O que para muitos pode ser considerado uma antiga brincadeira de infância ou um futebol americano um tanto quanto diferente, para Fernanda Justino, o Flag Football, como o esporte é mundialmente conhecido, é a realização de um sonho. A jogadora profissional e estudante de Educação Física foi convocada pela segunda vez para a seleção brasileira e vai jogar o mundial que está marcado para o segundo semestre deste ano. A competição acontece do dia 25 a 30 de agosto na Finândia.
Fernanda explica que o esporte, que agora também é uma das cinco modalidades que irá estrear nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028, tem diferenças bem marcantes em relação ao futebol jogado nos Estados Unidos, principalmente na quantidade de jogadores e no contato físico.
“O futebol americano é conhecido pelo famoso tackle, que se trata de derrubar o adversário, um esporte que é muito de contato e com 11 jogadores em campo. Já o flag é um pouco mais reduzido, sendo cinco em campo e o contato é menor, ao invés de derrubar nós retiramos a flag da cintura e a jogada acaba ali, mas isso não impede que de vez em quando tenha um contato”, explicou.
No início de sua carreira, a atleta disse que jogava vôlei, mas ainda assim sentia falta de algo a mais no esporte. Não achando que estava totalmente realizada, assistiu despretensiosamente o treino das jogadoras do Bulls Potiguares. “Comecei no esporte em 2017. Estava passando pela UFRN e vi as meninas do Bulls Potiguares treinando e fui me aventurar. Me encantei pelo esporte desde a primeira vez que treinei, depois disso nunca mais parei e hoje cheguei onde estou”, relatou.
Durante a trajetória no Flag Football, Fernanda contou que enfrenta desafios todos os dias, como conciliar os estudos e a vida pessoal com os treinos e a falta de incentivo por parte do Estado. “Ter que conciliar a vida acadêmica e pessoal para a vida de atleta é muito difícil, tem que abdicar de muitas coisas por causa de treinos, fora que, por não ser tão conhecido, enfrentamos a dificuldade que é conseguir apoio, para conseguir um simples campo para treinar, ou auxílio para conseguir bancar viagens. O Estado peca muito nisso, quantos atletas com muito potencial temos e não há incentivo algum?”, questionou a jogadora.
Devido a falta de apoio, ela citou que já está buscando, mesmo sabendo que não será uma tarefa fácil, meios de arrecadar dinheiro para conseguir ir para a Finlândia disputar o Mundial.
CONVOCAÇÃO
Na noite desta quinta-feira 21, Fernanda foi convocada pela segunda vez para a seleção brasileira de flag football para o Mundial 2024. Na primeira vez, em 2019, ela afirma que apesar de ser muito nova, foi uma grande conquista. Apesar de não ter conseguido avançar na época, ela se motivou a querer continuar.
“Sabia que ali não era meu momento ainda, persisti nos treinos e a recompensa veio. Sempre sonhei em jogar internacionalmente e com a notícia do flag estar nos jogos olímpicos em 2028 esse era um dos meus objetivos pessoais, mas a realização vai ser antes do que eu imaginava”, disse.
Em preparação para jogar na Finlândia, ela afirmou que é um sonho realizado jogar ao lado de suas referências no esporte e se sente ansiosa. “Expectativas altíssimas, realizar o sonho de jogar com atletas que são referências mundiais no esporte, isso é incrível. Espero conseguir performar bem e suprir as expectativas em mim depositadas. Estou muito animada e ansiosa”.
FUTURO
Na percepção da jogadora, o flag football tem a tendência de crescer cada vez mais devido a chegada da modalidade nos jogos de Los Angeles e destaca as conquistas da seleção brasileira. “Em 2028, teremos o flag nas Olimpíadas o que já dá uma visibilidade maior e crescimento consequentemente. A seleção feminina já foi 4° lugar no mundial de Israel, mostrando seu potencial, queremos nossa vaga nas Olimpíadas e vamos lutar para consegui-la”.
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