A Câmara Municipal de Mossoró vive um momento de reconfiguração política após a oposição ao prefeito Allyson Bezerra (SDD) sofrer um racha. Os vereadores do PL, liderados por Jailson Nogueira, anunciaram a formação de um bloco independente e assumiram a liderança da oposição, anteriormente declarada pelo PT, representado pelas vereadoras Marleide Cunha e Plúvia Lemos.
Segundo Jailson, a decisão de formar o bloco independente foi motivada por divergências ideológicas e pela falta de diálogo entre os grupos. “Eu sigo a orientação dos nossos líderes. Temos uma linha totalmente oposta ao que o PT prega. Água e óleo não se misturam, são pontos antagônicos, bem extremos”, afirmou.
O racha culminou com a eleição do vereador Dr. Cubano (PSDB) como líder oficial da oposição. O bloco, formado por Jailson Nogueira (PL), Dr. Cubano (PSDB), Cabo Davidson (PL) e Mazinho (PL), protocolou a decisão após votação interna. “Quando não há entendimento entre a bancada, o regimento é claro: tem que haver votação. E houve. O legítimo líder da oposição é o Dr. Cubano, com o Cabo Davidson como primeiro vice-líder e eu como segundo vice-líder”, destacou Jailson.
O vereador também reforçou que o bloco segue as regras democráticas e espera que a liderança seja oficializada pelo presidente da Câmara, Lawrence Amorim (PSDB). “Jogamos com o regulamento debaixo do braço. Tudo foi feito de acordo com o regimento. É uma liderança legítima, de direito e de fato”, declarou.
A relação com o PT foi um ponto central nas discussões. Marleide Cunha havia defendido que as pautas discutidas seriam de interesse municipal, minimizando as diferenças ideológicas. No entanto, Jailson rebateu: “Nós não podemos ser apenas um público municipal. As pautas ideológicas que eles pregam chegariam ao plenário, e como seria a situação? Temos que defender nossas posições, que são contrárias ao governo estadual e federal”.
O vereador aproveitou para criticar a gestão da governadora Fátima Bezerra (PT), destacando problemas como as más condições das estradas estaduais e o déficit financeiro do estado. “Como eu ia falar sobre o estado, sobre uma carne, sobre as estradas todas esburacadas, o descaso do governo Fátima, e ao mesmo tempo ser liderado por um partido que apoia essa administração?”, questionou.
O vereador reconheceu que a oposição enfrenta desafios em uma Câmara amplamente dominada pela base aliada de Allyson Bezerra, composta por dois terços dos vereadores. “A oposição é minoritária, mas temos que confiar no grupo. Na legislatura passada, a oposição começou com três vereadores e terminou fortalecida. Tudo é possível na política”, afirmou.
Apesar das tensões, Jailson defendeu uma postura responsável e propositiva: “Vamos cobrar o que for necessário, mas sempre com responsabilidade. Não basta apontar problemas, é preciso apresentar soluções”.
Com a reconfiguração, Marleide Cunha e Plúvia Lemos permanecem isoladas na oposição, sem participação no bloco independente. “Elas agora têm que compor o grupo dos quatro. A força da democracia prevaleceu”, disse Jailson. Apesar do embate, ele garantiu que não haverá rusgas: “Segui o regimento e tudo foi feito dentro da legalidade. Não tenho dificuldade em dialogar com elas”.
Agora RN