Pela primeira vez em 88 anos, um presidente dos Estados Unidos voltou a pôr os pés em Cuba. A cena aconteceu neste domingo (20). Barack Obama, que ganhou a eleição em 2008 com a promessa de dialogar com os países inimigos, não chega para pedir ao líder cubano, Raúl Castro, uma mudança política em um dos regimes autoritários mais antigos, mas quer reforçar a aproximação entre os países.
A visita inclui, além do discurso e uma reunião nesta segunda-feira (21) com Raúl Castro (não com seu irmão Fidel), encontros com empresários e dissidentes, e assistir a um jogo de beisebol. Ele está acompanhado por toda a família: a primeira-dama, Michelle, as filhas Sasha e Malia, e sua sogra, Marian Robinson.
No aeroporto, foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodríguez, entre outros altos funcionários e diplomatas. Após uma reunião com funcionários da embaixada dos EUA em Havana, Obama visitou a pé Havana Velha, a região antiga da capital. O historiador local Eusebio Leal serviu de guia. Em seguida, deve se reunir com o cardeal Jaime Ortega, chave nas negociações secretas que levaram à normalização das relações.
Aplicada a Cuba, a doutrina Obama na política externa diz que a mudança política – a democracia, o pluripartidarismo, a liberdade de imprensa – não serão impostos de fora, muito menos pela força. Obama não quer a mudança de regime: nem aqui nem no Irã. A ideia é que, ao melhorar a vida dos cubanos comuns, o país acabará se transformando. Quanto mais turistas e estudantes visitarem a ilha, e quanto mais negociem entre si os cubanos e os norte-americanos, mais próximos estarão da democratização.
Na terça-feira, no discurso central da visita, Obama deixará claro que corresponde ao povo cubano – não aos EUA, nem a mais ninguém – decidir seu futuro. Mas não deixará de dar sua opinião. “Ao povo cubano, como aos povos de todo o mundo, as coisas vão melhor com uma verdadeira democracia, na qual sejam livres para escolher seus líderes, expressar suas ideias e praticar sua fé”, adiantou há alguns dias em Washington Susan Rice, conselheira de segurança nacional da Casa Branca. “Os Estados Unidos continuarão promovendo os direitos humanos para todas as pessoas, em todos os lugares, inclusive Cuba”.
Fonte: El País Brasil