CABRAL SE DESPEDE AO DEIXAR COMPLEXO DE GERICINÓ (FOTO: REPRODUÇÃO TV GLOBO)
Viaturas da Polícia Federal (PF) já deixaram o Complexo de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio, para realizar a transferência do ex-governador Sérgio Cabral, que está preso. Eles será levado de Bangu em um comboio para a sede da PF, na Praça Mauá, no Centro, e depois para o aeroporto, onde irá embarcar para Curitiba. A previsão é que Cabral chegue ao terminal de cargas da PF, no Aeroporto Tom Jobim, o Galeão, às 12h.
Em imagens aéreas, Cabral foi filmado se despedindo de pessoas dentro do presídio. No momento em que deixava o presídio, Cabral foi vaiado e chamado de “ladrão” por pessoas que aguardavam para visitar internos.
“Estava recebendo visitas de forma ilegal. Visita de parlamentares e até mesmo de familiares em descumprimento às regras de visitação. Isso fere o princípio da igualdade. Eu tive o cuidado de agrupá-los e enviá-los ao juiz federal para que ele tivesse conhecimento do que estava acontecendo”, disse o promotor André Guilherme de Freitas, do Ministério Público do RJ.
Em seu ofício ao juiz Bretas, o promotor comunica que a visita ao ex-governador está ocorrendo de forma “irregular e ilegal”. Para chegar a essa conclusão, o promotor colheu informações de visitantes e da Seap.
“O referido réu está recebendo visitas de familiares e pessoas amigas em desconformidade com resolução que limita a um único credenciamento”, informa o documento. As regras são semelhantes a parentes.
O documento ainda relata que autoridades públicas devem visitar o ex-governador no exercício de suas funções, o que, segundo descobriu o promotor, não vem acontecendo.
Cabral está preso desde o dia 17 na cadeia pública José Frederico Marques. Sua prisão fez parte da Operação Calicute, da Polícia Federal e Ministério Público Federal, que apura desvios em obras do governo estadual. O prejuízo é estimado em mais de R$ 220 milhões. Além de Cabral, dez pessoas foram presas no dia da operação. Na terça-feira (6), a advogada Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, também foi detida.
A operação Calicute foi deflagrada a partir de investigações da Polícia Federal e de uma Força-tarefa do Ministério Público Federal do RJ. De acordo com as investigações, Cabral era o cabeça do esquema de corrupção e de recebimento de propina, que envolvia obras da Andrade Gutierrez.
A Polícia Federal concluiu no dia (30) o inquérito relativo à 1º fase da Operação Calicute. As investigações resultaram em 16 pessoas indiciadas pelos delegados federais que conduziram o procedimento por crimes que vão de corrupção passiva e ativa, organização criminosa a lavagem de dinheiro. Serão instaurados ainda outros inquéritos policiais para aprofundamento de novas vertentes da investigação. Entre os indiciados estão o ex-governador Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo.
A Seap divulgou nota sobre as visitas ao ex-governador. No documento esclarece que “todas as visitas de familiares do ex-governador Sérgio Cabral foram previamente cadastradas e tiveram as carteirinhas de visitantes expedidas conforme normas desta secretaria. Esta secretaria esclarece, também, que tem sido fiscalizada pelo Ministério Público e pela Vara de Execuções Penais nesta unidade prisional e em todas as outras. Cabe ressaltar que deputados possuem prerrogativas parlamentares para entrar e, inclusive, fiscalizar unidades prisionais a qualquer momento, sem necessariamente ser o dia de visita”.
A Secretaria Penitenciária esclareceu ainda que há câmeras em Bangu 8 para monitorar a movimentação dos detentos. A Seap colocou os vídeos à disposição do Ministério Público Estadual e do Ministério Público Federal para que se verifique se houve ou não facilidades ou benefícios concedidos a internos.

CABRAL PRESTES A ENTRAR EM VIATURA DA PF (FOTO: REPRODUÇÃO TV GLOBO)
G1 Rio

