O número de endividados em Natal atingiu o recorde da série histórica na primeira quinzena de abril. Ao todo, Natal teve 217.046 pessoas em situação de endividamento, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). No mesmo período do ano passado eram 197.969 pessoas nessa condição. Aumento de 9,63% de um ano para o outro. A expectativa dos economistas, porém, é que esse número cresça nos próximos meses, impulsionado pelas demissões em massa provocadas pela crise do Coronavírus.
Potiguares já estão modificando a rotina a fim de tentar adequar os gastos à nova realidade orçamentária. É o caso de Antonio Cortez, de 20 anos. O jovem, que administra dois restaurantes ao lado da mãe, de repente viu a renda familiar cortada em mais da metade com o fechamento de um dos empreendimentos, localizado dentro do TCE/RN, que desde o dia 19 de março decretou o adiamento dos prazos e passou a atuar em regime de teletrabalho.
O outro restaurante da família, em Tirol, também fechou as portas para o público, em cumprimento aos decretos do município de Natal e do Estado. Hoje, ele e a mãe continuam trabalhando na forma de delivery, entretanto, como o modelo não era adotado anteriormente pelo restaurante, enfrentam dificuldades na adaptação e na manutenção dos clientes.
“Com o delivery, diminuiu quase 50% a nossa renda nesse restaurante e, no outro, acabou totalmente a renda. Então, tive que optar por coisas para cortar, que não seriam tão necessárias agora”, explica Antonio. No começo do mês de abril, o jovem procurou a universidade particular na qual cursava Administração, e solicitou o trancamento do curso para economizar na mensalidade nos meses seguintes. “Seria egoísta da minha parte continuar diante dessa situação, e não teria como pagar agora a faculdade”, conta Antonio.
Apesar de estar sofrendo diretamente os efeitos econômicos provocados pela pandemia, o jovem fala que o país vive “um mal necessário para evitar a perda irreparável de vidas”.
“É uma fase pela qual a gente vai ter que passar para que as coisas não piorem. É um momento em que precisamos entender a situação que estamos vivendo. Claro que, para a gente se recuperar, acredito que vai demorar um pouco ainda. Tentar recuperar um mês perdido leva muito tempo de trabalho. A gente não esperava e não se planejava para isso, então quando veio, foi um golpe”, relata.
Tribuna do Norte