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Problemas de saúde motivou o pedido de demissão de Serra, que voava sob efeito de injeções

JOSÉ SERRA VOAVA SOB EFEITO DE INJEÇÕES E PENSAVA EM DEIXAR PASTA HÁ 20 DIAS

O chanceler José Serra (PSDB-SP) entregou nesta quarta-feira (22) carta pedindo demissão do Ministério de Relações Exteriores. A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto. O ministro alegou problemas de saúde para pedir a exoneração do cargo. Antes de embarcar para seu último compromisso internacional, um encontro para discutir políticas públicas na Alemanha, José Serra (PSDB) tomou uma injeção com analgésicos para aliviar as dores que sentia na coluna.

O incômodo, que se acentuava em viagens aéreas, havia se tornado uma rotina desde que o agora ex-chanceler diagnosticou um desgaste acentuado entre duas vértebras, ainda no ano passado.

Em conversas com pessoas próximas, Serra vinha dizendo que o quadro beirava o insuportável. Há cerca de 20 dias confidenciou que, diante do quadro, pensava em deixar a chefia Ministério das Relações Exteriores, pasta que, pela função, obriga o titular a fazer longos voos. Temia, porém, que a decisão irritasse Temer, fragilizasse o governo e desse margem a especulações sobre uma motivação política.

Temer presenciou por diversas vezes a aflição do então ministro. Durante um viagem para a Índia, em novembro do ano passado, disse ao próprio Serra que o via abatido e que achava que ele vinha se alimentando mal. Pediu para que o ministro tentasse descansar.

Serra se submeteu a uma cirurgia na coluna no mês seguinte, para descomprimir a cervical e substituir o disco vertebral que estava desgastado por uma placa. Chegou a ficar internado em uma unidade de terapia semi-intensiva.

Após a alta, retomou o trabalho, mas continuou se queixando de dores. Em visita a São Paulo, no último dia 29 de janeiro, comentou que a coluna, após a cirurgia, passou a incomodar ainda mais do que antes.

CARTA DE DEMISSÃO

Serra entregou sua carta de demissão a Temer nesta quarta-feira (22). Disse ter sido um orgulho integrar a equipe do presidente, de quem é amigo pessoal há anos. Prometeu retomar suas atividades no Senado. Ele tem mandato na Casa até 2022.

Pessoas próximas ao ministro dizem ainda que ele vinha manifestando profunda inconformidade com citações ao seu nome na Operação Lava Jato. Como mostrou a Folha em agosto de 2016, um dos delatores da Odebrecht afirmou que a empreiteira fez doações no exterior à campanha de Serra à Presidência em 2010.

SERRA VOAVA SOB EFEITO DE INJEÇÕES E PENSAVA EM DEIXAR PASTA HAVIA 20 DIAS

Com as especulações em torno do fim do sigilo sobre o acordo de colaboração firmado pela empresa com a Justiça, aliados não descartam que o ministro tenha se afastado para minimizar um eventual desgaste para o governo.

Em carta divulgada pelo governo, Serra, 74, afirma que pede demissão “em razão de problemas de saúde que são do conhecimento de Vossa Excelência, os quais me impedem de manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função de Chanceler.”

Serra entregou a carta pessoalmente a Temer, no Palácio do Planalto. Ele afirma que “segundo os médicos, o tempo para restabelecimento adequado é de pelo menos quatro meses.” Não há detalhes sobre a doença do ex-ministro. Mas no fim de dezembro, Serra foi submetido a uma cirurgia de descompressão e artrodese da coluna cervical.

O ex-ministro, que é do PSDB, informou ainda que retorna ao Congresso, onde afirma que honrará seu mandato de senador “trabalhando pela aprovação de projetos que visem a recuperação da economia, desenvolvimento social e a consolidação democrática do Brasil”.

Serra, que assumiu o ministério em maio de 2016, tem mandato de senador até 2022, mas se afastou do cargo para assumir a chancelaria, indicado pelo presidente Michel Temer (PMDB). Ele substituiu Mauro Vieira, diplomata de carreira.

Além de senador, Serra já foi prefeito de São Paulo e governador do Estado e candidato à Presidência da República duas vezes. Em 2012, concorreu à Prefeitura de São Paulo, mas foi derrotado por Fernando Haddad (PT-SP).

Com a saída de Serra do Ministério de Relações Exteriores, o PSDB fica com três ministros no governo do presidente Michel Temer: Bruno Araújo, na pasta de Cidades; Antonio Imbassahy, que ocupa a Secretaria de Governo; e Luislinda Valois, ministra dos Direitos Humanos. Além de Serra, o partido perdeu ainda o Ministério da Justiça, com a nomeação de Alexandre de Moraes para o STF (Supremo Tribunal Federal).

 

Fonte: UOL/Folha

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