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Para Lula, mais importante é derrotar aliado de Cunha na eleição da Câmara

(FOTO: LULA MARQUES/FOLHAPRESS)

(FOTO: LULA MARQUES/FOLHAPRESS)

Apesar de ter Rodrigo Maia na sua lista de adversários mais contumazes, o ex-presidente Lula ainda acreditava que seria melhor para o PT apoiar o deputado do DEM para a presidência da Câmara. A notícia de que Lula advogava o apoio a Maia repercutiu mal entre os movimentos sociais e passou a ser desmentida por petistas. Mesmo assim, em viagem pelo Nordeste, onde busca aliados contra o impeachment de Dilma Rousseff, Lula reforçou que, apesar de ser contraditório o aval do PT a um político do DEM, o mais importante neste momento seria derrotar um candidato ligado a Eduardo Cunha. Rogério Rosso, um dos favoritos na disputa, tem endosso do governo interino e é o nome dos sonhos de Cunha.

Dirigentes petistas discordam de Lula e devem anunciar apoio a Marcelo Castro, do PMDB. Acreditam que Rodrigo Maia não pode ser considerado um candidato fora da órbita de Eduardo Cunha. O DEM apoiou a eleição do peemedebista para presidente da Câmara em 2014, e Maia foi escolhido a dedo pelo próprio Cunha como relator da comissão da reforma política em plenário. Os dois só se afastaram nos últimos meses, quando Cunha apoiou André Moura, do PSC, para líder do governo na Câmara. Maia almejava o cargo, mas foi preterido pelo governo de Michel Temer. “Seria uma contradição maior ainda a gente denunciar o golpe e depois apoiar um golpista na eleição”,  disse um parlamentar petista.

O Palácio do Planalto esperava ter um candidato único da base aliada, para não fragmentar a disputa, mas foi pego de surpresa com a indicação da bancada peemedebista para que Marcelo Castro, ex-ministro da Saúde, entre no pleito. Aliado de primeira hora de Eduardo Cunha, Castro foi o primeiro relator da comissão especial da reforma política, mas rompeu com o peemedebista depois de produzir um relatório que contrariava os interesses dele. O então presidente da Câmara chegou a dizer que faltava “inteligência política” a Castro, que revidou afirmando que Cunha deveria ter escolhido um relator mais submisso. Depois disso, Marcelo Castro se aproximou do governo Dilma, acabou nomeado ministro e votou contra o impeachment.

No início da tarde, Carlos Lupi, presidente do PDT, também recebeu o telefonema de uma liderança petista pedindo “cautela” ao decidir quem apoiar na eleição da Câmara: “Vamos perder de qualquer forma. Então, temos ao menos que pensar na nossa história”. O PDT cogitava igualmente apoiar Rodrigo Maia para evitar a eleição de Rogério Rosso, mas agora o mais provável é que apoie Marcelo Castro.

O candidato eleito amanhã só ficará no cargo até fevereiro de 2017, quando haverá eleição para a Mesa Diretora do novo biênio. O pleito, no entanto, interessa muito ao governo interino, de olho na aprovação de propostas importantes, como a de emenda à Constituição que fixa um limite para os gastos públicos. Rosso, do PSD de Kassab, é o preferido do governo interino por ser visto como único capaz de unir o centrão, formado por PSD, PTB, PP, PR e PSC, área de influência de Eduardo Cunha. Para evitar que Castro, apoiado pela base aliada do governo afastado, chegue ao segundo turno, os apoiadores de Rodrigo Maia tentarão, até amanhã, dissuadir Julio Delgado, do PSB, de disputar a eleição. Assim, Maia se tornaria o candidato único da antiga oposição, formada por PPS, PSDB, DEM e PSB.

Uol/Piauí

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