Dona Marisa descartou o rótulo quase automático conferido às primeiras-damas: o da “beleza imensurável” a serviço do homem mais poderoso do país. Ao contrário disso, Marisa reforçou seus predicados de fortaleza e determinação, que são muito mais atraentes e cativantes do que a simples e vazia beleza estática que comumente se associa ao título de primeira-dama.
Marisa não era um adereço de Lula, nem um objeto estético que ele usasse pra se gabar. Era uma mulher extremamente comum, de hábitos simples e de origem humilde. Décima filha de um casal de agricultores, teve a oportunidade de estudar apenas até a sétima série. Aos treze anos, trabalhou como operária numa fábrica de chocolates, emprego que só pode abandonar aos vinte, para ser educadora na rede da prefeitura de São Bernardo do Campo. Marisa se deparou com a morte ainda bem jovem – seu primeiro esposo foi assassinado quando completavam seis meses de casamento. E foi na busca pelo pecúlio deixado pelo esposo que a jovem viúva adentrou o universo do Sindicato dos Trabalhadores, sem saber que aquele espaço se tornaria, por algum tempo, sua segunda casa. Lula adotou o filho de Marisa, e juntos construíram sua família.
Sua atuação política nunca se assemelhou ao marido. Marisa não era dada aos discursos públicos, às exposições, mas não dispensava uma boa conversa sobre política. Enquanto Lula habitava os palanques e reuniões sindicais, Marisa se dividia entre as tarefas do lar e as ações práticas do partido. Foi ela quem fez a primeira bandeira do PT, por ser habilidosa em silk-screen. Marisa chegou a estampar 20 mil camisas durante a campanha de Lula para deputado. Era da bolsa dela que saiam as canetas para autógrafos, talão de cheque e documentos do marido. Nem mesmo a carteira ele levava nos bolsos, tudo estava sempre com Marisa.
Fonte: Site Lado M