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‘Porto-Ilha’ do RN mira expansão para apoio ao offshore

FOTO: RENATA MOURA

O Porto-Ilha de Areia Branca, responsável pela exportação do sal à granel do Brasil e único terminal offshore do mundo criado para esse tipo de produto, virou base para estudos do SENAI do Rio Grande do Norte voltados às energias renováveis e já traçou planos de expansão para agregar uma área de apoio logístico à implantação de futuros parques eólicos no mar. O projeto de expansão, estimado na casa dos R$ 500 milhões, seria assinado pelo consórcio Intersal com o grupo americano Edison Chouest Offshore.

A intenção, segundo Valmir Araújo, diretor executivo da Intersal, consórcio que assumiu a operação do terminal salineiro há um ano, é pelo menos dobrar a área da ‘Ilha’, atualmente com 38 mil metros quadrados, para incorporar a movimentação também da atividade. A perspectiva, já apresentada ao governo do Estado, foi compartilhada com representantes de indústrias do RN e integrantes da primeira Missão do Reino Unido ao Rio Grande do Norte com foco em discussões sobre energia eólica offshore.

A ideia, segundo Araujo, não é reduzir o espaço disponível ao armazenamento e escoamento do sal do Estado – detentor de 95% da produção nacional do produto – mas implantar uma espécie de anexo à infraestrutura para atender, também, à demanda da nova indústria. A estrutura, diz o diretor, seria complementar e não concorrente para o Porto-Indústria Verde que o governo do estado projeta entre os municípios de Caiçara do Norte e Galinhos.

“Hoje, enxergamos uma grande possibilidade de o Porto ser apoio marítimo para o desenvolvimento da indústria eólica offshore na costa do Rio Grande do Norte”, diz o diretor executivo da Intersal.

Os planos apresentados pela empresa envolvem a duplicação do Porto-Ilha e a aquisição de guindastes de 500 a 700 toneladas para movimentação de peças e de todo o material necessário à montagem das torres e fundações de futuros parques eólicos. Além do apoio logístico para cargas, a intenção seria oferecer instalações para hospedagem das equipes que atuarão nos projetos.

“O projeto que o governo desenvolve é de um porto onde vão ser construídas as estruturas, fabricados materiais. Nós, por outro lado, serviríamos como plataforma de instalação avançada onde o material chega e é armazenado, aguardando o momento certo de ir para o local de instalação”, observa. A 20km da costa de Areia Branca, o Porto, uma “ilha artificial” implantada há aproximadamente 50 anos no mar e, até hoje, único polo de exportação de sal a granel do Brasil, movimenta 2 milhões de toneladas do produto por ano.

“O grande potencial eólico está ao nosso redor, a algumas horas de navegação, e dependendo das embarcações, é possível chegar bem mais rápido até ele. Também estamos próximos a Mossoró, que tem aeroporto, conexão com o resto do Brasil, e enxergamos que tudo isso facilita uma instalação portuária para desenvolver projetos e negócios no seu entorno”, argumenta Araujo.

No contexto da indústria de energia, a área tem sido utilizada como apoio para estudos do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) com foco no potencial eólico e em pesquisas ligadas a variáveis oceanográficas.

O mar “azul turquesa” que envolve o terminal abriga, com esse objetivo, a BRAVO – Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore – tecnologia desenvolvida de forma inédita no Brasil pela Petrobras em parceria com o ISI-ER e o Instituto SENAI de Sistemas Embarcados. A área também foi escolhida como sede do parque eólico experimental que o SENAI quer implantar como sítio de testes para a indústria offshore.

Potencial

O Rio Grande do Norte é o maior gerador de energia eólica em terra e tem cadastrados para o mar, além do projeto da instituição, nove complexos de geração de energia eólica. Dez empreendimentos estão à espera de licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A expectativa do mercado é que os primeiros sejam implantados e entrem em operação até o ano 2030.

A potência somada nesses empreendimentos é de 17,84 Gigawatts (GW). O número corresponde a quase 10% do total previsto para o Brasil no offshore e a mais que o dobro da capacidade atualmente instalada nos parques terrestres do Estado. “Nós estamos, neste terminal, no centro da melhor área de produção de energia medida pelo Instituto SENAI de Inovação e entendemos que a perspectiva de transformação do Porto-Ilha em infraestrutura também de operação e manutenção da indústria eólica vem em muito incrementar o ambiente de atração de negócios para o Rio Grande do Norte”, diz o diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello.

A visita ao Porto-Ilha teve a participação da Cônsul do Reino Unido no Recife (PE), Larissa Bruscky, da gerente de Desenvolvimento de Negócios do Consulado Britânico no Rio de Janeiro, Carolina Silva, e do consultor britânico Leonard Taylor. O Reino Unido é líder do setor de energia eólica offshore na Europa e sede do desenvolvimento do maior complexo eólico offshore do mundo.

Tribuna do Norte

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