O papa Francisco expulsou o ex-cardeal norte-americano Theodore McCarrick depois que um julgamento da Igreja Católica o considerou culpado de abusar sexualmente de menores.
McCarrick, que já dirigiu a Arquidiocese de Washington e foi reconhecido como um poderoso defensor das prioridades políticas da Igreja Católica, foi informado da decisão nesta sexta-feira(15), informou um comunicado do Vaticano.
Ele é a figura católica mais importante a ser demitida do sacerdócio nos últimos anos. A medida foi considerada um “marco histórico”, segundo comunicado da Santa Sé, principalmente por ser a primeira vez na história da Igreja Católica que um cardeal é expulso da vida religiosa em decorrência de abuso sexual. A decisão foi tomada após o congresso da Congregação para a Doutrina da Fé emitir um decreto final do julgamento criminal que declara o arcebispo culpado do crime de pedofilia. Jorge Bergoglio “reconheceu a natureza definitiva, de acordo com a lei”, da decisão de reduzir o prelado ao Estado laico”, acrescenta o texto divulgado pela Santa Sé.
De acordo com a nota, o decreto foi emitido no último dia 11 de janeiro de 2019. McCarrick foi considerado culpado dos seguintes crimes perpetrados por um clérigo: solicitação na confissão e violação do sexto mandamento do Decálogo com crianças e adultos, com a agravante de abuso de poder.
Em decorrência disso, foi imposta a “pena de demissão do estado clerical”. Além disso, o documento ainda relata que, em 13 de fevereiro, durante sessão extraordinária, a Congregação examinou os argumentos apresentados em recurso protocolado pelo cardeal norte-americano.
No entanto, o líder da Igreja Católica confirmou a expulsão e não permitirá mais recursos contra a decisão. McCarrick foi o arcebispo de Washington de 2001 a 2006. Desde sua renúncia, no ano passado, do Colégio dos Cardeais, ele tem vivido em reclusão em um mosteiro em Kansas. O religioso foi a primeira pessoa a renunciar como cardeal desde 1927. Ele está entre as centenas de membros do clero acusados de abusar sexualmente de crianças durante várias décadas. Sua demissão ocorre poucos dias antes do papa Francisco realizar uma cúpula sobre a prevenção do abuso infantil no Vaticano.
Acusação contra o Papa
No ano passado, uma denúncia de que o papa Francisco teria acobertado crimes de abuso sexual cometidos pelo cardeal Theodore McCarrick caiu como uma bomba no Vaticano e se transformou no ataque mais forte contra Jorge Mario Bergoglio desde que ele assumiu a Igreja Católica, em março de 2013.
A acusação veio do arcebispo italiano Carlo Maria Viganò, um ex-núncio apostólico (espécie de embaixador) em Washington, através de uma carta de 11 páginas na qual alega que Francisco ignorou as denúncias de abusos cometidos por McCarrick. Na ocasião, o religioso pediu a renúncia do Pontífice.
Viganò disse que Francisco sabia, desde o início do seu Pontificado, que McCarrick era denunciado por abusos sexuais, mas permitiu que o sacerdote continuasse atuando. O prelado de 88 anos foi retirado do colégio cardinalício em julho, após ser acusado de violentar um adolescente há 45 anos, quando era padre em Nova York, e de foçar relações sexuais com seminaristas.
O ex-núncio apostólico ainda chegou a afirmar que alertou pessoalmente Francisco, logo após ele tomar posse, sobre a conduta de McCarrick. Este é um dos casos mais graves de abuso e pedofilia na Igreja e criou um verdadeiro terremoto entre os fiéis nos Estados Unidos.
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