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Participação feminina em cargos de gestão se fortalece na UFRN

FOTO: CÍCERO OLIVEIRA

O ano era 1838. Movida pela defesa dos direitos das mulheres, aos 28 anos, a potiguar Dionísia Gonçalves Pinto, ou Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo escolhido por ela, abriu a primeira escola para meninas no Rio de Janeiro. A proposta de Nísia era oferecer às mulheres a oportunidade de aprender mais do que boas maneiras e cuidados com o lar e com o marido. Ela passou a ensinar para as meninas a gramática, escrita e leitura do português, francês e italiano, ciências naturais e sociais, matemática, música e dança.

Quando Nísia abriu o colégio Augusto, o ditado popular em voga à época era “o melhor livro é a almofada e o bastidor*”, que demonstrava bem a situação das mulheres naquele período. Nísia se colocou à frente de seu tempo ao abrir e gerir uma escola, mesmo diante dos preconceitos que enfrentou. De 1838 até os dias atuais, as mulheres precisaram superar muitos obstáculos para conquistar espaços na sociedade brasileira, principalmente quando se fala em representação feminina em cargos como os de gestão.

No serviço público, a primeira mulher a ocupar o cargo de ministra de Estado foi Ester de Figueredo Ferraz, que assumiu a pasta da Educação no período de agosto de 1982 até março de 1985. Atualmente, as mulheres são gestoras em várias áreas. A representatividade feminina é destacada em cargos de ministras do Governo Federal, que conta atualmente com 11 mulheres no comando de pastas como Planejamento, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Saúde e Gestão.

Na área da educação, atualmente, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, fundação vinculada ao Ministério da Educação (MEC), tem uma mulher como presidente, a bióloga Mercedes Maria da Cunha Bustamante. Ela é uma das oito indicadas pelo ministro da Educação, Camilo Santana, para ocupar cargos-chave no ministério.

Em pouco mais de 60 anos de existência, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) também consolida a participação feminina em cargos de gestão na instituição. Uma dessas mulheres de destaque foi Zila da Costa Mamede, fundadora do Sistema de Bibliotecas da UFRN e diretora por 21 anos da Biblioteca Central da UFRN, entre os anos de 1959 a 1980.

Além de outras mulheres que contribuíram para a administração UFRN, a Instituição contou com um reitorado feminino no período de 2011 a 2015, com Ângela Maria Paiva Cruz e Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes, reitora e adjunta, respectivamente. Neste dia 8 de março, data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a participação feminina em cargos de gestão na UFRN se fortalece cada vez mais.

Gestoras

À frente da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp) da UFRN, órgão de planejamento e de administração dirigido à formulação e implementação da Política de Gestão de Pessoas da Universidade, está uma mulher que atua no cargo há 12 anos. Mirian Dantas assumiu a Progesp em 2011 e, desde então, vem conduzindo com eficiência e compromisso as ações voltadas para os servidores da UFRN. Para ela, na Instituição, a equidade de gênero da administração central é uma realidade.

“Felizmente, a comunidade da UFRN preza muito pela competência de cada um e de cada uma para realizar o trabalho. Com base na minha experiência, pontuo que os maiores desafios que são impostos às gestoras da UFRN, graças à consciência e à luta das mulheres ao longo dos anos, não necessariamente têm a ver com o fato de serem mulheres”, acrescenta.

A gerência feminina também é destaque na Pró-Reitoria de Administração (Proad), sob o comando de Maria do Carmo de Araújo como pró-reitora e Izabel de Medeiros Coelho como adjunta. Elas atuam no setor responsável pela supervisão e coordenação das áreas de contabilidade, finanças, material, patrimônio, segurança, transportes e serviços gerais da UFRN.

Os desafios da administração institucional não são pequenos, mas Maria do Carmo Araújo assegura que, em razão da pluralidade, respeito e diversidade típicos do ambiente de formação acadêmica, ser mulher e gestora na UFRN faz com que “o exercício diário de líder seja mais leve e natural”.

E, nesse exercício, apesar de existirem, poucas são as situações nas quais se depara com alguma atitude que transpareça resistência ou desprezo pelo fato de ser mulher. “Na UFRN, na minha avaliação, não há distinção em razão do gênero para ocupação dos cargos de gestão, sejam eletivos ou de indicação. De igual forma, o reconhecimento também ocorre pelo mérito, sem que a ele se relacione o gênero”, assegura.

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