A reta final de campanha eleitoral no Rio Grande do Norte está marcada pela enxurrada de pesquisas e, por gravidade, a suspeita de uso de institutos para favorecer candidatos. Numa consulta rápida à página de registro de pesquisas, é possível contar dezenas delas espalhadas por todos os municípios potiguares, mas, principalmente, nas cidades com maior representatividade.
É o que acontece em Pau dos Ferros, a capital do Alto Oeste potiguar. O caso envolve o Instituto Seta, que recentemente divulgou uma pesquisa e levantou vários questionamentos, inclusive, sendo motivo de discussão no plenário da Assembleia Legislativa. A metodologia aplicada foi ponto de suspeito, com os deputados estaduais sugerindo uma vigilância maior por parte do Ministério Público Eleitoral (MPE).
Agora, a poucos dias do pleito, o Seta registrou mais uma pesquisa em Pau dos Ferros e, dessa forma, aumentou as desconfianças. O que mais chama atenção, é que a SETA é contratante e contratada do seu próprio serviço. Isso porque foi o próprio instituto o contratante que registrou a pesquisa junto ao TSE. Ou seja, a empresa vai tirar do bolso as despesas de uma pesquisa, quando, comumente, são veículos de comunicação ou entidades representativas quem contratam as pesquisas.
A situação torna-se ainda mais polêmica porque representantes do referido instituto entraram em confronto com pessoas que decidiram, por conta própria, fiscalizar o trabalho. Populares abordaram os entrevistadores do Seta para que eles se identificassem e revelassem para quem estão trabalho. Por consequência, a diretora do instituto, identificada como Ingrid Paiva, alegou, em áudio que circula nas redes sociais, que os pesquisadores foram perseguidos na cidade. No entanto, vídeos gravados por populares não confirmam a versão. Não é possível observar ameaça, nem perseguição. O que há, de verdade, são pessoas questionando a identificação dos pesquisadores e fazendo perguntas naturais, haja vista que o próprio instituto tem obrigação de circular devidamente identificado no momento da abordagem de campo.
Em razão das polêmicas pesquisas, que se verifica em todo o País, a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) enviou à Procuradoria-Geral Eleitoral pedido para investigar indícios de irregularidades, diante do grande número de pesquisas eleitorais nas eleições 2020, com o fato inusitado que boa parte das pesquisas são pagas pelos próprios institutos.
O caso de Pau dos Ferros deve provocar o Ministério Público Eleitoral para abrir investigação e, assim, combater abusos e garantir a lisura das pesquisas e das eleições municipais.