Uma das ideias defendidas pelo prefeito Álvaro Dias para o novo Plano Diretor de Natal – que está em processo de revisão após 12 anos -, a permissão para a construção de prédios maiores na orla pode prejudicar a ventilação em áreas da cidade se a proposta não for bem planejada. É o que afirma a professora Bianca Dantas, chefe do Departamento de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Darq/UFRN).
A professora explica que, na configuração urbana atual, o Parque das Dunas divide a orla de Natal em duas: a porção de Ponta Negra, na zona Sul, e a região que abrange as praias de Areia Preta, Do Meio, Forte e Redinha, nas zonas Leste e Norte. “A ventilação adentra o tecido urbano diretamente por essas duas porções de orla. Pelo Parque das Dunas, a ventilação, devido à altura e sombra de vento que produz, só penetra o tecido urbano após uma determinada distância dessa barreira natural”, conta a professora.
Por causa disso, segundo Bianca, “caso sejam acrescentadas barreiras de edificações, tanto em altura como também na largura, a ventilação com velocidade será cada vez mais reduzida e não adentrará satisfatoriamente em boa parte da cidade”.
A chefe do Departamento de Arquitetura da UFRN observa que a ventilação em Natal é bastante dinâmica e que são decisões de planejamento urbano que direcionam a circulação de ar. Ela aponta que a capital potiguar está localizada próxima à Linha do Equador e que, por isso, recebe radiação solar de forma quase perpendicular à superfície. Além disso, a cidade tem clima quente e úmido. Por causa disso, a circulação de vento é necessária para retirar o calor acumulado das superfícies.
A professora defende que a ventilação circule entre as edificações e barreiras, criando áreas de sombra de vento extensas na direção predominante, impactando o conforto ambiental urbano. “Verticalizar a orla pode trazer efeitos nocivos à toda a população que estará nas áreas posteriores”, acrescenta.
Agora RN