O vice-presidente Hamilton Mourão evitou comentar, nesta quinta-feira, o fato de o ideólogo de direita Olavo de Carvalho, assim como ele, ter sido agraciado com a distinção Grão-Cruz, o mais alto grau da Ordem de Rio Branco. A condecoração, que “distingue serviços meritórios e virtudes cívicas” e estimula “a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção”, foi concedida a ambos em um mesmo decreto do presidente Jair Bolsonaro , publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), na terça-feira.
— Parabéns a todos os que receberam a condecoração — disse Mourão. Ao ser questionado se Carvalho merecia a condecoração, respondeu: — Não vou exprimir opiniões pessoais — disse.
Mourão e Olavo de Carvalho são desafetos declarados, com trocas de farpas públicas, e representam a disputa no governo entre a ala ideológica e a militar. A entrega das comendas ocorrerá nesta sexta-feira em evento no Itamaraty. Morador dos Estados Unidos, o ideólogo não está confirmado na cerimônia.
O vice-presidente também minimizou o fato de os filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), também serem condecorados. Eles, no entanto, receberão a distinção de Grande Oficial, um grau menor que a concedida a Mourão e Olavo de Carvalho. O vereador Carlos Bolsonaro, considerado o filho mais próximo do presidente, não foi contemplado.
— Na realidade, é uma coisa pró-forma. O presidente, apesar de ser o chanceler da Ordem, chancela aquilo que o Itamaraty manda para ele — disse.
Segundo o regulamento divulgado no site de Relações Exteriores, podem receber a comenda de Grã-Cruz, concedidas a Mourão e a Carvalho, autoridades como presidente da República e vice, e presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal. A lista de indicados também pode incluir governadores, oficiais das Forças Armadas de alta patente, e “embaixadores estrangeiros e outras personalidades de hierarquia equivalente.”