PESQUISA APONTA QUE 66% DAS PESSOAS CONSULTADAS EM 23 NAÇÕES ESPERAM UM GOVERNO RUIM DO MAGNATA
WASHINGTON — Se nos Estados Unidos a população está dividida sobre o governo de Donald Trump, o mundo está majoritariamente pessimista. Uma pesquisa Ipsos, divulgada exclusivamente para O GLOBO no Brasil, aponta que 66% das pessoas consultadas em 23 nações esperam um governo ruim do magnata. O Brasil está em linha com a média mundial: 67% se declaram pessimistas.
A sondagem, realizada entre os dias 23 de dezembro e 6 de janeiro com mais de 18 mil pessoas, aponta apenas dois países onde a maior parte da população é otimista: Rússia e Índia. No país de Vladimir Putin — acusado pelo governo americano de ter espionado os democrata para favorecer Trump nas eleições e sofrendo novas sanções do governo Obama — 74% dos entrevistados acreditam que o governo de Trump será bom, contra 26% que esperam uma piora. Na Índia, 65% têm uma visão positiva do governo americano, seguidos por Estados Unidos (52%), China (45%) e Peru (44%).
Os mais pessimistas com Trump estão em Espanha (84%), México (81% do país que mais foi alvo da campanha de Trump, que prometeu construir um muro e ameaçou taxar empresas que produzam lá), Reino Unido (80%), Alemanha e Bélgica (78%). No vizinho Canadá, apenas 26% esperam um bom governo de Trump.
De acordo com a Ipsos, 31% dos entrevistados no mundo acreditam que Trump pode sofrer um impeachment ainda em 2017. Itália e Turquia (42%), seguidas pelo Canadá (41%) são os países que veem a maior probabilidade de o magnata não concluir nem um ano de mandato. E 27% dos brasileiros acreditam nesta possibilidade. O menor percentual de pessoas que acreditam na queda precoce de Donald Trump está na Hungria (16%), seguido pela Polônia (18%).
O levantamento também avaliou a popularidade do presidente que deixou a Casa Branca na sexta-feira: Barack Obama tem 76% de avaliações positivas na média global, segundo a Ipsos.
O Brasil está entre os países mais felizes com o governo do primeiro presidente americano negro: 83% aprovaram, o mesmo patamar de franceses, sul-africanos e suecos. Os mais otimistas com Obama, contudo, foram os sul-coreanos (92%), seguidos por indianos (89%), belgas (86%) e mexicanos (85%).
Por outro lado, os russos, que sofreram com as sanções americanas depois que Moscou anexou a Crimeia, são os que mais avaliam de forma negativa o governo de Obama: apenas 13% consideram seu governo bom. Na Turquia, o segundo país que mais mal avaliou Obama, 54% o aprovaram. Nos EUA, foram 56%.
— Os dados indicam uma mudança de ciclo para a posição americana no mundo. Obama foi visto por muitos na comunidade global como um presidente que olha para fora das fronteiras do país, enquanto o presidente Trump ganhou as eleições olhando para dentro e reforçando as fronteiras. E destaco que uma em cada três pessoas no mundo acredita que Trump pode deixar o governo ainda em 2017 — afirmou Cliff Young, presidente para os Estados Unidos da Ipsos Relações Públicas.
Em uma ampla matéria, a nova edição da revista Época expõe nacionalmente a fragilidade do governo do Rio Grande do Norte para conter a rebelião ocorrida no presídio de Alcaçuz. A publicação é enfática em afirmar que “uma sucessão de trapalhadas resultou num acordo do governo com criminosos do Rio Grande do Norte”. A missão de negociar com bandidos, segundo os jornalistas Daniel Haidar e Bruna de Alencar, que estiveram em Nísia Floresta, teria sido encabeçada pela delegada Sheila Freitas, diretora da Polícia Civil na Grande Natal.
Tem mais: A Época detalha que o suposto acordo foi registrado em ata e aconteceu na sede da polícia, no bairro Cidade Esperança, com José Claudio Cândido do Prado, o Doni Gil, um dos chefões da facção paulista no Rio Grande do Norte. Foi Doni quem determinou os termos da rendição. Em troca de devolver a calmaria à cadeia, exigiu que o governo transferisse dali somente membros do SDC – no mundo do crime, mudar de “casa” é como ter a prisão decretada pela segunda vez. Sheila consentiu, e o pacto foi selado.
Leia abaixo a matéria completa:
DANIEL HAIDAR, DE NÍSIA FLORESTA, COM BRUNA DE ALENCAR
Já fazia mais de 100 horas que, com escudos improvisados e rostos encobertos por camisetas, presos dominavam a penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. Na manhã da quarta-feira (18), o pátio da cadeia lembrava um campo de batalha medieval prestes a explodir. Criminosos da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) ocupavam o lado esquerdo da arena. Separados por uma barricada de chapas de madeira, membros da organização potiguar Sindicato do Crime (SDC) estavam a postos à direita. Àquela altura, com o peso de 26 assassinatos desde o início da rebelião, o governo estadual se viu emparedado. Em desvantagem, decidiu negociar.
A missão foi encabeçada pela delegada Sheila Freitas, diretora da Polícia Civil na Grande Natal. Sheila é descrita em uma homenagem de parlamentares como “sinônimo de força e de muita determinação”, predicados úteis nas tratativas com a bandidagem. Segundo um integrante do alto escalão do governo, a negociação aconteceu na sede da polícia, no bairro Cidade Esperança, com José Claudio Cândido do Prado, o Doni Gil, um dos chefões da facção paulista no Rio Grande do Norte. O acordo foi registrado em ata. Na segunda-feira (16), ele havia sido retirado do presídio com outros quatro do PCC para presídios federais. Foi Doni quem determinou os termos da rendição. Em troca de devolver a calmaria à cadeia, exigiu que o governo transferisse dali somente membros do SDC – no mundo do crime, mudar de “casa” é como ter a prisão decretada pela segunda vez. Sheila consentiu, e o pacto foi selado.
Ao determinar a remoção de 220 detentos de Alcaçuz, nenhum deles do PCC, o governador Robinson Faria (PSD) ignorou a recomendação do setor de inteligência prisional: a de retirar integrantes da facção paulista em vez dos membros da potiguar, por serem minoria – 500 diante de 1.000. “O que dissemos não foi levado em consideração”, afirmou Wallber Virgolino, secretário de Justiça e Cidadania, em entrevista a ÉPOCA. Num roteiro recorrente para autoridades da segurança pública, Faria negou com veemência qualquer tipo de acordo com o crime, assim como minimizou a divergência com Virgolino. Sheila negou-se a atender à reportagem por impossibilidade de agenda.
Desavenças em momentos de crise são sinais inequívocos de que a situação está fugindo do controle. A confusão entre as autoridades logo foi sentida fora do gabinete. Na mesma tarde do aval para a remoção dos presos, chefes do Sindicato do Crime emitiram um “salve”, como são chamadas as ordens, determinando que os ataques chegassem às ruas. Pela primeira vez desde o começo da crise na segurança pública – deflagrada em outubro passado, em decorrência de uma guerra entre PCC e a carioca Comando Vermelho (CV) –, a barbárie saiu das prisões.
A Grande Natal foi tomada por cenas de horror. A Polícia Militar registrou pelo menos 38 incêndios e ataques a ônibus, carros oficiais e prédios públicos. Amedrontada, boa parte dos turistas não saiu dos hotéis. Na manhã da quinta-feira (19), a batalha campal se concretizou em Alcaçuz – e pôs fim ao frágil armistício costurado com o governo. Os presos se enfrentaram com barras de ferro, pedras e pedaços de pau e armas de fogo. A Polícia Militar afirmou que os detentos “estavam armados e se matando”. Sobrou até para o diretor do presídio, Ivo Freire, ferido por estilhaços. Houve mais mortes, mas o número não foi confirmado.
Facção do RN foi criada por dissidentes que discordavam da “obediência cega” a grupo paulista
O levante em Alcaçuz começou na tarde de sábado (14), logo depois do horário de visita. Segundo agentes penitenciários, presos do PCC derrubaram o muro que os separava da ala ocupada pelo SDC e partiram para a matança. Ciente do poder de fogo dos bandidos, o governo decidiu não invadir para evitar um novo Carandiru, o massacre ocorrido em São Paulo em 1992, com 111 mortes de presos confirmadas – e nenhum policial ferido. Na manhã da terça-feira (17), o governador Faria disse que a situação no presídio estava “sob controle”, mas a rebelião continuou. O Ministério Público do Rio Grande do Norte investiga se carcereiros facilitaram a entrada de armas de fogo e coletes à prova de bala no presídio. O massacre, segundo o governo do estado, foi uma retaliação da facção paulista ao episódio ocorrido em Manaus em janeiro. Na ocasião, a organização Família do Norte (FDN), aliada do CV, assassinou pelo menos 56 integrantes do PCC.
A inépcia do governo do Rio Grande do Norte ao longo da semana é consequência de um erro maior: ter deixado o caminho livre para que as facções se estabelecessem ali. Roraima, Amazonas, Santa Catarina, Ceará, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Alagoas e Paraíba (ler o quadro abaixo) compartilham da mesma inaptidão. Só neste ano, esses estados tiveram guerras em presídios com saldo de 136 assassinatos – quase um terço do total das mortes registradas em 2016. A ampla maioria com decapitações, para demonstrar poder.
No Rio Grande do Norte, o governo demorou pelo menos quatro anos para admitir a presença de uma organização criminosa no estado. Desde 2003, já se tinha notícia da influência da facção paulista na Grande Natal, segundo o livro Crime organizado e sistema prisional, do promotor paulista Roberto Porto. Na publicação, Porto cita que “integrantes do setor de inteligência da Polícia Militar de Natal localizaram, em março de 2004, na favela do Mosquito, em Natal, propaganda e inscrições da organização criminosa PCN”. Primeiro Comando de Natal é como o PCC era inicialmente conhecido ali.
A equipe de inteligência do sistema prisional do Rio Grande do Norte, entretanto, só identificou em 2007 os primeiros indícios de uma sucursal potiguar do PCC. Naquele ano, dois detentos – Alexandre Thiago da Costa Silva, o Xandinho, e Jackson Jussier Rocha Rodrigues, o Monstro, mais tarde morto em confronto com a polícia – foram enviados de Alcaçuz para a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná. Lá, tiveram contato com integrantes do PCC. Aprenderam com os profissionais do crime. De volta ao Rio Grande do Norte, reproduziram os ensinamentos.
Confortável com a lacuna deixada pelo governo, o PCC se estabeleceu e cresceu. Um dos chefes da sucursal potiguar responsáveis pela rebelião da última semana, João Francisco dos Santos, o Dão, já havia dado uma demonstração de força no passado. Segundo documentos obtidos por ÉPOCA, em 2013 comandou dois motins. Em 2014, foi flagrado circulando desinibidamente com um celular na cadeia. Considerado um preso violento, Dão foi condenado pelo assassinato do radialista Francisco Gomes de Medeiros, em Caicó, no interior do estado.
A resposta à invasão de uma facção forasteira veio nos anos seguintes. Em março de 2013, criminosos que discordavam da “obediência cega” ao PCC, segundo uma promotora, criaram o SDC. Disputavam o controle do mercado de drogas dentro e fora dos presídios. Apesar da divergência, o SDC adotou práticas e estrutura quase idênticas às de seu rival – desde o estatuto, uma espécie de código de conduta do crime, ao organograma de funções.
O governador Robinson Faria veio a público na quinta-feira para dar uma resposta às trapalhadas ao longo da semana. No ponto mais agudo da crise, anunciou a entrada do Batalhão de Choque em Alcaçuz como medida imediata para conter a batalha medieval. Prometeu mais. Na entrevista ao canal de TV Globonews, disse ao vivo para o Brasil que, na manhã seguinte, daria início à construção de um muro para isolar grupos rivais. Parecia ter esquecido que a derrubada de um, dias antes, permitiu o massacre em Alcaçuz.
Com o objetivo de garantir maior capacidade operacional às forças de segurança pública do Estado, especialmente no enfrentamento da grave crise no sistema prisional, a Assembleia Legislativa através do presidente Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB) anuncia a doação de 50 viaturas para fortalecer a Segurança Pública no Rio Grande do Norte.
A doação das 50 viaturas feita pela Assembleia conta com a aprovação dos 24 deputados estaduais e irá equipar os policiais militares, civis e agentes penitenciários do sistema de Segurança Pública em todo o Estado.
“A nossa iniciativa é uma resposta efetiva que a sociedade merece num momento de crise como estamos vivendo e mostra o nosso apoio incondicional no combate ao crime no Rio Grande do Norte”, destaca o presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB).
O presidente do Legislativo destaca ainda que as novas viaturas nas ruas serão importantes para manter a segurança da população, sem desfalcar as forças policiais, especialmente nesse momento de crise no sistema prisional em Natal, Região Metropolitana ou no interior do Rio Grande do Norte.
“As novas viaturas vão contribuir para que as forças de segurança tenham mais estrutura para resguardar a população, especialmente, nesse momento difícil. Esse é o objetivo de todos os 24 deputados estaduais”, explicou Ezequiel Ferreira.
Além dessa ação de ordem estrutural, o presidente da Assembleia também cria uma Comissão Especial de Segurança Pública e coordenará a autoconvocação dos deputados estaduais, ainda esta semana, para a imediata votação de projetos do sistema de Segurança Pública.
A Operação Potiguar II, realizada pelas Forças Armadas em Natal e região Metropolitana da capital potiguar, está em andamento neste sábado (21). Centenas de militares do Exército, Marinha e Aeronáutica ocupam pontos estratégicos, realizando patrulhamento e fiscalização de prevenção. Nesta sexta-feira (20), o ministro da Defesa, Raul Jungmann, esteve na capital potiguar e afirmou que o governo federal “não vai admitir descontrole”.
Militares estão nas ruas de Natal (Foto: Elias Medeiros).
O ministro explicou que as tropas não vão substituir nenhuma ação da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, mas sim auxiliar na manutenção da ordem com o objetivo de impedir novos ataques a ônibus, instituições ou prédios públicos.
TRANSFERÊNCIA DOS LÍDERES DO PCC DEVE ACONTECER AINDA NESTE FIM DE SEMANA
Um avião da Polícia Rodoviária Federal já se encontra em Natal para transferir líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção que tem enfrentado membros rivais do Sindicato do Crime do RN dentro do complexo prisional de Alcaçuz, em Nísia Floresta. Neste sábado (21), o conflito completa exatamente uma semana.
De acordo com informações da assessoria da Secretaria Estadual de Segurança (Sesed), repassadas à Tribuna do Norte, a transferência dos líderes do PCC deve acontecer ainda neste fim de semana. O Gabinete de Gestão Integrada (GGI) espera apenas o aval do Departamento Penitenciário Nacional (DEN) para iniciar a operação.
Os presidiários suspeitos de serem líderes do PCC e que já foram extraídos de Alcaçuz são: José Cláudio Cândido do Prado, 37 anos; José Francisco dos Santos, 30 anos; Paulo da Silva Santos, 42 anos; Paulo Márcio Rodrigues de Araújo. 31 anos e Tiago de Souza Soares, 30 anos. Estes são os presos que deverão ser transferidos.
MURO QUE SERÁ CONSTRUÍDO IRÁ DIVIDIR PRESOS DE FACÇÕES RIVAIS
As forças de segurança do Rio Grande do Norte já retomaram o controle do presídio de Alcaçuz e o material para construção de uma barreira de containers, que dividirá os pavilhões 1,2 e 3 dos pavilhões 4 e 5, já chegou a unidade prisional. As obras devem começar nas próximas horas.
Os três primeiros pavilhões, são ocupados pelos membros do Sindicato do RN, grupo que já teve mais de 25 mortos.
A medida do Governo do Estado, pretende acabar de vez com a briga entre PCC e Sindicato, dentro do presídio de Alcaçuz.
SENSAÇÃO DE SEGURANÇA AUMENTA, MAS ÔNIBUS SÓ VOLTAM A FUNCIONAR 100% NA SEGUNDA FEIRA
Já está decidido.
Após reunião com a Secretaria de Segurança Pública e o Exército, os representantes do Sindicato dos Rodoviários decidiram, não por unanimidade, que a frota de ônibus voltará a funcionar em sua totalidade apenas na próxima segunda-feira (23).
Neste sábado, apenas 20% dos ônibus da empresa Conceição e 60% do Setrans continuam rodando.
As empresas Guanabara, Santa Maria e Reunidas vão colocar os seus carros nas ruas apenas na segunda-feira.
ENQUANTO MURO É CONSTRUÍDO, ITEP PROCURA CORPOS DE DETENTOS ASSASSINADOS
O Instituto Técnico e Científico de Polícia (ITEP/RN), entrou em Alcaçuz para procurar novos corpos e acredita que pelo menos cinco detentos foram mortos desde a última incursão das Forças de Segurança dentro da unidade prisional.
Toda movimentação acontece enquanto um paredão de conteners é construído para dividir das duas facções, o Sindicato do Crime do RN e o PCC.
O processo iniciou com a entrada do Batalhão de Choque, que realizou a contenção dos presos do Sindicato do RN, enquanto a estrutura era montada.
Já o ITEP, tratou de providenciar um aparelho sugador e uma retroescavadeira para procurar mais corpos e a suspeita é que exista uma vala dentro do presídio onde vários corpos possam está enterrados,
O vereador Luiz Almir, integrante da bancada do PR na Câmara Municipal do Natal, deu uma verdadeira “esculhambação” na classe política, durante a gravação de vídeo no qual analisou as causas de a crise de segurança pública ter saindo do controle das autoridades constituídas.
Em meio a impropérios e palavras de baixo calão, o representante do PR disse que em um País onde não tem quem mande, os bandidos mandam. “O nosso Congresso nacional é chibata, ridículo e incompetente, com poucas exceções”, esbravejou.
O presidente Michel Temer também foi alvo das adjetivações do vereador, que vê o chefe do Executivo nacional sem “sem vergonha na cara e sem pulso para governar o Brasil”.
Esses trechos são os mais “elegantes” no pronunciamento de Luiz Almir. O conteúdo geral do vídeo, só assistundo para crer.
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