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Parte do Baobá do Poeta desaba em Natal, e pesquisadores tentam garantir preservação

FOTO: JOSÉ ALDENIR

Um dos símbolos mais emblemáticos da paisagem ambiental e cultural de Natal, o Baobá do Poeta sofreu uma ruptura estrutural nos últimos dias. Um galho de grandes proporções se desprendeu da árvore centenária, localizada na Avenida São José, no bairro Lagoa Seca, provocando danos significativos à planta.

A queda surpreendeu quem cuida do espaço, o advogado e escritor Diógenes da Cunha Lima, imortal da Academia Norte-rio-grandense de Letras e proprietário, desde 1991, do terreno onde o baobá está situado. “Foi uma surpresa, apesar de saber que a parte interna dos baobás é oca, vazia”, afirmou Diógenes, em entrevista à TV Ponta Negra.

Segundo ele, o período chuvoso que atinge a capital potiguar pode ter contribuído para o rompimento. O galho que caiu era tão pesado que nem o guincho enviado para a retirada conseguiu removê-lo com facilidade. Uma das placas onde está escrito “Baobá do Poeta” ficou empenada com a queda do galho.

A árvore, com aproximadamente 19 metros de altura e um tronco de 6 metros de diâmetro, é considerada um dos mais antigos habitantes naturais de Natal. A situação mobilizou uma série de iniciativas para tentar compreender o que causou a ruptura e encontrar meios de preservar o baobá.

“Várias ações foram feitas em busca de respostas”, relata Diógenes, que tem buscado apoio técnico de diversas instituições. Entre os envolvidos, estão pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e até especialistas internacionais vindos do Quênia e da África do Sul, países onde a espécie é nativa.

O reitor da UFRN, José Daniel Diniz, e o pró-reitor de Extensão, Graco Aurélio, ex-diretor do Centro de Biociências da universidade, também estão à frente dos esforços para garantir o diagnóstico e a conservação da árvore.

Desde que adquiriu o terreno em 1991, Diógenes da Cunha Lima diz ter assumido a missão de preservar o local como patrimônio material e espaço cultural. “Ela representa parte da cultura de Natal. Por isso mesmo, eu venho tomando conta. Aqui é um lugar de encontro, de cultura. Ele se integra na cidade como parte nobre da nossa cidade”, afirma.

Patrimônio

O Baobá do Poeta, localizado em Natal, é estimado por especialistas como tendo mais de 100 anos de existência. Embora não haja um registro exato da data em que foi plantado, acredita-se que a árvore tenha sido trazida da África durante o período colonial ou por missionários e viajantes em épocas posteriores. Ela é considerada um dos seres vivos mais antigos da cidade.

Ao jornal Tribuna do Norte, Diógenes da Cunha Lima conta ainda que o Baobá do Poeta foi a inspiração do escritor Antoine de Saint-Exupery, que teria passado por Natal em 1939 a caminho da Argentina. Nessa passagem, o escritor teria ficado maravilhado com o Baobá, retratando no livro “O Pequeno Príncipe”, publicado em 1943. Outras evidências que ganham corpo na teoria é o fato de que desenhos de dunas, falésias e um vulcão fazem parte do livro.

Agora RN

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