Emmanuel Macron, presidente da França, pousará em solo brasileiro na próxima semana. Junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Macron visitará três cidades e, depois, poderá seguir sozinho para São Paulo.
Nos encontros com Lula, há expectativa de discussão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (UE). As tratativas começaram há mais de 20 anos e a França é a principal força de oposição para não celebrar o tratado.
O texto chegou a ser assinado em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), mas como não teve ratificação dos dois blocos, o documento é tido como inválido.
Havia previsão do Itamaraty para a celebração do contrato no fim de 2023, enquanto o Brasil presidia o Mercosul. Na mesma época, Macron fez duras declarações.
“Sou contra o acordo Mercosul-UE, porque acho que é completamente contraditório com o que ele [Lula] está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo, porque é um acordo que foi negociado há 20 anos, e que tentamos remendar, mas está mal remendado”, disse Macron, em dezembro.
“Adicionamos cláusulas no início para agradar a França, mas não é bom para ninguém, porque não posso pedir aos nossos agricultores, às nossas indústrias, na França e em toda a Europa, que façam esforços, que apliquem novas medidas para descarbonizar, para deixar certos produtos, para depois dizer: ‘Estou removendo todas as tarifas para trazer produtos que não aplicam essas regras”, concluiu.
Apesar disso, o presidente francês chamou Lula de “visionário”. Ainda em dezembro, Macron previu a vinda ao Brasil em março e adiantou alguns temas a debater com o chefe do Executivo brasileiro: “Acredito que no combate ao desmatamento, em uma verdadeira política amazônica, nas questões de defesa e interesses econômicos, temos uma agenda bilateral extremamente densa e um alimento de pontos de vista muito grande”.
Este mês, Lula falou para Pedro Sánchez, o presidente de governo da Espanha, estar “otimista” com a conclusão do acordo Mercosul e UE. “Minha tranquilidade é que a União Europeia não depende do voto da França”, disse.
Agenda
O giro pelo Brasil se iniciará no próximo dia 26 em Belém, relativa ao local ser a sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP), em 2025. A proposta de sediar a COP em uma área amazônica partiu de Lula e recebeu endosso da França.
No dia 27, Macron seguirá com o petista para Itaguaí (RJ), município com importante complexo naval e local de construção de submarinos de origem francesa.
Já na quinta-feira (28/3), emenda do feriado de Páscoa, o presidente francês será recepcionado no Palácio do Planalto e Itamaraty, em Brasília.
Metrópoles