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Pré-candidatos cobram melhorias no saneamento para evitar poluição em Areia Preta

FOTO: JOSÉ ALDENIR

A balneabilidade na praia de Areia Preta está comprometida há mais de ano. De acordo com os boletins de balneabilidade feitos pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (Idema), pelo menos desde janeiro de 2023 que o mar de Areia Preta está impróprio para banho. Procurados pelo AGORA RN, os pré-candidatos à Prefeitura do Natal nas eleições deste ano comentaram sobre a situação problemática da praia e falaram sobre propostas para melhorias. Três dos cinco pré-candidatos ressaltaram a importância de tratar com atenção o saneamento da região.

A pré-candidata Natália Bonavides (PT) afirmou que a situação é um resultado de falhas no saneamento básico. “É papel da prefeitura e seus órgãos de regulação, fiscalização e gestão atuar em diálogo com a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) e Governo do Estado para evitar o despejo de esgoto e água da chuva em nossas praias, seja oferecendo estrutura, seja incentivando, inclusive através da educação ambiental, a população a conectar as redes de suas casas e comércios a rede de esgotamento público”, disse ela.

O ex-deputado federal e também pré-candidato Rafael Motta (Avante) apontou que o descarte do esgoto é um problema complexo e desafiador que requer soluções integradas. “O saneamento é o tipo de obra que os gestores não priorizam, mas que é essencial já que implica no meio ambiente e na saúde humana”, comentou.

De acordo com o pré-candidato do Avante, lixo e esgoto lançados ao mar podem causar prejuízos à biodiversidade marinha, proliferação de doenças e odores desagradáveis, o que afeta o turismo, que tem parcela importante na economia da cidade, além dos natalenses que frequentam as praias diariamente.

“Com isso, assim como em diversas outras áreas, a tecnologia pode ser uma grande aliada na resolução ou para amenizar o cenário. Existem estudos nacionais e internacionais que devem ser analisados e podem ser aplicados ou ajustados para a realidade dos municípios como Natal. Alguns especialistas citam o primário avançado, opções de pré-tratamento, por exemplo. E outras opções também que dependem de uma análise aprofundada do cenário que se encontra a rede da cidade para opções mais adequadas”, reforçou o ex-deputado.

Além disso, Rafael Motta explicou que existe uma necessidade urgente de substituir os tratamentos convencionais de esgoto ou modernizá-los, utilizando novas tecnologias como alternativas, aliadas à participação social e educação ambiental para sensibilizar a população sobre redes clandestinas e desenvolvimento urbano desenfreado.

“Então, não tem muito segredo. É preciso disposição de gestão e recursos para investir nessa área, conscientizando a população também de que são serviços longos e demorados, mas que vão refletir no bem-estar de todos”, completou.

O AGORA RN também conversou com o pré-candidato do PSTU, Nando Poeta, que comentou que a situação da contaminação é um problema grave e persistente que exige atenção imediata. “A questão do saneamento básico inadequado tem levado a um cenário inadmissível: o esgoto doméstico sendo despejado diretamente no mar. Essa prática não apenas degrada o meio ambiente, mas também coloca em risco a saúde pública, afetando moradores locais e turistas”, disse.

Segundo Nando Poeta, a proposta do PSTU é implementar um plano de saneamento básico que cubra 100% da cidade de Natal. A iniciativa deve ser um esforço conjunto entre a prefeitura, o Governo do Estado e Governo Federal, destacando a importância de uma política pública integrada. “Saneamento básico não é apenas uma questão de infraestrutura, mas também uma política de saúde pública”, explicou.

Ele relatou que, para alcançar esse objetivo, é essencial que o plano de obras públicas da gestão municipal inclua a expansão e modernização da rede de esgoto, a construção de estações de tratamento e a implementação de sistemas de monitoramento contínuo da qualidade da água.

O ex-prefeito de Natal e também pré-candidato Carlos Eduardo Alves (PSD) disse à reportagem que está em fase de reuniões para elaboração do plano de governo e que, em breve, falará sobre a situação. Já o pré-candidato Paulinho Freire (União Brasil) não respondeu até o fechamento desta matéria.

Situação de Areia Preta

A balneabilidade na praia de Areia Preta está comprometida há mais de ano. O boletim mais recente do programa Água Azul, divulgado no dia 31 de maio, indica o índice de 92.000 coliformes fecais por amostras de 100 ml de água. O número é 92 vezes mais coliformes do que o limite aceitável, conforme estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

O relatório do cálculo do Índice de Balneabilidade Anual (IBA), que abrange de 2018 a 2023, mostra que o local saiu da classificação regular para muito ruim, quando as praias são classificadas como impróprias em mais de 50% do ano.

Em fevereiro, o AGORA RN recebeu denúncias de moradores da região sobre um esgoto a céu aberto na localidade. Na época, a Caern foi procurada e afirmou que a situação é decorrente de problema de drenagem, cuja responsabilidade é da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (Semurb).

De acordo com o Idema, a perda de balneabilidade está relacionada com a poluição e o não tratamento adequado do esgoto. Até o momento, a situação é a mesma de quatro meses atrás.

Esgoto irregular

Em abril, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN) promoveu uma audiência pública para debater a situação. Segundo o Ministério Público do Estado (MPRN), a Prefeitura do Natal identificou pelo menos 83 imóveis de Mãe Luiza e Areia Preta que têm ligações de esgoto clandestinas que acabam na rede de drenagem e são despejadas no mar. O MPRN informou que o Município notificou os imóveis em setembro do ano passado para regularização da situação, sob pena de autuação.

Agora RN

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