Partidos de centro e de direita se preparam para se aproveitar, nas eleições municipais no Nordeste, da queda na reprovação do governo Jair Bolsonaro. Pesquisas internas mostram que o presidente ganhou adesão principalmente entre eleitores lulistas — uma fatia do eleitorado que aprova o governo, mas não é de direita. Para conquistá-los, a melhor estratégia, segundo dirigentes, é evitar a discussão ideológica.
Em publicação nesta sexta-feira, Bolsonaro disse que não irá “participar, no 1° turno, nas eleições para prefeitos em todo o Brasil”, alegando que tem muito trabalho na Presidência e que isso “tomaria todo meu tempo num momento de pandemia e retomada da nossa economia”. Isso não significa, porém, que políticos não tentarão vincular o nome deles ao do presidente.
Na visão de presidentes de partidos ouvidos por ÉPOCA, eleitores que rejeitavam Bolsonaro por temer perder o Bolsa Família agora aprovam o governo por ter pago o auxílio emergencial na pandemia. Por isso, o impacto foi maior no eleitorado mais pobre. Sondagens internas dos partidos mostram que, depois do auxílio, a rejeição a Bolsonaro passou a ser menor do que a aprovação em boa parte das pequenas e médias cidades de Alagoas, Piauí e Pernambuco, por exemplo.
No interior, porém, há uma preocupação: a estratégia é de que os candidatos até podem se mostrar bolsonaristas, mas sem bater no ex-presidente Lula, cuja popularidade ainda é alta. A ideia é mostrar proximidade com Bolsonaro sem “ideologizar” a disputa, já que não se sabe até que ponto isso pode ajudar. Já os setores da oposição que querem fazer das eleições municipais um palanque contra Bolsonaro devem sair enfraquecidos, avaliam dirigentes partidários.
Época