
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Roberto Serquiz, defendeu nesta quinta-feira 10 a busca de uma solução diplomática para reverter as tarifas de 50% anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a importação de produtos brasileiros. Ele alertou que a medida ameaça postos de trabalho no Estado e pode gerar inflação.
“Nós começamos a entender que essa preocupação é assistida por dois campos: aumento de inflação e empregabilidade. Então, isso diretamente é alcançado”, afirmou Serquiz, durante coletiva à imprensa.
Segundo ele, os setores de petróleo, fruticultura, pesca e sal estão entre os mais ameaçados pelas tarifas, afetando a arrecadação estadual e a economia local. O dirigente destacou que os Estados Unidos são o principal mercado para alguns produtos potiguares, como o sal, que tem 95% da produção nacional concentrada no RN e gera em torno de 4,5 mil empregos formais com carteira assinada no estado, e o pescado, cuja exportação é feita exclusivamente para o mercado americano.
Diante do risco de demissões, Serquiz defendeu articulação imediata com o governo federal e as entidades empresariais nacionais. “Eu acho que, com um diálogo inteligente, uma atuação diplomática racional, a gente consiga realmente reverter essa situação e é essa a grande esperança que nós temos”, disse.
O presidente da Fiern também ressaltou que a federação seguirá monitorando o impacto do anúncio em articulação com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Nós estamos levantando dados, conversando com as lideranças, conversando com a indústria, em permanente diálogo com a confederação nacional”, reforçou.
A tarifa entra em vigor no dia 1º de agosto, e a expectativa da Fiern é de que o governo brasileiro busque reverter a decisão antes do início da vigência, para evitar prejuízos para a indústria potiguar.
Serquiz destacou que a tarifa de 50% coloca o Brasil em desvantagem clara diante de outros países exportadores, que continuam pagando apenas 10% para acessar o mesmo mercado. “O sal, por exemplo, perde completamente a competitividade, porque nossos competidores ficariam com 10%. Então, esse cenário é exatamente o cenário de preocupação”, alertou. Segundo ele, com esse novo patamar tarifário, o Brasil – e especialmente o RN – seria praticamente excluído do radar comercial americano. E continuou: “Quando você tem uma diferença tão grande de tributação, não há como competir”.
Exportações em alta
As exportações de produtos do Rio Grande do Norte para os Estados Unidos mais que dobraram no primeiro semestre de 2025, em relação ao mesmo período do ano passado. Enquanto de janeiro a junho de 2024, o Estado exportou US$ 30,5 milhões, neste ano o valor subiu para US$ 67,1 milhões. O aumento foi exatamente de 120%.
Considerando o valor atual do câmbio (R$ 5,50), isso significa que as exportações do Rio Grande do Norte para os Estados Unidos alcançaram neste ano, nos seis primeiros meses, a marca de R$ 369 milhões. No ano passado, foram R$ 167 milhões, aproximadamente.
Segundo a Fiern, os produtos mais exportados no 1º semestre deste ano do RN para os EUA foram: óleos de petróleo, peixes frescos ou refrigerados, produtos de origem animal, pedras de cantaria ou de construção e produtos de confeitaria sem cacau.
Enquanto as exportações subiram, as importações caíram 35%. Saíram de US$ 41,8 milhões (R$ 230 milhões) em 2024 para US$ 26,9 milhões (R$ 148 milhões) em 2025. Considerando exportações e importações, a balança comercial do Rio Grande do Norte com os Estados Unidos passou de negativa para positiva em um ano. Em 2024, estava negativa em US$ 11,2 milhões. Agora em 2025, ficou positiva em US$ 40,1 milhões.
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