O Presidente pela terceira vez do influente Sindicato da Indústria da Construção Civil no Rio Grande do Norte, o engenheiro Sílvio Bezerra contradiz quem vê o futuro como um pesadelo depois da pandemia do novo coronavírus.
Surpreendentemente, em entrevista ao Agora RN, o empresário acena para dias melhores, com as mais baixas taxas de juros da história e os bancos facilitando a vida dos empreendedores. Confira:
Agora RN – Como o senhor vê a construção civil do RN no pós-pandemia?
Sílvio Bezerra – Eu vejo a construção civil no pós-pandemia com muita prosperidade. Explico: há uma demanda reprimida que já está se manifestando em vendas reais em plena pandemia. Segundo o próprio presidente da Caixa, no mês de junho que acaba de passar, a instituição bateu o recorde de vendas de imóveis dos últimos quatro anos. E isso vem num crescente, pois o mês anterior também registrou números altos. Foram financiados cerca de R$ 4 bilhões em imóveis.
Agora – Essa situação se refletiu também por aqui?
SB – É claro que o RN, por ser um estado pequeno, registrou um reflexo menor desses números nacionais. Mas eu tenho a convicção que, passada a pandemia, no dia que sair uma vacina e tudo retornar ao normal, prevejo uma certa euforia no mercado igual aquelas de quando uma guerra chega ao fim. E a gente certamente vai vender muito imóvel, até porque as taxas de juros estão muito baixas e há facilidade para se adquirir imóveis também. A Caixa anunciou nesta sexta-feira (3) mesmo três medidas interessantes: as escrituras e os custos de cartório, além do ITIV da prefeitura, poderão ser incluídos no financiamento. Antes, eram valores que o comprador tinha que ter em dinheiro. Agora, esse valor pode ser financiado. É uma grande notícia, sem dúvida. Além disso, a Caixa passa a aceitar que a construtora garanta 15% das vendas do empreendimento e não mais 30%, para iniciar a liberação de recursos. É outra grande medida. Outras: já há a possibilidade de as escrituras e contratos serem registradas eletronicamente. E já fez convênios com 1.356 cartórios em 14 estados. Não sei informar se o RN já entrou, mas, se não entrou, vai entrar em breve. Só isso representa uma redução de tempo de 45 para cinco dias.
Agora – O Sinduscon RN, que o senhor já presidiu em outras oportunidades, estabeleceu novas prioridades junto a seus associados nesses tempos de crise?
SB – Os objetivos são os mesmos e as prioridades, idem. É o desenvolvimento das cidades, a preservação do meio ambiente, a prestação de serviços na prestação das obras públicas, tudo igual, sempre ao lado dos associados do Sinduscon. Aliás, devio dizer que, nestes tempos de pandemia, conseguimos realizar mais reuniões do que em outros períodos porque os encontros estão sendo virtuais. Temos mantido reuniões quinzenais com a direção da Caixa, o que tem sido muito bom. A mesma coisa com o governo estadual e os municípios.
Agora – As empresas do setor estão se adaptando bem ao home office?
SB – Acredito que sim. Acho que muitas empresas incorporarão parte de sua força de trabalho a esse novo normal daqui para frente, revezando o home office às situações presenciais que sejam necessárias. O que interessa para a empresa é que o serviço seja feito e não importa se o colaborador precise ou não estar fisicamente na empresa. Se ele estiver em casa, entregando mais do que na época em que estava na empresa, tanto melhor.
Agora – O que o senhor diria aos empresários da construção neste momento?
SB – Arrumem suas empresas e reduzam seus custos ao máximo possível. Isso não significa necessariamente corte de pessoal. Diminua os desperdícios e se prepare para um grande crescimento. Além do mercado doméstico, que nunca experimentou taxas de juros tão baixas, prevejo uma explosão na demanda internacional em todo o Nordeste. Na minha cabeça, quando explodiu o turismo internacional aqui na virada do milênio, o câmbio não era tão favorável como agora. Se a gente integrar segurança jurídica ao investidor internacional e segurança sanitária, além, é claro, de uma queda na criminalidade, certamente haverá um espaço gigantesco para comercializarmos os nossos imóveis.