonstra preocupação quanto a forma como a questão vem sendo abordada. “ O que nos preocupa é que eventuais ocorrências sejam generalizadas. Todos os nossos supermercados seguem procedimentos de comprar produtos perecíveis de fornecedores que tenham garantia, certificação, procedência. É uma recomendação nacional. Existem casos que são noticiados de produtos vencidos que não se enquadram nesse contexto da operação, são falhas humanas. Nossa preocupação é com a generalização de um caso sério como esses”, disse.

Quem também reclama da forma como as informações foram divulgadas pela Polícia Federal é o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), José Vieira.
“Não tenha dúvidas de que houve certo exagero quanto às divulgações. Caixa de papelão na linguiça? Isso não existe. Papelão é para embalar. Com certeza foi uma interpretação errada das escutas que resultou nessas declarações”, afirma.

Fonte: Novo Jornal