Menos de três meses após ser promovido para comandar os Estúdios Globo no lugar de Ricardo Waddignton, Amauri Soares meteu a tesoura nas novelas da emissora. Foi dele a ordem para cortar os beijos entre Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) em Vai na Fé para não afugentar os telespectadores mais conservadores. O novo chefão pediu ainda para o romance lésbico de Terra e Paixão ser discreto, e até promoverá a cura gay em Amor Perfeito.
Amauri, que é diretor da emissora desde 2020, acumula o novo cargo oficialmente há menos de um mês e quer manter o público da Globo sentado de frente para a TV. Apesar de saber que é preciso investir em uma nova geração de telespectadores, o executivo não quer afastar da programação quem dá audiência para a TV aberta há quase 60 anos.
No caso de Vai na Fé, Amauri não quis comprar uma briga com os evangélicos, que aprovam a história de Rosane Svartman. O diretor achou que botar uma mulher casada para se envolver com sua personal trainer já era mais do que suficiente e que exibir um beijo entre as duas seria afrontar demais um tipo de público que é abraçado pelas novelas bíblicas da Record.
E é justamente por isso que o executivo é chamado de “bispa” (assim mesmo, no feminino) em referência a Edir Macedo, o fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da Record. O apelido tem razão de ser, já que o bispo também costuma passar a tesoura em cenas mais ousadas.
É claro que decisões como essas não são tomadas de forma unilateral. Amauri tem o aval de Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo. Já entre a equipe do todo-poderoso –que tem integrantes gays, lésbicas entre outros identificados com a cultura queer–, o constrangimento é total, uma vez que não há concordância com as atitudes do patrão. Além do apelido “carinhoso”, seus funcionários tratam suas decisões como censura.
Ao mesmo tempo em que proibiu a exibição dos beijos na novela das sete, Amauri também pediu para que Terra e Paixão “maneirasse” na forma de abordar o romance entre Menah (Camilla Damião) e Mara (Renata Gaspar), que se desenvolverá nos próximos capítulos.
O pior, no entanto, vai acontecer em Amor Perfeito. Érico, personagem de Carmo Dalla Vecchia, terá um romance com Verônica (Ana Cecília Costa). Homossexual que tem receio de se expor, o advogado teve um caso com outro homem, mas se apaixonará pela secretária da novela das seis da Globo.
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