O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou atrás e admitiu que a declaração feita na última sexta-feira de que prenderia agentes públicos foi uma “força de expressão” e que não foi apropriada. O juiz Sergio Moro questionou Lula sobre a fala feita em um evento partidário durante o depoimento prestado nesta quarta-feira, em Curitiba. Durante o depoimento, Moro questionou o que o ex-presidente queria dizer com a declaração: “se eles não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prendê-los pelas mentiras que eles contam”.
Primeiro, Lula contestou a atuação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público (MP) na investigação feita contra ele, mas depois de ser questionado por Moro repetidamente sobre o caso, acabou admitindo que se excedeu.
— A história um dia vai julgar se houve abuso ou não de autoridade nesse caso do comportamento tanto da PF quanto do MP no meu caso. (…) Isso é uma força de expressão. No dia que eu for candidato vai ter muita força de expressão nos palanques.(…) Eu já falei aqui que foi um ato de força de expressão — disse.
Lula também justificou sua declaração relembrando os tempos da ditadura militar para dizer que “não é atribuição do presidente prender ninguém”.
— Primeiro eu não prendo, o presidente não prende ninguém. Nunca antes na história, a não ser no regime autoritário, que o presidente manda prender alguém. O presidente manda investigar, abrir um inquérito, denunciar. Isso vale para todo mundo.
Moro também questionou o ex-presidente sobre uma declaração que ele teria feito aos policiais durante a sua condução coercitiva, no ano passado. Segundo o juiz, na ocasião Lula teria dito que “seria eleito em 2018 e que se lembraria de todos eles”. Depois de ser questionado várias vezes sobre o assunto, o ex-presidente respondeu que não se lembrava de ter dito a frase.
— Não sei se eu disse que me lembraria de todos eles. E também não sei se eu disse se seria eleito em 2018. Numa eleição, se você me perguntar é que nem mineração, sabe? Só depois da apuração é que você sabe. (…) Não me lembro se eu disse. (…) Eu não lembro o que aconteceu porque a reunião dentro do Aeroporto de Congonhas, o meu depoimento, foi uma coisa muito tranquila com a presença de deputados acompanhando. Eu sinceramente não tenho a menor noção.
FONTE: O GLOBO
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