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Praticantes do surfe reclamam de Ponta Negra após a engorda: “ondas sumiram”

FOTO: JOSÉ ALDENIR

A engorda na praia de Ponta Negra provocou mudanças não só na areia da praia, como também no mar, segundo afirmam banhistas e visitantes de um dos cartões postais mais famosos do Rio Grande do Norte. Surfistas atuantes em Ponta Negra falaram, ao AGORA RN , sobre as condições do local para a prática do esporte e mudanças nas ondas ocasionadas pela obra.

Jorge Henrique, instrutor de surfe e fundador da Escola de Surfe Morro do Careca, informou que a escola ainda não retornou às aulas por questões logísticas e de organização de materiais no espaço onde as aulas ocorrem. “Também a parte logística do mar, ainda não está 100%. Onda tem de vez em quando, quando entra o swell (séries de ondas no mar) certo, nas marés de lua nova ou de lua cheia, que dá onda”, falou.

“Estou me virando aos poucos, a situação não está normal ainda, a praia de Ponta Negra está também bem fraca em relação ao turismo, em relação às pessoas que frequentam a praia. Muita gente reclama”, disse Jorge e citou que banhistas mencionam regularmente sobre os rodolitos presentes na areia da praia e no mar.

Ele também disse que, em relação ao trabalho de aulas particulares, a situação se complica um pouco mais, com a praia “parada”. “Agora mesmo estou aqui na praia parada, a manhã já está de enchente, quando ela começa a encher nesse momento já não tem mais condições de dar aula e nem de alugar prancha, porque eu não vou alugar prancha para as pessoas se machucarem”, completou.

O instrutor de surfe da AR Surf School, Gustavo Leão, por outro lado, afirmou que Ponta Negra não está completamente adequada para a prática do surfe. “Na [maré] seca, em condições específicas, como marés de lua cheia ou nova que ela regride bastante, tem um intervalo de tempo para a prática do surf, mas de toda forma não é a ideal em grande parte do tempo”, disse.

Ele também informou que a escola, que tem mais de 50 alunos, precisou mudar de local de prática devido às alterações na praia de Ponta Negra, indo para a praia de Cotovelo na maioria dos dias. “Teve que mudar de local devido a não condição ideal de surf na maior parte do dia. Optamos mudar para a praia de Cotovelo porque ela proporciona atender iniciantes como surfistas mais avançados, ainda sim nos dirigimos a outras praias como Miami e Tabatinga a fim de atender o público mais avançado”, completou.

“Quase todo nosso equipamento teve que ser realocado em outra localidade mais próxima de Cotovelo, para que a logística fique mais fácil, o que acaba também impactando no custo de funcionamento da escola”, falou Gustavo.

Também instrutor de surfe na AR Surf School, Lysandro Leandro contou, à reportagem, que após a engorda de Ponta Negra, a praia “está bem ruim com tempo de surfe limitado”, com intervalo para prática somente na maré seca. “Isso acaba dificultando a vida dos amantes do surfe que poderiam surfar a qualquer hora do dia, independente de maré cheia ou seca”, falou.

“A mudança na orla fez com que o fundo do mar ficasse mais profundo e as ondas não chegassem com força na beira e não está formando uma boa onda para surfar, ela apenas quebra diretamente na areia, no raso”, adicionou.

Engorda de Ponta Negra

A engorda da Praia de Ponta Negra foi uma resposta à erosão costeira, que é um problema global agravado pelas mudanças climáticas e pela elevação do nível do mar. A obra de aterro hidráulico, que ampliou a faixa de areia da praia ao longo de 4,6 quilômetros da orla, iniciando na Via Costeira até o Morro do Careca, foi concluída em janeiro.

Agora RN

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