Será aberta amanhã a exposição do Memorial da Assembleia Legislativa no shopping Midway Mall. A mostra será aberta para visitação pública às 10h e permanecerá no shopping até o dia 30 de setembro de 2017. São imagens, objetos e documentos que contam parte da história do Rio Grande do Norte. A programação faz parte das celebrações do Setembro Cidadão no Rio Grande do Norte e estará aberta de domingo a domingo durante o horário de funcionamento do shopping.
Localizada no terceiro piso do shopping, a exposição apresenta a trajetória do Legislativo Potiguar através da arte, religião, cultura e da política que se entrelaçam com os dados da história do Rio Grande do Norte.
A exposição foi planejada para apresentar em um espaço com grande visibilidade uma parte do acervo do Memorial do Legislativo Potiguar que mantém na sede do parlamento estadual exposição permanente com a história dos deputados e sua trajetória política. Tudo isso utilizando objetos pessoais dos deputados, fotos de atividade parlamentar, documentos oficiais e ilustrações que retratam a ‘linha do tempo’ das sedes do Poder Legislativo no Rio Grande do Norte. Para a exposição fora do Palácio José Augusto, uma nova disposição de apresentação foi desenhada pela equipe do Memorial Legislativo.
Um dos historiadores que apresentam o Memorial, Fábio Cortez, destaca os quatro pontos principais relatados em espaços subdivididos na exposição, mostrando curiosidades e fatos históricos que marcaram a trajetória da sociedade norte-riograndense. “Vamos mostrar itens que marcaram legislaturas, curiosidades sobre momentos políticos do passado e a democracia foi consolidada no Rio Grande do Norte”, explica o historiador.
No espaço, haverá um local destinado a expor objetos e painéis que relatam as quatro Assembleias Constituintes, dos anos 1935, 1947, 1967 e 1989. Também na exposição, imagens mostrarão as 11 antigas sedes do Poder Legislativo, a história do folclorista e ex-deputado Câmara Cascudo (que ocupou o cargo por três dias) e também o pioneirismo feminino na política e democracia do Rio Grande do Norte.
Todas as visitas serão guiadas e explicadas por historiadores do Poder Legislativo que receberam alunos de escolas da rede pública e particular do Rio Grande do Norte.
Setembro Cidadão
A Assembleia Legislativa promove, no dia 22 de setembro, a partir das 9h, uma sessão solene em alusão ao Setembro Cidadão. O projeto é pioneiro no reconhecimento da importância da cidadania e faz parte do Programa Brasileiro de Educação Cidadã (PROBEC).
A atividade econômica registrou o segundo mês seguido de crescimento. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado (ajustado para o período) cresceu 0,41%, em julho, segundo dados divulgados hoje (14).
Em junho, o crescimento ficou em 0,55%, depois da retração de 0,28% em maio, de acordo com os dados revisados. Na comparação com julho de 2016, o crescimento chegou a 2,65% (sem ajuste para o período).
Em 12 meses encerrados em julho, o indicador tem retração de 1,44%. No ano, até julho, houve crescimento de 0,14%.
O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira e ajuda o BC a tomar suas decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos. O indicador foi criado pelo BC para tentar antecipar, por aproximação, a evolução da atividade econômica. Mas o indicador oficial é o Produto Interno Bruto (PIB), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Polícia Militar prendeu nesta quarta-feira (13) quatro homens em conflito com a lei em diversas zonas da cidade de Natal. Uma arma e um veículo também foram apreendidos.
Na zona Sul, policiais da Companhia de Turismo (CPITur) prenderam dois homens durante patrulhamento na Rua Projetada, na Vila de Ponta Negra. Flávio Sinuhe Caetano, 29 anos, e Jorge Fernandes do Nascimento Silva, 18 anos, foram flagrados com um revólver calibre 38 municiado.
Na zona Leste, o 1º Batalhão prendeu um homem identificado como Eduardo de Lima Santos, 21 anos, após praticar um roubo a uma residência na Rua Antônio Henrique de melo, em Capim Macio. Ao serem informados do crime, a PM iniciou diligências e conseguiu, no Passo da Pátria, localizar o suspeito de posse do veículo e todos os pertences roubados da residência. Outros dois comparsas conseguiram se evadir.
Na zona Oeste, policiais das Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocicletas (Rocam) capturaram um foragido da justiça identificado como Railton Emanoel do Nascimento, 22 anos. Ele estava na Rua João Hélio quando foi abordado e preso pelos militares.
Diante dos flagrantes, todos os detidos foram conduzidos à Delegacia de Polícia Civil e ficaram à disposição da Justiça.
Na esteira dos bons resultados alcançados pelo Poder Judiciário norte-riograndense em ações conciliatórias, o Tribunal de Justiça está promovendo uma mobilização junto ao juízes de primeira instância para resolução, por meio da extinção de inúmeros processos por meio da celebração de acordos, nas demandas judiciais envolvendo o Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
A medida está sendo tocada pelo coordenador estadual do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos – NUPEMEC/TJRN, o juiz José Herval Sampaio Júnior, e se amolda à tendência da justiça potiguar de priorizar as conciliações. O fato é comprovado inclusive pelo desempenho alcançado no Justiça em Números nesta área, o qual atestou que, dentre os 12 Tribunais de Justiça de pequeno porte, o TJRN é o segundo com melhor índice de conciliações (17,6%) e, no geral, o quarto melhor TJ em termos nacionais neste quesito.
A ideia de priorizar ações em que a instituição bancária é parte atende a uma solicitação de colaboração feita pela Superintendência do Banco do Nordeste para resolução de processos por ela selecionados, em cumprimento à Lei nº 13.340/2016 e a Resolução nº 4.591/2017, atitude que se associa com a política conciliatória e com o cumprimento de metas do CNJ determinadas à Justiça potiguar.
Para tanto, os magistrados estão sendo chamados a colaborar com a medida designando os processos que se enquadrem nas determinações da Lei e da Resolução para audiência de conciliação no Cejusc, quando a comarca dispuser de tal estrutura, ou pautá-los para serem cumpridos em suas varas, já que a chance de êxito é considerada grande.
O juiz José Herval esclarece que a Lei nº 13.340/2016 prevê a liquidação e a renegociação de dívidas do crédito rural com até 95% de desconto, desde que contraídas até 31 de dezembro de 2011. Já a Resolução nº 4.591/2017 trata de operações de crédito rural no período de 2012 a 2016, estando aptas para renegociação, sem limitação de valor inclusive e com carência de cinco anos, bem como amortização mínima.
Segundo o magistrado, o BNB se compromete a apresentar propostas reais e possíveis de negociação, levando para o momento da audiência todas as possibilidades de acordo vislumbradas pela Lei e pela Resolução, como também enviar prepostos com poderes de negociação e decisão, por vezes, desacompanhados de advogados, vistas as peculiaridades dessa situação e a precisão das propostas que serão levadas ao diálogo.
Na audiência, será levado para assinatura um termo de adesão que possibilitará, caso seja da vontade da parte, que ela procure o Banco em data posterior para negociação ou fechamento de acordo, desde que todo o trâmite não ultrapasse o dia 29 de dezembro de 2017, data final de validade das instruções normativas em questão.
Com a iniciativa, o juiz José Herval espera evitar novas execuções e, para isso, conta com a colaboração dos colegas magistrados para que pautem os processos o mais rápido possível, já que pretende extinguir todos essas ações com acordos feitos até o final deste ano.
“Nós estamos trabalhando com a execução fiscal, inclusive com o apoio do Núcleo de Governança, e pretendemos passar para todas as execuções cíveis existentes em todas as comarcas no Estado, para que a gente possa ter a satisfação de acordos firmados”, garantiu o magistrado.
Senador José Agripino Maia (DEM-RN) (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)
A Procuradoria Geral da República denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), em um inquérito aberto a partir da Operação Lava Jato.
O teor da denúncia não será divulgado porque o caso está sob sigilo e, por enquanto, não há detalhes sobre as acusações contra o parlamentar.
A assessoria de Agripino divulgou nota na qual disse que o senador “repudia os fatos” e destaca que, em todos os depoimentos tomados e registrados no inquérito, “não consta sequer uma referência de pedido ou recebimento de valores em troca de qualquer tipo de retribuição ou vantagem”.
Mas o senador já disse, em outras ocasiões, não ter “o que esconder” porque ele colabora com as investigações. Agripino também já afirmou que as contas do partido estão “abertas” à Justiça.
Investigações
A investigação sobre Agripino Maia foi aberta em outubro de 2015 para apurar o suposto envolvimento do senador em fraudes nas obras da Arena das Dunas, estádio de futebol construído em Natal (RN) para a Copa de 2014.
No andamento do inquérito, o ministro do STF Luis Roberto Barroso, relator do caso, determinou a quebra dos sigilos bancário do DEM e telefônico do senador.
Agora, cabe a Barroso notificar o senador a apresentar defesa. A PGR quer que Agripino Maia vire réu e responda a uma ação penal. Essa decisão será tomada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal.
Roberto Freire criticou a manobra regimental dos grandes partidos para reinclusão do tema por emenda. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
A bancada do PPS na Câmara dos Deputados atuou de maneira firme durante mais de oito horas e ajudou a barrar, na noite desta quarta-feira (13), um golpe encabeçado por PT, PMDB e PSDB que pretendia aprovar, por meio de uma emenda aglutinativa de última hora, o sistema distritão e ao mesmo tempo permitir a criação de um fundo ilimitado, com recurso do Orçamento da União, para financiar campanhas eleitorais. A atitude dos três partidos, com o apoio de outras legendas, rompia um acordo firmado na semana passada para que se concluísse apenas a votação do texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 77) analisada por uma das comissões especiais da Câmara que debateu a reforma política.
Como o financiamento do chamado fundão já havia sido derrubado em plenário, os grandes partidos tentaram, de última hora, reincluir o tema por meio de uma manobra regimental. No entanto, o PPS e outros partidos se rebelaram e diversas emendas aglutinativas apresentadas acabaram sendo retiradas de pauta pelos autores.
O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), foi um dos parlamentares que mais se manifestou no plenário contra o golpe. Chegou, inclusive, a criticar duramente a postura do PSDB, partido do qual o PPS é historicamente aliado.
“É lamentável, aqui, assistirmos ao PSDB defender uma emenda aglutinativa, que, concretamente, significa aprovar o fundão e o distritão. Isso, evidentemente, é algo inimaginável, é nós colocarmos esta Casa, perante a sociedade, defendendo o indefensável. Evidentemente, isso de colocar o fundão em uma aglutinativa com o distritão é tentar fazer com que a opinião pública degrade ainda mais o trabalho desta Casa. E, lamentável, isso está vindo do PSDB. Estou me referindo diretamente ao PSDB pelo respeito que tenho ao partido. Ninguém do partido pode tirar de mim, como aliado fraterno, esse direito de criticar”, afirmou.
Freire alertou ainda que, perante a opinião pública, o que a Câmara iria fazer, caso aprovasse a emenda, era camuflar a crise que atinge todo o sistema de representação política do Brasil.
“O País precisa receber desta Casa respostas positivas para sairmos da crise e não respostas negativas para aprofundarmos esta crise. Não se pode imaginar que se continue gastando em campanha o que se gastou até hoje. Vamos baratear! Essa é a resposta positiva que se dá à sociedade, e não votar uma proposta de criação de um fundo que é absurdo, num momento em que o país passa por esta crise fiscal e econômica”, reforçou.
O parlamentar lembrou ainda que no passado houve na Câmara a tramitação de uma reforma política em que foi mudado o relator em plenário, o deputado Marcelo Castro, do Piauí.
“Isto foi um golpe. Nós agora estamos vendo um mais grave, porque não é mudar o relator. Aqui são dois deputados mudando o que uma Comissão aprovou e que um Plenário também aprovou, ressalvados os destaques. Pior, porque estava aprovada uma emenda em Comissão e dois deputados – Vicente Candido (PT) e Marcus Pestana (PSDB) – apresentaram uma aglutinativa que muda tudo! Isto é inadmissível. Esta Casa não pode fazer isso. E esta denúncia está feita para a opinião pública”, disparou o presidente do PPS.
Freire também condenou o fato de PMDB, PT e PSDB terem se unido entorno de uma proposta que claramente lhes beneficiava e dificultava a oportunidade de crescimento dos partidos menores.
“Criticam os pequenos, mas a roubalheira neste país vem dos grandes partidos. Por isso repudiamos esses acordos espúrios”, disse após a retirada de pauta das emendas aglutinativas.
Momento crítico
Já o líder da legenda, deputado federal Arnaldo Jordy (PA), ressaltou que a votação da reforma política estava ocorrendo no momento mais crítico do sistema de representação político-partidária na história republicana do Brasil e os grandes partidos estavam querendo realizar a reforma pelo caminho mais polêmico.
“Nós estamos aqui há oito meses tentando construir alguma coisa. E alguma coisa foi construída, mas nós agora, hoje, estamos insistindo em começar pelo lado mais difícil deste debate. É isto que nós não entendemos. Nós já conseguimos alcançar um consenso sobre o fim das coligações partidárias, estamos a debater se isso será em 2018 ou em 2020. Já consensuamos a adoção da cláusula de desempenho numa versão calibrada, progressiva, que não constrange partido algum. Dá tempo para que cada partido e agremiação partidária se habilite no processo”, ressaltou.
Jordy lembrou ainda que também há um consenso pelo barateamento das campanhas eleitorais e que, isso sim, é fundamental.
“Não se podem mais admitir campanhas eleitorais em que se pagam 75 milhões para um marqueteiro, como se pagou em 2014. Portanto, já há condições de se apresentarem para a sociedade mudanças importantes no processo. No entanto, estão insistindo naquilo em que há dissenso. Não há 308 votos para votar o distritão! Não há 308 votos para votar o fundão!”, disse da tribuna do plenário.
Golpe duplo
O líder do PPS lembrou ainda que depois de um acordo feito na semana passada, sob o juramento de todos, os parlamentares se depararam em plenário com um golpe duplo.
“Primeiro em sepultar aquilo que foi referendado no procedimento acordado aqui, fruto de reuniões e referendado em plenário. Agora se apresenta aqui uma aglutinativa que não aglutina coisa alguma. É um projeto novo, de matérias inclusive que não foram discutidas na comissão, como esse distritão com voto de legenda. Isso não foi discutido por partido nenhum, em comissão nenhuma, em plenário algum. Portanto, não poderia ser objeto deste golpe perpetrado. O que quer se fazer aqui é um acordo para aprovar um fundão que já está desmoralizado na opinião pública e, lamentavelmente, muitos que pregavam contra este fundão agora cederam aos encantos, para sepultar a última possibilidade de se apresentar uma proposta de reforma à sociedade brasileira”, criticou.
Sem “fundão”
A deputada federal Eliziane Gama (MA) também criticou o descumprimento de acordos para a votação da reforma política e frisou que a legenda não aceitaria aprovar um “fundão” com dinheiro público para financiar as eleições.
“A reforma é uma necessidade no Brasil. O prazo está se extinguindo, mas não é por causa disso que vamos votar de qualquer jeito. Agora apresentam uma emenda aglutinativa para retomar o fundão. Não aceitamos isso. Vamos derrotar o fundão e o distritão”, disse.
Mais cidades têm adotado o turismo como estratégia para promover desenvolvimento, mostra o Mapa do Turismo Brasileiro, estudo do Ministério do Turismo (MTur) lançado nesta quinta-feira (14). Ao todo, 3.285 municípios em 328 regiões turísticas foram registrados em 2017. Em 2016, eram 2.175 cidades em 291 regiões.
A região com o maior número de cidades turísticas é a Sudeste, com 1.138. Em seguida, estão as regiões Sul (905), Nordeste (758), Norte (259) e Centro-Oeste (225). Para o ministério, o crescimento registrado neste ano está relacionado às ações de conscientização de gestores municipais e estaduais, que buscaram identificar e classificar mais cidades. Com isso, elas podem acessar políticas públicas diversas, inclusive investimentos.
O mapa serve como base para o planejamento e a execução de políticas para o setor. Neste ano, ele apresenta nova categorização das cidades, que foram escalonadas de A a E, tendo como parâmetros o fluxo turístico e o número de empreendimentos regulares cadastrados. De acordo com o documento, 740 municípios, o que equivale a 23% do total, estão nas categorias A, B e C. Eles concentram 93% do fluxo de turistas doméstico e 100% do fluxo internacional. Os demais ocupam, em geral, um papel no fluxo turismo regional.
Para ser incluído no mapa, o município precisa cumprir algumas regras, como ter órgão responsável pela pasta de turismo e destinar recursos para o setor na Lei Orçamentária. A elaboração do instrumento começa com a inserção de documentos no Sistema de Informações do Programa de Regionalização do Turismo e, em seguida, as regiões apontadas são validadas ou não pelos fóruns e conselhos estaduais de Turismo.
Além da nova classificação, o MTur informou, ao divulgar o novo mapa, que a atualização do instrumento será feita a cada dois anos. Antes, não havia um período fixo para isso. “O mapa é um instrumento muito importante para gestão, estruturação e promoção dos destinos. Por isso, é importante que ele esteja sempre atualizado, garantindo que os municípios que queiram trabalhar o turismo como uma atividade econômica tenham prioridade dentro das políticas e ações do MTur”, afirmou o ministro do Turismo, Marx Beltrão, que acrescenta que a nova estratégia faz parte do Plano Brasil + Turismo, lançado neste ano.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (13) em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, na Justiça Federal em Curitiba, que o ex-ministro da Fazenda de seu governo Antonio Palocci mentiu durante depoimento prestado à Justiça Federal. Lula disse a Moro que Palocci mentiu para conseguir os benefícios de uma delação premiada e que teria ficado com pena do ex-ministro.
Ao iniciar o depoimento, Lula disse que “apesar de entender que o processo é ilegítimo e injusto”, pretendia falar. “Talvez eu seja a pessoa que mais queira a verdade neste processo”, afirmou.
“Eu vi o Palocci mentir aqui essa semana”, disse Lula, acrescentando que viu atentamente o depoimento de seu ex-ministro, que classificou como “cinematográfico” e que parecia ter sido escrito por um roteirista de televisão.
“Você vai dizer tal coisa, os lides [no jornalismo, a primeira parte de uma notícia] são esses, preparam alguns lides para dizer e o Palocci, se não fosse um ser humano, ele seria um simulador. O Palocci é tão esperto que ele é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. Ele é médico, é calculista, é frio. Nada é verdadeiro. A única coisa que tem verdade ali é ele dizer que está fazendo a delação porque ele quer os benefícios da delação ou quem sabe um pouco do dinheiro dele que vocês bloquearam”, disse Lula.
O ex-presidente responde processo pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, a empreiteira Odebrecht comprou um terreno para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a Odebrecht pagou R$ 12,4 milhões pelo terreno, mas a obra não foi executada. A empreiteira também teria comprado um apartamento vizinho ao que o ex-presidente mora, em São Bernardo do Campo (SP).
Depoimento de Palocci
Na semana passada, Palocci disse a Moro que Lula fez um “pacto de sangue” com Emílio Odebrecht, fundador da construtora, e que “o pacote de propinas” envolveria um fundo de R$ 300 milhões para “atividades políticas” do ex-presidente.
“Eu fiquei vendo o Palocci falar. Ele inventou uma frase: “pacto de sangue com Emílio Odebecht”. Mas ele é quem fez um pacto de sangue com os delatores, com os advogados dele e talvez com o Ministério Público, porque ele disse exatamente o que o power point [referência a entrevista coletiva de procuradores da Lava Jato em que foi exibida uma apresentação em power point apontando o ex-presidente como “comandante máximo” do esquema do petrolão] queria que ele dissesse”, disse Lula a Moro.
O depoimento do ex-presidente durou cerca de duas horas e dez minutos. Lula chegou ao prédio da Justiça Federal por volta das 13h50.
Além de Lula e Palocci, também é réu no processo o assessor do ex-ministro Branislav Kontic, que foi interrogado logo depois de Lula. Também são réus o dono da empresa DAG Construtora Demerval de Souza Gusmão Filho; o primo do pecuarista José Carlos Bumlai, Glaucos da Costamarques; o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht; o advogado Roberto Teixeira e Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, que seria ligado à Odebrecht.
O doleiro Lúcio Funaro, operador do PMDB, detalha em sua delação premiada diversos pagamentos feitos aos ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Alves e ao ex-ministro Geddel Vieira Lima. Ele estimou que somente por negócios na Caixa recebeu junto com os três cerca de R$ 170 milhões em propina. Cunha, Alves e Geddel estão presos. O Globo teve acesso aos 29 anexos da delação de Funaro, que faz uma série de acusações contra o presidente Michel Temer e também os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil).
“Dessa área da Vice-Presidência da CEF, se beneficiaram o colaborador, Eduardo Cunha, Geddel e Henrique Alves. Os valores liberados através de esquema na CEF foram em torno de cinco bilhões de reais, sendo devido cerca de 170 milhões de reais em propina”, afirma Funaro em um dos anexos.
Funaro conta ter conhecido Cunha por meio do ex-deputado Albano Reis. Diz ter auxiliado Cunha em sua primeira eleição para deputado federal em 2002, ainda pelo PP. Eleito, Cunha conquistou no governo de Anthony Garotinho o comando da Companhia de Água e Esgoto do Rio (Cedae) e do fundo de pensão dos funcionários, Prece. Funaro diz que o fundo foi administrado de forma a gerar recursos para ele e Cunha. Os desvios geraram recursos para financiar a campanha de Cunha em 2006 e parte foi destinada também a Sérgio Cabral (PMDB), que disputou e venceu o governo do Rio. Após a vitória, porém, Cabral não cumpriu a promessa feita a Cunha e lhe retirou o comando da Cedae e do fundo, o que gerou rompimento entre eles.
O delator diz que em 2008 voltou a fazer negócios com Cunha. Ele foi acionado pelo deputado para participar de uma operação em Furnas. Segundo Funaro, porém, a operação fracassou e ele acabou ficando com prejuízo no caso. O operador diz ter ajudado Cunha novamente em sua campanha de 2010. Funaro disse ter sugerido que eles assumissem a vice-presidência da Caixa ligada ao Fundo de Investimentos do FGTS. Com a ajuda de Henrique Alves emplacaram Fábio Cleto no cargo e desenvolveram vários negócios, com o recebimento de comissão por Funaro, Cunha e outros peemedebistas.
Ele contou ter feito repasses para Cunha no exterior apenas entre 2003 e 2006. Os depósitos foram realizadas em uma conta chamada Glorietta LLP no banco Northern Trust. Nos demais casos, os pagamentos eram em espécie. Funaro disse que combinava diretamente a divisão dos recursos recebidos a título de comissão diretamente com Cunha.
Funaro disse que em 2014 adiantou R$ 30 milhões com Joesley Batista, dono da JBS, para atender a solicitações de Cunha. Parte dos recursos foram entregues a Antonio Andrade, atual vice-governador de Minas Gerais. Disse também ter disponibilizado no ano passado recursos para Cunha com o objetivo de obter apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Ele relata ter conhecido Geddel por intermédio de Cunha. O relacionamento entre os dois foi próximo quando Geddel ocupou a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa. Ele disse que atuava junto ao ex-ministro para que a liberação de créditos para empresas ocorresse o mais rápido possível. Assim, eles recebiam comissão. Além das empresas do grupo da JBS, Funaro diz ter atuado junto a Geddel para liberar recursos para os grupos Marfrig, Constantino e Bertin. Funaro ressalta que mesmo quando Geddel deixou o cargo em 2014 o esquema permaneceu.
“Que após a saída de Geddel da CEF para disputar as eleições de 2014, o esquema continuou funcionando, no entanto o colaborador não sabe como Geddel fazia para atender os pleitos dentro da CEF, mas que efetivamente as operações continuaram a ocorrer da mesma forma que nos anos anteriores”, registra um dos anexos de Funaro.
Sobre Henrique Alves, relatou que a relação era sempre intermediada por Cunha. Destacou ter feito várias entregues no Rio Grande do Norte. Disse ter entregue uma vez dinheiro em espécie a Henrique em um hotel em São Paulo quando ele ocupava a presidência da Câmara. Ele destacou que Henrique foi quem levou a Palocci o nome de Fábio Cleto para uma das vice-presidências da Caixa.
Funaro relata ainda a existência de uma “bancada” de deputados e ex-deputados ligados a Eduardo Cunha que reunia parlamentares de diversos partidos. Destaca ter feito pagamentos a alguns deles por ordem do ex-presidente da Câmara.
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