
EM TORNO DE 10H OS AGENTES SAÍRAM DA EMPRESA CARREGANDO PASTAS E ENVELOPES, MAS NÃO FALARAM COM A IMPRENSA (FOTO: FERNANDA ROUVENAT / G1)
A Polícia Federal e a Receita Federal cumpriam, desde às 5h30 desta quinta-feira (22), mandados de busca e apreensão na sede da petroleira e construtora naval do empresário Eike Batista, a OSX, que fica no décimo andar de um prédio no Centro do Rio de Janeiro. A ação intitulada “Operação Arquivo X” faz parte da 34ª fase da Operação Lava Jato.
Em torno de 10h os agentes saíram da empresa carregando pastas e envelopes, mas não falaram com a imprensa. No local, ninguém foi detido ou conduzido coercitivamente. No entanto, o ex-CEO da OSX Luiz Eduardo Carneiro foi preso nesta manhã e chegou à sede da PF no Centro da cidade às 9h40.
Ao todo, na cidade do Rio estão previstos 13 mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão temporária e cinco mandados de condução coercitiva.
Segundo a PF, o nome dado à investigação policial “é uma referência a um dos grupos empresarias investigados e que tem como marca a colocação e repetição do ‘X’ nos nomes das pessoas jurídicas integrantes do seu conglomerado empresarial”.
Nesta fase da operação são investigados fatos relacionados à contratação pela Petrobras de empresas para a construção de 02 plataformas (P-67 e P70) para a exploração de petróleo na camada do pré-sal, as chamadas FSPO´s (Floating Storage Offloanding), informou a Polícia Federal, em nota.
As investigações apontaram que em 2012, a OSX e a Mendes Júnior Trading e Engenharia fecharam um contrato de 922 milhões de dólares com a Petrobras, apesar de “pouca experiência nessa área”, segundo os investigadores, que apontaram ainda que as empresas teriam conseguido esses contratos mediante pagamento de propinas.
“O que podemos dizer sobre Eike Batista é que ele compareceu espontaneamente, prestou depoimento e apresentou provas. Ele é conduzido como testemunha, ele não é colaborador”, esclareceu Carlos Fernando dos Santos, procurador da República, em coletiva em Curitiba, no Paraná.
Ex-CEO da OSX é preso e levado à PF
Em torno de 9h40, o ex-presidente da OSX, Luiz Eduardo Carneiro, chegou à sede da Polícia Federal no Centro do Rio. Segundo o delegado da Polícia Federal, Igor Romário de Paula, o executivo é um dos detidos na operação realizada nesta quinta-feira.
Em delação premiada em 2015, Eduardo Vaz da Costa Musa, ex-gerente da Área Internacional da Petrobras, declarou que o CEO da OSX sabia do esquema e que participou de pelo menos uma reunião referente ao assunto. O delator disse que não sabe se Eike Batista “tomou conhecimento desses fatos”, mas que o presidente mantinha contato frequente com Carneiro.
Na época, a OSX informou, em nota, que iria instaurar um procedimento interno para apurar as denúncias de Eduardo Musa. “A atual Administração da OSX – Diretoria Executiva e Conselho de Administração – ressalta que conduz os negócios da Companhia e de suas subsidiárias sempre em observância das melhores práticas de mercado e não coaduna com qualquer eventual prática de atos em desconformidade com a lei”, diz trecho da nota.
Ainda de acordo com a PF, o então ministro Guido Mantega, preso nesta quinta-feira, teria pedido 5 milhões de reais ao empresário Eike Batista para bancar despesas de campanha do Partido dos Trabalhadores (PT). A OSX teria fechado contrato com uma empresa de fachada de publicitários já envolvidos e presos na Operação Lava Jato, e esses repasses teriam se dado em contas no exterior.
“Ele [Mantega] nega que haja ligação desses fato com qualquer pagamento de propina, no entanto, as coincidências nos levam a crer”, acrescentou Carlos Fernando dos Santos, procurador da República.
O diretor de Negócios Industriais da Mendes Júnior, Ruben Costa Val, foi preso pela Polícia Federal em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Eike diz que apagou US$ 2,35 milhões ao PT
O empresário Eike Batista disse em depoimento ter pago US$ 2,35 milhões ao PT a pedido do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF). À época, a quantia era equivalente a cerca de R$ 4,7 milhões.
Segundo o MPF, Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, declarou em depoimento que, em 1/11/2012, “recebeu pedido de um então ministro e presidente do Conselho de Administração da Petrobras” – Mantega – para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões, no interesse do Partido dos Trabalhadores (PT).
“Para operacionalizar o repasse da quantia, o executivo da OSX foi procurado e firmou contrato ideologicamente falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em 19/04/2013 foi realizada transferência
de US$ 2.350.000,00, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários”, continua o MPF em nota.
A Polícia Federal informou ainda a existência de um mandado de busca de apreensão e um mandados de condução coercitiva em Cabo Frio, na Região dos Lagos, e um mandado de busca e apreensão em São João da Barra, na mesma região.
Já em Niterói, na região metropolitana, há três mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão temporária e um mandado de condução coercitiva.
G1 PR

