Mais popular que o presidente Jair Bolsonaro nos dias de hoje, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, negou ter pretensões eleitorais ou qualquer animosidade com o mandatário brasileiro ao ser entrevistado pelo Roda Viva na noite dessa segunda-feira, 20. Ele disse que seu objetivo atual é fazer um bom trabalho como ministro e afirmou que os planos para o futuro não estão definidos, tanto que podem até acabar com um ano sabático ou a com a inserção na iniciativa privada.
“Não tenho esse tipo de ambição. Temos que ter bastante pé no chão. Essa questão de popularidade vem e vai, passa. O importante para mim é fazer meu trabalho como ministro da Justiça e Segurança Pública“, afirmou o ministro ao ser questionado se o seu nome de fato pode entrar na disputa eleitoral de 2022, como vem sendo buscado por partidos como o Podemos. Ele, no entanto, disse que não assinaria qualquer documento se comprometendo a não ser candidato na próxima eleição presidencial. “Não faz o menor sentido. tem gente que assina esse tipo de documento e rasga depois”, alegou.
Moro alegou que, como auxiliar de Bolsonaro, deve seguir os planos do atual presidente em 2022. “O candidato do governo federal [em 2022], como já foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, deve ser ele mesmo se ele não mudar de ideia. Então… Eu sou ministro do governo de Jair Bolsonaro. Evidentemente os ministros vão apoiar o presidente. É um caminho natural“, ponderou.
Ele ainda negou os últimos boatos de que a relação com o presidente Jair Bolsonaro estava desgastada, apesar de admitir que “houve sim um problema” recentemente por conta do rumo das investigações da Polícia Federal. “Eu tenho uma relação ótima com o presidente, muito boa. […] Eu, parafraseando um famoso escritos, diria que os boatos sobre a minha demissão foram um tanto quando exagerados. Não foi bem assim”, minimizou o ministro.
Pouco antes disso, por sua vez, Sergio Moro havia sinalizado de que a “hierarquia do governo” o impedia de se opor publicamente ao presidente Jair Bolsonaro. O argumento foi, inclusive, utilizado para escapar de perguntas sobre fatos delicados do governo, como a denúncia de conflito de interesses do chefe da Secom, Fabio Wajngarten; a denúncia de corrupção do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio; as declarações nazistas do ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim; e os ataques de Bolsonaro à imprensa. Ele afirmou que, como ministro, não cabia ser um “comentarista político” e, por isso, limitava-se a dar suas opiniões ao presidente Bolsonaro. “Não contrario publicamente o presidente. Existe aí, obviamente, uma cadeia de comando”, alegou.
Nos últimos dias, contudo, o próprio Bolsonaro já comentou a possibilidade de o ex-juiz sair como candidato e brincou até que ele seria seu sucessor, sem deixar claro se isso aconteceria em 2022 ou depois. Além disso, pesquisas eleitorais já indicaram que apenas Moro poderia abalar o plano de reeleição de Bolsonaro – possibilidade que vem ganhando força nos últimos meses, quando apoiadores de Moro chegaram a chamar Bolsonaro de traidor por episódios como a sanção do juiz de garantias. Por isso, uma onda de apoio ao futuro político do ex-ministro tomou conta das redes sociais durante a entrevista do Roda Viva apesar de ele negar pretensões eleitorais.
Sergio Moro garantiu, então, que nada está definido sobre o seu futuro profissional. “Minha vida já é suficientemente complicada, estou pensando lá em daqui a 10 ou 15 anos…”, desconversou. Ele ainda disse que também já teve situações difíceis nos 22 anos de magistratura para logo depois revelar, que por conta de todos esses contratempos, também não descarta um futuro mais “sossegado” na iniciativa privada ou no exterior. “Eu posso simplesmente completar esse período de quatro anos como ministro e para a iniciativa privada. Seria, em tese, espero, mais sossegado. Também sempre prometi tirar um ano sabático fora, no exterior, estudando. É algo que queria fazer”, contou o ministro.
No Roda Viva, o ministro Sergio Moro ainda disse que tinha a sua consciência tranquila sobre as decisões tomadas como juiz, sobretudo na Operação Lava Jato; explicou porque recentemente voltou atrás e recomendou a não federalização do caso Marielle; falou sobre projetos como o pacote anticrime, o juiz de garantias e o excludente de ilicitude; e revelou nunca ter dado importâncias às mensagens divulgadas pelo The Intercept. Ele ainda chamou esse último episódio de “bobageirada”.
Veja como foi a entrevista de Moro ao Roda Viva nessa segunda-feira:
Ao final da entrevista as hashtags #SergioMoro, #MoroHeroiNacional e #RodaViva estavam entre os assuntos mais comentados do Twitter. Ele foi, então, à rede social comentar a entrevista. Disse que teve uma boa experiência, com jornalistas duros, mas dedicados. E aproveitou para negar, mais uma vez, atritos com o presidente que poderiam levar a sua demissão.
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