O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio Grande do Norte (OAB-RN), Carlos Kelsen afirmou que apesar dos avanços tecnológicos na advocacia, a interação humana continuará sendo indispensável para a prática jurídica. Segundo ele, a tecnologia tem transformado a advocacia ao automatizar tarefas repetitivas e otimizar processos.
“Hoje você consegue baixar um processo em PDF, colocar num chat de inteligência artificial e direcionar questionamentos para gerar um relatório simples, sem precisar ler 10 mil páginas”, explicou, em entrevista ao programa Cidade Notícias, da 94 FM.
Apesar dos ganhos de tempo proporcionados pela tecnologia, o presidente da OAB-RN reforçou que o papel do advogado vai além da técnica. “O diferencial do advogado é ouvir a história do cliente, traduzi-la, interpretar juridicamente e oferecer uma solução. A máquina resolve um bocado de coisas, mas na hora do play, o play geralmente quem vai dar é o humano”, afirmou.
Kelsen também abordou a saúde mental dos profissionais do Direito, um tema que considera urgente. “Nós trabalhamos com os problemas dos outros, e muitas vezes eles se tornam nossos também. É necessário buscar equilíbrio para não perder a capacidade de prestar um bom serviço”, alertou.
Segundo o advogado, a capacidade de se desconectar dos problemas do trabalho é fundamental para a saúde emocional dos profissionais. “A advocacia é uma das profissões que mais adoecem de doença mental. Por isso, precisamos refletir sobre como equilibrar o envolvimento com as demandas dos clientes e a nossa própria saúde”.
FIM DO RECESSO FORENSE
Carlos Kelsen aproveitou para lembrar que o recesso forense terminou em 20 de janeiro, marcando a retomada de prazos processuais, audiências e julgamentos em todo o país. Ele destacou a importância desse período de pausa para o planejamento estratégico de escritórios e tribunais.
“Agora é para valer. As audiências acontecem, os prazos se vencem, e os julgamentos nos tribunais já ocorrem. É uma retomada com carga total para a advocacia”, disse o presidente da OAB-RN.
Ele ressaltou que o recesso é um momento valioso para advogados reorganizarem seus fluxos de trabalho e discutirem pautas relevantes com seus clientes. “É quando revisitamos pendências, planejamos ações futuras e reavaliamos prioridades”, explicou.
Ao refletir sobre a advocacia no contexto digital, Carlos Kelsen celebrou os avanços tecnológicos, mas alertou sobre os desafios que a profissão enfrenta. “Na lista de profissões que podem desaparecer no futuro, em alguns momentos aparece o advogado. Mas o que vai permanecer é o contato humano, a empatia, a capacidade de traduzir juridicamente as necessidades de cada cliente. Isso a tecnologia não substitui”.
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