A edição online do jornal americano The New York Times, um dos mais famosos do mundo, destacou nesta sexta-feira (21) as seguidas decisões da Justiça Eleitoral que se assemelham a censura e que tem interferido na disputa pela Presidência da República. O texto escrito pelo repórter Jack Nicas, que vem relatando a eleição brasileira há mais de um ano, ressalta que “One Man Can Now Decide What Can Be Said Online in Brazil” (ou seja: “Um homem pode agora decidir o que pode ser dito online no Brasil”, com a imagem de Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que foi responsável por uma série de ordens judiciais para retirar conteúdos do ar.
Segundo a reportagem, “as autoridades brasileiras concederam ao chefe das eleições do país amplos poderes para ordenar a remoção de conteúdo online em uma tentativa de combater a crescente desinformação antes das eleições deste mês”. E mais: “Alexandre de Moraes, um juiz da Suprema Corte no Brasil que lidera o tribunal eleitoral do país, agora terá amplo poder para ordenar que empresas de tecnologia removam conteúdo”.
A reportagem destaca as novas regras, aprovadas por unanimidade pelos sete juízes federais que compõem o Tribunal Eleitoral do Brasil, que ampliou os poderes ampliados do chefe das eleições. “De acordo com as regras aprovadas na quinta-feira, o chefe das eleições pode ordenar a remoção imediata de conteúdo que ele acredita ter violado ordens anteriores. As redes sociais devem cumprir as ordens de retirada do chefe eleitoral em até duas horas ou enfrentar uma possível suspensão de seus serviços no Brasil”, apontou
O texto, inclusive, traz a análise do professor da Universidade do Estado do RJ, Carlos Affonso Souza, que apontou a jogada como “arriscada”. “Acho que pode ir longe demais dependendo de como ele exerce esses direitos”, comentou.
Lembrando que, de acordo com a publicação do New York Times, “a medida foi aplaudida por outros no Brasil, incluindo muitos da esquerda, que a veem como uma ferramenta necessária para combater uma avalanche de falsas alegações de apoiadores de Bolsonaro que só se acelerou nos últimos dias”.
96 FM