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Pesquisador da UFRN alerta para formação de segunda onda da covid-19 no RN

SEGUNDO ELE, O TEMPO CARACTERÍSTICO ENTRE A PRIMEIRA E A SEGUNDA ONDA NESSES ESTADOS ESTÁ DE ACORDO COM O LAPSO TEMPORAL JÁ OBSERVADO EM OUTRAS POPULAÇÕES PELO MUNDO. FOTO: ILUSTRAÇÃO/GETTY

O professor José Dias do Nascimento, astrofísico do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE), disse que está se formando uma segunda onda da covid-19 em pelo menos cinco estados do Nordeste: Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Sergipe e Bahia. Segundo ele, o tempo característico entre a primeira e a segunda onda nesses estados está de acordo com o lapso temporal já observado em outras populações pelo mundo.

“O Ceará e o Rio Grande do Norte tem situações parecidas e uma segunda onda vigorosa. O comportamento futuro da pandemia nestes estados ocorre em função de dois aspectos: a taxa de circulação que gera transmissibilidade e o surgimento de uma vacina”, afirma Dias. A projeção feita por ele é baseada nos dados públicos da doença obtidos até sexta-feira, 11.

O pesquisador usa o Modelo Epidemiológico Susceptível, Exposto, Infectado e Recuperado (SEIR, na sigla em inglês) para chegar à sua conclusão. Em artigo publicado em seu blog, explica ainda que os cálculos e projeções são feitos a partir das séries temporais do número de casos confirmados e número de óbitos.

“De forma simplificada, estes modelos assumem que uma população poderia ser subdividida em compartimentos. Uma vez alimentado com os dados fornecidos pelas secretarias de saúde dos estados do Nordeste, podemos responder se acontecerá ou não uma segunda onda. Foi assim que previmos o topo da distribuição de casos nos estados do Nordeste na primeira fase da pandemia”, acrescenta.

Em outro texto, Dias afirma que o RN apresenta isolamento social baixo e segue uma tendência de risco pandêmico alto. Para ele, isso é resultado do período de pós-abertura, ocasionado pelo fim dos decretos de isolamento, com superposições de circulação massiva de pessoas, é o caso do retorno às aulas em algumas escolas privadas. Outro fator que pode ter agravado o quadro foram as e nas campanhas políticas, segundo o pesquisador.

“Os grupos de susceptíveis circulantes colocaram a sociedade em risco. De forma geral, o uso de máscaras é irregular e o R(t) oscila em torno de 1, o que contribui para o maior risco epidêmico. Além disso, o estado apresenta uma subnotificação de quase 30 dias, com isso, o R(t) real no Rio Grande do Norte deve estar constante e acima de 1”, sugere o pesquisador.

De acordo com José Dias, leitos com ocupação acima de 75% formam o cenário de risco e possibilidade de uma nova onda. Ele estima que, na situação atual, sem vacinas, a presente pandemia pode continuar até maio de 2021, com os níveis atuais de óbitos ou uma piora considerável.

“A pandemia longa é um péssimo cenário para os vários segmentos do Estado do RN. O Modelo-Mosaic UFRN (EpideMic InfectiOus DiSease of lArge populatIon Code – MOSAIC) mostra que o RN é o estado com o pior cenário entre os estados do Nordeste, seguido pelo CE. Essa projeção pode ser mudado de duas formas: com a melhora nos índices de isolamento ou com a vacina”, orienta José Dias.

Portal da Tropical

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