Após dotar sua rede pública de saúde de condições favoráveis ao atendimento da população e de atestar os primeiros sinais de redução no nível de contágio do novo coronavírus, Natal inicia a partir desta terça-feira (30) uma nova etapa de sua estratégia no combate à Covid-19. As novas medidas foram anunciadas pelo prefeito Álvaro Dias em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (29), no Palácio Felipe Camarão, após aprovação do Comitê Científico criado pelo município.
Dentre as principais ações implementadas pela Prefeitura, está a autorização para que o comércio volte a operar na cidade. Isto será feito de maneira gradativa, destacou Álvaro Dias, que antecipou ainda que será instalado nos próximos dias um Centro de Profilaxia e Tratamento no ginásio Nélio Dias, para atender a pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. “Estamos seguindo com o compromisso de oferecer as melhores condições aos natalenses em nossa rede municipal de Saúde. Ao mesmo em que cuidamos da Saúde, chegou a hora de darmos uma atenção também à economia, para evitar o aprofundamento ainda maior da crise no setor produtivo e nas famílias, a fim de se preservar o máximo dos empregos hoje existentes em Natal”, explicou o prefeito.
Sobre a retomada do comércio, um decreto será publicado no Diário Oficial do Município desta terça, estabelecendo as regras que valerão para o setor durante o período epidêmico. O modelo adotado será o proposto por entidades do segmento produtivo, como as federações da indústria e do comércio do Estado (Fiern e Fecomércio, respectivamente). Um modelo já aprovado pelo Comitê Científico que auxilia a Prefeitura nos planos voltados ao enfrentamento da Covid-19 e que também tem o aval de outras instituições.
O prefeito Álvaro Dias ressaltou que só está sendo possível autorizar a retomada da atividade comercial em Natal por terem dado respostas positivas as ações empreendidas pela Prefeitura para enfrentar a Covid-19. Como principais ações, ele listou a abertura do Hospital de Campanha, a disponibilização exclusiva do Hospital Municipal Dr. Newton Azevedo para atender a casos de Covid-19, a ampliação do número de leitos clínicos (30) no Hospital dos Pescadores, a realização de testagem em massa em idosos e servidores municipais e a adoção do protocolo de saúde aprovado pelo Conselho Regional de Medicina. A essas ações, soma-se a decisão anunciada agora de abrir o Centro de Profilaxia e Tratamento na Zona Norte, região que lidera os índices de casos da doença na cidade.
Também na coletiva, o secretário de Saúde de Natal, George Antunes, disse que o reforço estrutural e operacional que a Prefeitura promoveu em sua rede primária produziu bons resultados, sendo responsável por começar a reduzir a demanda por UTIs em Natal. “Estamos tendo que combater duas pandemias, uma na saúde e outra na economia. O nosso trabalho é buscar o equilíbrio para também manter os sinais vitais da economia, preocupados que estamos, o prefeito e sua equipe, com muitas famílias que estão ameaçadas de perder suas condições de sustento”, pontuou o secretário.
Pelas novas regras incluídas no decreto que será publicado no DOM desta terça, o comércio será reaberto de maneira gradativa, seguindo um cronograma dividido em quatro fases. Cada uma delas terá 14 dias e será subdividida por três frações. Em todas elas, precisarão ser obedecidos protocolos de segurança recomendados pelo Ministério da Saúde, como o distanciamento dentro das empresas de pelo menos 1,5 metro entre as pessoas e uso obrigatório de máscaras de proteção.
Na primeira fração, que começa nesta terça, terão autorização para funcionar alguns segmentos de serviços, dentre eles empresas de Recursos Humanos, de Comunicação, Agências de Publicidade, Centros de Distribuição, Distribuidoras, Agências de Turismo, Salão de Beleza e Barbearias. Também poderão abrir suas portas lojas de artigos de papelarias, produtos de climatização; bicicletas e acessórios, plantas e flores, vestuário, calçados, bancas de jornais, armarinho e lojas de artigos usados. Essas atividades serão liberadas primeiro exatamente por terem maior capacidade de controle de protocolos, gerarem pouca aglomeração e se encontrarem em situação econômica mais crítica.
Todas as medidas previstas no decreto poderão ser revistas, alertou o prefeito Álvaro Dias. “Faremos um acompanhamento semanal sobre o quadro epidemiológico e sobre o impacto do funcionamento do comércio na disseminação da doença. Se verificarmos que há risco dos índices de contágio voltarem a subir, podemos revogar em parte ou totalmente o decreto e tomar novas decisões”, afirmou o prefeito, que, além do secretário George Antunes, teve ao seu lado na coletiva os secretários Fernando Fernandes (Governo), Irapoã Nóbrega (Serviços Urbanos), Thiago Mesquita (Meio-Ambiente e Urbanismo), Fernando Benevides (procurador-geral do Município), Alberfran Grilo (comandante-geral da Guarda Municipal) e a infectologista Rosângela Morais (representante do Comitê Científico do Município).
Na primeira fase, segundo o prefeito Álvaro Dias, poderão funcionar os seguintes estabelecimentos:
- serviços de recursos humanos e terceirização;
- atividades de informação, comunicação, agências de publicidade, designers e afins;
- centros de distribuição e depósitos;
- serviços sociais;
- autônomos;
- agências de turismo;
- salão de beleza e barbearias;
- lojas de até 300 metros quadrados de artigos usados; papelarias, material de escritório, variedades, climatização, bicicletas, plantas e vestuário
A decisão da Prefeitura antecipa em um dia a reabertura do comércio prevista para o dia 1º de julho no decreto estadual.
Retomada das atividades econômicas no RN
O início da retomada das atividades econômicas no Rio Grande do Norte foi condicionado ao cumprimento de protocolos específicos de segurança sanitária. Dentre eles, a ocupação dos leitos de UTI, que deve estar abaixo de 70%.
A primeira data prevista para reabertura de alguns comércios foi 17 de junho, mas a data foi adiada para 24 de junho porque o Estado estava com 99% dos leitos ocupados. Em 24 de junho, novamente a ocupação de leitos estava acima de 70% e a reabertura do comércio foi novamente adiada para 1º de julho.