A ideia surgiu em uma competição promovida pela universidade no fim de abril. Grupos de estudantes precisavam montar uma startup (ideia inicial de negócio que pode vir a gerar lucro) em 54 horas. “Alguns dos integrantes passaram pela situação de querer ajudar uma pessoa que havia sido expulsa de casa por ser LGBT [sigla para Lésbica, Gay, Bissexual, Travesti e Transexual]. E na competição aconteceu que este integrante pensou em conectar os dois lados”, conta Wallace Soares, desenvolvedor da plataforma online.
Um grupo de oito estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) criou o Mona Migs, uma plataforma que pretende unir homossexuais desabrigados a pessoas dispostas a ceder um espaço temporário.
Disponível no Facebook e com site em fase de testes, o Mona Migs deve ser inspirado num projeto de hospedagem solidária. “No geral, funcionará mais ou menos como o Couchsurfing [surfando no sofá, em português]”, compara Bárbara Lapa, responsável pela área de negócios da startup, ao mencionar um site em que as pessoas oferecem hospedagem de graça e podem usufruir da mesma hospitalidade.
Por enquanto, o projeto está pré-cadastrando pessoas interessadas em fornecer abrigo. Já são 15 candidatos. É preciso informar dados pessoais e o tempo disponível para acolhimento. Mas vários detalhes ainda precisam ser determinados, principalmente questões de segurança, para assegurar que nenhum dos dois lados possa se aproveitar da plataforma de má-fé. “A pessoa vai poder conversar com a outra antes e decidir se pode confiar”, diz Bárbara.
Nesta primeira fase, o Mona Migs é voltado somente para Pernambuco, mas os estudantes pretendem expandir a ideia. Por enquanto, além de formatar o projeto jurídica e administrativamente, a busca é por financiamento. Segundo os idealizadores, algumas organizações não governamentais já estão interessadas em fazer parcerias.
Pesquisas
Para verificar se havia, de fato, demanda para o serviço, os criadores do Mona Migs fizeram pesquisas pela internet e em pontos do Recife que reúnem público LGBT. Foram mais de 500 respostas online. Eles identificaram que 75% dos homossexuais tinham medo de ser expulsos de casa e 60% disseram conhecer alguém que já ficou sem abrigo. Por outro lado, 55% dos consultados afirmaram que acolheriam uma pessoa LGBT em situação urgente.
Nas ruas, foram 23 depoimentos qualitativos com resultados semelhantes. Alguns foram publicados na página do projeto.
Agência Brasil