O líder da oposição no Senado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou requerimento para convidar Gustavo Bebianno a prestar esclarecimentos à CTFC (Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle) do Senado “ainda nesta semana”, na quarta-feira (20) .
“O sr. Bebianno não pode ficar somente falando por emissários as graves informações que ele tem relativas ao presidente da República. Essas informações e a sujeira que existe não pode ser varrida para debaixo do tapete. A nação espera saber qual é a verdade sobre o financiamento de campanha do presidente da República”, disse o senador.
Bebianno teve a demissão do cargo de ministro da Secretaria Geral da Presidência anunciada nesta segunda-feira (18) pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros. Ele é o primeiro integrante do primeiro escalão do governo Bolsonaro a cair.
Na condição de ex-ministro, Bebianno não pode ser obrigado a comparecer no Senado. Só ministros podem ser convocados a prestar esclarecimentos. O general Floriano Peixoto foi anunciado como o novo chefe da Secretaria Geral. Ele era secretário-executivo da pasta, função abaixo apenas da do ministro.
O que diz o presidente do Senado
Questionado se demissão de Bebianno impactará de alguma forma no Senado, o presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) disse que a “a maturidade política” faz com que os senadores se dediquem às reformas.
“O Senado da República tem maturidade política. Os senadores te pensado muito em relação ao Brasil e ao momento em que vivemos e com certeza o Senado, como instituição, está à disposição do Brasil para debater reformas importantes para diminuir desigualdades brasileiras e combater os privilégios”, disse.
Demissão de Bebiano
A saída era esperada. No sábado (16), o próprio Bebianno disse ser a “tendência”. Um dia antes, teve uma conversa áspera com o presidente, que o chamou de “X9” e “f.d.p.”.
Apesar do trabalho de ministros e a garantia do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, de que Bebianno permaneceria no cargo, prevaleceu a contrariedade de Bolsonaro com seu agora ex-subordinado.
Bebianno estava na berlinda desde que a Folha de S. Paulo publicou reportagem em que explica um suposto esquema de candidatas-laranja orquestrado nas eleições de 2018. O hoje ministro era presidente nacional do PSL à época. Ele nega. Disse que conversou três vezes com Bolsonaro e que estava tudo bem.
A situação de um dos assessores mais próximos de Jair Bolsonaro na época de campanha começou a se agravar quando o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) tuitou para acusar o ministro de mentir sobre as conversas com o presidente. Divulgou áudio para expor o ministro. Bolsonaro, o pai, retuitou.
Em entrevista à TV Record na quarta-feira (13.fev), Bolsonaro citou pela primeira vez a possibilidade de demitir o ministro. “Se [Bebianno] estiver envolvido e responsabilizado, o destino não pode ser outro que não voltar às suas origens”, disse o capitão reformado do Exército.
Vazamento de áudios
O principal motivo para a raiva do presidente, no entanto, veio ao saber detalhes de vazamentos de áudios que compartilhou com Bebianno. Bolsonaro decidiu contar a história completa para todos os seus ministros que estavam em Brasília na sexta-feira (15).
Diante de ministros em silêncio, o presidente relatou ter havido “quebra de confiança”. Ninguém discordou. Era como se todos endossassem, calados, a eventual demissão de Bebianno.
Fonte: Poder 360