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Prêmio Sesc de Literatura seleciona obra de autor potiguar pela primeira vez

Romance Última Hora, do mossoroense José Almeida Junior, foi escolhido entre 980 inscritos de todo o país

Pela primeira vez, um norte-rio-grandense vence o Prêmio Sesc de Literatura. Natural de Mossoró, José Almeida Junior teve seu romance Última Hora selecionado na edição 2017 do prêmio. O outro selecionado foi o paulista João Meirelles Filho, com o seu Poraquê e Outros Contos. Os vencedores terão suas obras publicadas pela editora Record, além de participar de festivais literários e eventos promovidos pelo Sesc. Ao todo, foram inscritas 1793 obras oriundas de diversos lugares do país: 980 romances e 813 coletâneas de contos.

O sonho de se tornar escritor profissional foi finalmente concretizado pelo mossoroense José Almeida Junior, 34, que mora em Brasília exercendo o cargo de Defensor Público do Distrito Federal. “Desde a adolescência, já tinha o sonho de ser escritor, mas, por questões profissionais, acabei trilhando outro caminho. Há cerca de 5 anos, resolvi que estava estabilizado e queria ser escritor”, relembra.

Na primeira tentativa de vencer o Prêmio Sesc de Literatura, em 2016, ele inscreveu outra obra: O homem que odiava Machado de Assis. O texto ficou entre os 30 pré-selecionados, mas parou por aí. Foi com Última Hora – um romance histórico inspirado na época do Estado Novo – que o escritor logrou êxito no prêmio. A história gira em torno do jornal Última Hora, fundado por Samuel Wainer.

Nele, o personagem fictício Marcos, que foi vítima de tortura no Estado Novo, vive o drama de trabalhar para o periódico que apoia o governo Vargas, por conta de necessidades financeiras. “Criei um personagem comunista que trabalhava para um jornal que apoiava Getulio Vargas”, conta. Para embasar os fatos históricos narrados no livro, consultou jornais da época, anais da Câmara dos Deputados e autos da CPI que investigou o jornal.

Segundo o autor potiguar, o livro foi escrito especialmente para o Prêmio Sesc de Literatura, o qual, para ele, descentraliza e renova a literatura. “[O prêmio] já virou concurso de referência para autores iniciantes, porque, além publicar a obra pela Record, o Sesc insere o autor no circuito cultural”.

A obra vencedora na categoria Conto tem como tema central o meio ambiente, que é o cotidiano de João Meirelles. Ativista ambiental e empreendedor social, o paulista de 57 anos mora em Belém do Pará, onde se dedica à região da Amazônia. Em Poraquê e Outros Contos, os oito contos tratam da relação do homem e o desconhecido na Amazônia, seja diante do impacto de mudanças climáticas, seja das encantarias.

Sobre o prêmio

Desde 2003, o Prêmio Sesc de Literatura identifica novos escritores que tenham obras com qualidade literária para edição e circulação em todo o país. Além do reconhecimento nacional, os vencedores têm seus livros publicados pela Editora Record, com tiragem inicial de 2 mil exemplares, e participam de eventos literários promovidos pelo Sesc. A primeira agenda da dupla vencedora deste ano será na Flip 2017, onde participarão de um bate-papo com o público dentro da programação do Sesc Paraty. O lançamento dos livros selecionados será realizado em novembro.

Mais do que oferecer uma oportunidade a novos escritores, o Prêmio Sesc de Literatura cumpre um importante papel na área cultural, proporcionando uma renovação no panorama literário brasileiro.

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