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Presidente da Câmara deve anunciar hoje data da votação de cassação de Cunha

O PRESIDENTE AFASTADO DA CÂMARA, EDUARDO CUNHA.

O PRESIDENTE AFASTADO DA CÂMARA, EDUARDO CUNHA.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deve anunciar nesta quarta-feira (10) a data de votação do processo de cassação do deputado afastado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na Câmara, já circula um calendário informal dos trabalhos legislativos para as próximas semanas. Nele, não há previsão de sessões na Câmara na semana de 15 a 19 de agosto. Com isso, a primeira data considerada possível para que Maia marque a votação de Cunha é 22 de agosto, véspera do início da votação do impeachment no Senado. Ele também pode marcar a votação para a semana seguinte, que começa dia 29.

Em discurso alinhado com o Palácio do Planalto, líderes da base aliada de Michel Temer — entre eles integrantes da velha oposição, que defendiam publicamente a celeridade na votação — mudaram de posição e concluíram ontem que é melhor aguardar o desfecho do impeachment no Senado para só depois votar a cassação do ex-presidente da Casa. O governo teme que a cassação de Cunha o leve a fazer acusações contra Temer, prejudicando o andamento do processo de impeachment.

Mesmo deputados que defendiam a votação da cassação com rapidez, como o líder do PSB, Paulo Folleto (ES), passaram a dizer que o melhor é evitar qualquer tipo de estresse na votação do impeachment.

— Vamos deixar para depois do impeachment para não misturar as duas coisas. A votação pode dar tensão, prejudicar o governo. O país está melhorando, temos um cenário novo de recuperação da economia e temos que preservar este momento. Houve consenso entre os líderes de que não devemos misturar as duas coisas — afirmou Folleto.

Apesar do discurso, os próprios líderes admitem que, ainda que o melhor para o governo seja deixar a votação para depois do impeachment, Rodrigo Maia pode surpreender e pautar a matéria para votação na semana de 22 de agosto, justamente quando o impeachment deve ser votado. Deputados da base do governo admitem que o desgaste será muito grande para Maia, se ele adiar a votação pelo prazo que o governo quer.

— Pegará muito mal para o Rodrigo se ele não pautar logo. Não queria estar na pele dele — disse um líder da base.

Até a semana passada, apenas líderes mais próximos de Cunha, como o do PTB, Jovair Arantes (GO), defendiam abertamente que a votação ocorresse depois do impeachment. Segundo os líderes, houve ontem, durante um café da manhã com Maia, sugestão das melhores datas: alguns defendendo o final de agosto, entre os dias 30 e 31, e aliados de Cunha defendendo que a votação seja em meados de setembro, entre os dias 13 e 14. Para os líderes, assim que a data for marcada, a pressão será reduzida.

Nas conversas, outros líderes destacaram que já há uma tensão no ar por conta da expectativa de votação de matérias importantes para a economia. Qualquer estresse, neste momento, pode ser ruim, argumentam. Muitos também ponderaram que agosto é um mês com dificuldade de se obter quorum porque o início da campanha eleitoral exige dos parlamentares que gravem programas e ajudem prefeitos e vereadores em suas bases.

— Não podemos ser mais realistas que o rei. Na próxima semana, início das campanhas, vai ser difícil garantir o quorum. E neste clima pré-impeachment, com as votações importantes para o governo na área econômica, não devemos criar qualquer possibilidade de estresse maior — afirmou um dos líderes presentes.

O líder Pauderney Avelino (DEM-AM) defende marcar a votação depois do impeachment:

 Defendemos a votação, e essa questão da data não pode ser confundida com leniência. É uma questão de estratégia e razoabilidade.

Seguindo um calendário de pressões em cima de Rodrigo Maia, deputados do PSOL e da Rede, autores da representação contra Cunha no Conselho de Ética, “comemoraram”, ontem, o aniversário de 300 dias, ou dez meses, em que já se arrasta o processo contra o ex-presidente da Câmara. Num cartaz que carregavam, a Câmara recebeu “medalha de lata em protelação”. A pressão continuou no plenário. Líder do PSOL, Ivan Valente (SP) subiu à tribuna e, olhando para o presidente da Câmara, protestou contra sua postura.

— Se o processo não for colocado em votação amanhã (hoje), o responsável se chama Rodrigo Maia — disse.

 O Globo

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