Os efeitos do El Niño, que provoca seca no semiárido brasileiro e cria condições climáticas favoráveis ao cultivo desta lavoura, aumentaram a produção de melões na safra 2023/2024, que finaliza em abril. Isso, associado ao fim da safra na Espanha, principal região produtora da fruta na Europa, elevou as exportações do melão potiguar no primeiro trimestre deste ano. Entre janeiro e março, o Estado enviou para o mercado internacional mais de 55,8 mil toneladas da fruta, responsáveis por negociações da ordem de US$ 39,4 milhões – uma fatia de 23% do volume total exportado pelo RN nos três primeiros meses de 2024, quando o acumulado chegou a US$ 171,5 milhões. Esse volume é 19,8% maior que o acumulado no primeiro trimestre de 2023.
As informações são do Boletim da Balança Comercial do RN de março. O informativo é elaborado mensalmente pela Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae no Rio Grande do Norte com base nas informações do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. O boletim acompanha a evolução do comércio exterior do estado mês a mês, assim como as operações de compra e venda de mercadorias no mercado internacional durante uma série histórica, que leva em consideração os cinco últimos anos.
Impulsionadas pela demanda no mercado europeu, sobretudo na Espanha, Reino Unido e Países Baixos, as exportações de frutas tropicais contribuíram para que o Rio Grande do Norte fechasse março com um crescimento de 8% no volume das exportações do mês em relação a março do ano passado. Foram negociados US$ 34,5 milhões, contra US$ 31,9 milhões em 2022. Já, em comparação com o mês anterior, houve um recuo de 24,1% nas exportações do estado.
Além do melão, cujo volume exportado somou cerca de US$ 10,4 milhões, as mercadorias mais exportadas no terceiro mês do ano foram óleos combustíveis (US$ 6,3 milhões), Melancias frescas ( US$1,7), Sal marinho ( US$ 1,7 milhões) e os mamões frescos ( US$1,6 milhões), que juntos respondem por cerca de 63,2% de todo o volume gerado pelas exportações do RN em março. A publicação do Sebrae também mostra que, no primeiro trimestre deste ano, o volume acumulado das exportações cresceu quase 20% em relação ao mesmo intervalo de 2023. o volume já soma US$ 171,5 milhões, enquanto no ano passado o montante acumulado no período foi de US$ 143,1 milhões.
Perspectivas otimistas para o melão
O melão foi o segundo principal item das remessas de produtos ao exterior nesse período e, pelo segundo mês consecutivo, foi o protagonista da pauta de exportações potiguar, posição que vem sendo ocupada pelo petróleo (fuel oil), até então o item que vem liderando o ranking de mercadorias mais enviada do Rio Grande do Norte para outros países no período. E a tendência é que o melão assuma a primeira posição e se mantenha em um quadro bom de desempenho até a chegada da entressafra.
De acordo com previsões da HortifrutI Brasil, núcleo de estudos e pesquisas do setor ligado à Universidade de São Paulo (USP), a safra 2023/24 de melão e melancia, que deve terminar no fim deste mês, apresenta expectativas mais positivas em comparação com a temporada anterior, tanto produtivas quanto comerciais.
Apesar da taxa de câmbio favorável, com o dólar forte, que contribui para o aumento de receita em real, o setor de exportação de frutas enfrentou desafios na temporada passada: os preços elevados de transporte e das embalagens de papelão. Para a próxima, o cenário é mais animador. A regularidade no fechamento dos contratos, que evita atrasos nos embarques das frutas, e um menor custo de produção, dadas as menores aplicações de defensivos, queda no valor dos fertilizantes e das embalagens e, principalmente, diminuição dos preços do frete marítimo, que foi um dos grandes entraves da safra anterior.
As perspectivas otimistas também estão fundamentadas na boa procura no exterior pelo melão brasileiro. A queda na produção da Espanha, tanto por problemas climáticos (principalmente seca, mas chuvas também atrasaram o plantio em alguns momentos) e redução de área, levou a um aumento da demanda por melões de outras origens, como o do Brasil, cuja maior produção está concentrada no Rio Grande do Norte.
Gasolina domina importações
O volume de compras de mercadorias fora do Brasil pelo Rio Grande do Norte apresentou um crescimento de 12% em março no comparativo com o terceiro mês do ano passado. O total de importações chegou a pouco mais de US$ 32 milhões, volume que é 30,3% maior que as importações de fevereiro, quando o volume foi de US$ 24,6 milhões. A indústria da energia continua ditando a régua das cifras aplicadas na importação de produtos para o mercado interno do Rio Grande do Norte.
A gasolina foi o item mais importado pelo RN no terceiro mês deste ano, com operações que totalizaram US$ 8,8 milhões e 10,4 mil toneladas do combustível adquiridas no exterior, mais especificamente nos Países Baixos. Até agora, o Estado já importou 37,2 mil toneladas do derivado de petróleo, o que também o posiciona entre os itens mais exportados pelo estado no primeiro trimestre, alcançando um volume de US$ 33,8 milhões.
Agora RN