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“Natal tem todos os ingredientes para uma epidemia de dengue”, afirma secretário de Saúde

FOTO: JOSÉ ALDENIR

Maior região em termos territoriais, a Zona Norte de Natal é a protagonista nos casos de dengue em 2024. Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) 55% dos casos prováveis de dengue na capital potiguar foram nos distritos sanitários da região. De acordo com George Antunes, titular da SMS, a cidade vive momento que pode ser considerado preocupante e que uma epidemia de dengue é praticamente certa na cidade do sol. Ele disse que Natal tem ingredientes suficientes para uma epidemia de dengue e que a situação pode ser considerada grave.

Conforme dados da SMS, o número de casos de arboviroses, que incluem dengue, chikungunya e zika, registrou aumento de 67,8% em relação ao mesmo período do ano passado Em entrevista à Rádio 91 FM, o secretário de Saúde trata o tema com preocupação. “Este ano temos uma preocupação adicional. Temos visto vários estados em situação de epidemia, muito grave, e Natal tem todos os ingredientes para que epidemia se instale também aqui. Temos altas temperaturas, temos as chuvas e principalmente os criadouros dentro das residências e fora também. Mas o maior volume é dentro das residências”, citou.

Nesta quarta-feira, 21, o AGORA RN informou, com base em dados da Secretaria Municipal de Saúde, que 55% dos casos prováveis de dengue foram identificados na Zona Norte de Natal. “O tamanho da Zona Norte é maior, também tem mais áreas não habitadas do que as outras regiões de saúde que a gente classifica. Mas a área de Nossa Senhora da Apresentação, pegando até Pajuçara, ali está uma área vermelha, que tem um risco de infestação muito alto. O Laranja é alto. Vermelho e laranja está em quase toda Natal”, revelou.

Mas a situação é preocupante não só na Zona Norte. “[Classificação] Vermelha, tem Pajuçara e Nossa Senhora da Apresentação. Felipe Camarão totalmente tomado, perto da praia temos Areia Preta, Brasília Teimosa… A Zona Sul é a que menos tem áreas mais intensas de probabilidade de adoecimento. Mas isso não quer dizer que a gente tenha que se descuidar daquela região. Então o trabalho está feito em todas as regiões de saúde”, adiantou.

Dados históricos comprovam que o auge dos casos de dengue costuma ser no mês de abril. Mas a situação é tratada como preocupante não só pela possibilidade do aumento de casos, mas em relação à assistência da rede pública de saúde. “Nós já temos um sistema de saúde que é superlotado, porque estamos dando conta da população de Natal e temos que dar conta de parte da população da região metropolitana, em torno de 30% dos nossos atendimentos nas UPAs são de pacientes do interior. E aí joga mais esse volume de pacientes acometidos pelas arboviroses, no caso mais específico a dengue, é para estrangular os serviços de saúde. E aí vocês vão ver a população esperar 10 horas para ser atendida. Paciente com dengue, que não aguenta nem ficar em casa sentado, imagine ficar 5 ou 6 horas esperando dentro de uma UPA para ser atendido. É um transtorno enorme e só pode ser resolvido com o apoio da população”, comentou Antunes.

O titular da pasta de Saúde aponta o envolvimento da população no combate à proliferação do mosquito aedes aegypt como fator primordial para conter o avanço dos casos de arboviroses. “Mesmo que a gente intensifique esse trabalho, se a população não se envolver, é uma epidemia certa. A única forma de isso não acontecer, é a população fazer um mutirão dentro de suas casas. Nós já estamos fazendo nas ruas. A situação é preocupante”, completou.

Escolas como ponto de informação e procura por vacina abaixo do esperado

Além do trabalho de divulgação, George apontou a importância do envolvimento da comunidade escolar na disseminação da informação. “Por esse motivo que envolvemos as escolas, para que os professores tentem passar por meio dos alunos este recado e este recado chegue dentro de casa. Ainda assim, fazemos o trabalho com nossos agentes de saúde, de visitar as residências, intensificamos as visitas neste momento, e a área do entorno estamos com a parceria da Urbana e da Semsur. Para se ter noção da área externa e da conscientização, só a secretaria de saúde – que nem é papel dela – recolheu mais de 100 mil pneus nas ruas. É o carro chefe dos criadouros”, observou.

“Mas eu não sei o que passa na cabeça das pessoas, que mesmo a gente dizendo que a situação é preocupante, alarmante, que dengue também mata, chikungunya e zika deixam sequelas, chikungunya deixa sequelas graves nas gestantes, nas crianças que nascem agora, mas ainda assim a população não assimila essa ideia”, diz.

Recentemente, Natal recebeu 18.800 doses da vacina contra a dengue. A campanha começou na última segunda-feira 19 priorizando crianças de 10 e 11 anos. Mas, segundo Antunes, a procura ficou abaixo do esperado. “Pedimos o apoio da população porque a procura nestes três primeiros dias não foi boa. A população não respondeu ao chamado. Quero lembrar que a situação é grave e nós precisamos vacinar estas crianças. Vamos ampliar no final de semana, colocar no shopping, no Midway e no Partage, que são dois parceiros e ajudam muito na campanha de vacinação. E a gente espera com isso aumentar o volume de vacinados”, adiantou.

Nesta quinta, a SMS dará continuidade à campanha de vacinação. Desta vez, o público será ampliado para crianças de até 14 anos. “Começamos com crianças de 10 a 11 anos, mesmo que o público alvo seja dos 10 aos 14, mas queríamos evitar tumultos nas unidades, mas queríamos que as crianças mais novas fossem vacinadas primeiro. A partir desta quinta-feira vamos ampliar para crianças com até 14 anos”, finalizou.

Agora RN

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