SELO BLOG FM (4)

Número de mortes por Covid-19 cresce 5 vezes em um mês no RN

FOTO: ILUSTRAÇÃO/AGÊNCIA BRASIL

A quantidade de 487 mortes causadas por Covid-19 no Rio Grande do Norte computada pela Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap/RN) é cinco vezes maior do que a registrada no dia 10 de maio, quando havia 87 vítimas. A média nos últimos 30 dias foi de 13 mortes por dia causadas pela infeção do novo coronavírus. As cidades mais atingidas pela pandemia são Natal e Parnamirim, na Região Metropolitana, e Mossoró e Areia Branca, na região do Oeste, segundo Boletim Epidemiológico Nº 84, divulgado pela Sesap/RN na quarta-feira passada.

Juntas, essas cidades somam 292 mortes, mais da metade do total de óbitos. Há um mês, possuíam 45. Com exceção de Areia Branca, as cidades com mais mortes também têm as maiores populações do Estado. Esse fator, segundo os epidemiologistas, favorece a disseminação do vírus entre mais pessoas devido à densidade populacional.

Até esta sexta-feira, 12, o total de mortos por covid-19 no RN era de 509. Os dados, porém, não tinha sido divulgados em boletim da Sesap/RN. O mais recente é o usado para compor esta reportagem, do dia 10 de junho.

Um estudo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), divulgado no dia 7 de maio, já havia apontado Natal, Mossoró e Parnamirim como as três cidades, respectivamente, mais vulneráveis ao coronavírus no Rio Grande do Norte. Os pesquisadores analisaram quatro critérios (grupos de risco, proximidade a focos de contágio, acesso a equipamentos de saúde e fator social). Segundo a pesquisa, Natal, Mossoró e Parnamirim possuem as maiores populações em grupo de risco (idosos e pessoas com comorbidades) e fluxo de pessoas.

Focos de contágio estão relacionados ao tamanho da população e a proximidade de uma cidade de outras grandes cidades, aponta a Sudene. Mossoró, por exemplo, é considerado um ponto de apoio entre as capitais Natal e Fortaleza. Parnamirim possui uma população de 261 mil pessoas, de acordo com a estimativa de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas está próxima de Natal, de 889 mil habitantes. “Essa é a dimensão de vulnerabilidade que mais rapidamente varia em função do tempo e das medidas de isolamento adotadas”, destaca o estudo, assinado pelo engenheiro Rodolfo Benevenuto e por Robson Brandão, coordenador-geral de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Sudene.

Exceção

Entretanto, a exceção é Areia Branca. Localizada na região do Oeste, próxima a Mossoró, a cidade possui uma população de 27,7 mil pessoas, segundo o IBGE. O número de habitantes é praticamente dez vezes menor do que Parnamirim, mas ambas cidades possuem o mesmo número de mortes investigadas por coronavírus: 26 (até o dia 10 de junho). No último boletim epidemiológico divulgado pela Sesap/RN até a publicação desta reportagem, Areia Branca ainda possuía oito mortes em investigação, uma a mais do que Parnamirim, e tem menos mortes descartadas pela doença: duas, contra seis do município da Grande Natal.

Por causa da quantidade de mortes semelhante a uma cidade que possui uma população dez vezes maior, Areia Branca tem a maior taxa de mortalidade causada por Covid-19 (mortes por 100 mil habitantes) no Rio Grande do Norte. A taxa de mortalidade é medida para identificar proporcionalmente quais cidades têm mais chances dos infectados irem à óbito. Em Areia Branca, essa taxa é de 93,6 habitantes a cada 100 mil. Natal, que tinha 163 mortes confirmadas por Covid-19 até a data de divulgação do boletim em referência, tinha uma mortalidade de 18,4 por 100 mil.

Semelhante à Areia Branca, as cidades Senador Georgino Avelino e Alto do Rodrigues também possuíam uma mortalidade maior do que Mossoró, Natal e Parnamirim. A primeira computavam duas mortes por coronavírus, mas uma mortalidade de 45 mortes a cada 100 mil habitantes. O que explica a taxa é a população pequena, de 4,4 mil pessoas. Alto do Rodrigues, na região Oeste, possuía seis mortes e 14,3 mil habitantes – uma mortalidade de 41,3 para cada 100 mil.

No dia 17 de maio, a subcoordenadora de Saúde/RN, Alessandra Lucchesi, explicou que a situação de cidades localizadas na região Oeste do Estado, como Mossoró, Areia Branca e Alto do Rodrigues, reflete a interiorização do vírus e a influência do Ceará, já que essas cidades ficam próximas à divisa.

Areia Branca, por exemplo, está a 281 quilômetros de distância de Fortaleza e a 282 km de Natal. A cidade também possui um fluxo diário de pessoas com Mossoró, com quem faz divisa, e tem uma forte atividade econômica no setor salineiro. “As cidades da região Oeste tem uma tráfego interestadual grande e também refletem um comportamento de interiorização dos casos, causada pelo fato de muitas pessoas saírem dos maiores focos de contágio e irem para o interior na tentativa de ficarem mais seguros”, afirmou Lucchesi.

A adesão ao isolamento social em Areia Branca não é divulgado pela empresa de tecnologia InLoco. Na quinta-feira, 11, anunciou o lockdown no município até o dia 21 de junho. A medida foi adotada em São Paulo do Potengi, Itaú, Ipanguaçu, Macau e Pendências.

Justiça determina fornecimento de gás medicinal

O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) e a Defensoria Pública do Rio Grande do Norte (DPE/RN) obtiveram, durante o plantão institucional, decisão judicial em tutela de urgência que garantiu o fornecimento de gases medicinais ao Hospital de Campanha de Natal. A unidade, aberta em 4 de maio de 2020, para atender pacientes acometidos pela Covid-19 ficou sem o abastecimento regular no último dia 10, após recusa de fornecimento pela empresa prestadora do serviço.

TN

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram

Comente aqui